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João Campos faz história com maior votação no Recife desde a redemocratização

Aos 30 anos, João Campos quebra recordes e é reeleito no 1º turno numa eleição tradicionalmente polarizada


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Imagem ilustrativa da imagem João Campos faz história com maior votação no Recife desde a redemocratização
João Campos quebrou a polarização histórica na cidade. Antes dele, o maior percentual foi alcançado na capital por Geraldo Júlio (PSB), no segundo turno em 2016, quando teve 61,30% dos votos válidos |  Foto: Edol/Divulgação

Com 30 anos, o prefeito do Recife, João Campos (PSB) conseguiu a façanha de se reeleger no primeiro turno com 725.721 dos votos (78,11%). É a maior votação conquistada por um candidato na capital pernambucana desde a redemocratização, em 1985. Usando gírias de comunidades e até mesmo o cabelo nevado, popular entre os jovens negros, João Campos também se consagrou com a maior votação da história recifense.

João Campos quebrou a polarização histórica na cidade. Antes dele, o maior percentual foi alcançado na capital por Geraldo Júlio (PSB), no segundo turno em 2016, quando teve 61,30% dos votos válidos.

"O sentimento é de um coração repleto de alegria", disse o prefeito logo após a divulgação dos resultados, ao lado do vice-prefeito eleito, Victor Marques (PCdoB).

O candidato derrotado Gilson Machado PL) obteve 14,10% dos votos, mais do que apontavam as pequisas. Dani Portela (PSol) conquistou 3,98% Daniel Coelho (PSD), ficou com 3,29%. Logo atrás, os candidatos seguiram com votações inexpressivas. Tecio Teles (Novo) ficou com 0,84%, Ludmila Outtes (UP) 0,16%, Simone Fontana (PSTU) 0,06% e Victor Assis (PCO) 0,01%,

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Popularidade do prefeito quebrou o tabu de eleições polarizadas na capital |  Foto: Divulgação

Sem imagem abalada

O prefeito nadou de braçadas na campanha eleitoral e ainda foi a outros municípios apoiar candidatos como Vinicius Castela (PT) de Olinda e Zé Queiroz (PDT) de Caruaru. "Meu prefeito" foi uma das frases que ele mais ouviu durante as caminhadas.

Os adversários não abalaram a imagem milimetricamente construída nas redes sociais durante quatro anos, onde ele mostrava desde o que estava comendo no almoço, nas instalações da Prefeitura do Recife, às suas inaugurações e agendas políticas. Tornou-se o prefeito mais seguido do Brasil, com 2,5 milhões de seguidores no Instagram.

O mesmo prefeito que, no início do mandato, enfrentou a pandemia do Coronavírus 19, falando praticamente sem se mexer durante as entrevistas, passou a ter respostas para tudo na ponta da língua no final do mandato. Não cometeu erros no período eleitoral a ponto de causar reviravolta nas urnas.

Esteve presente para dar apoio às famílias em deslizamentos de barreiras, um drama histórico da capital. Mas, em dias de sol, dançou brega funk, deslanchando na popularidade, que foi pouco arranhada na campanha.

“Faço tudo com alegria”, justificou ele ao longo do período pré-eleitoral, quando criticado pelos adversários por fazer “dancinhas” e de mostrar, na internet, um Recife diferente da realidade.

A maior derrota da oposição na história

O candidato Daniel Coelho (PSD) iniciou a propaganda política perguntando aos recifenses “Está bom? Está bom para quem?” E recebeu a resposta das urnas neste domingo. Gilson Machado, postulante à prefeitura com apoio de Bolsonaro (PL), tentou emplacar uma denúncia sobre as creches da prefeitura e terminou sendo o candidato mais punido da história pelo Tribunal Regional Eleitoral. As mães dos bairros populares não assimilaram o discurso do bolsonarista.

Ao longo da jornada, Dani Portela, por sua vez, reforçou ser a única candidata que vestia a camisa de Lula, e reforçou ser a única de esquerda. Não adiantou. Nem mesmo a indicação do vice de João Campos, que é do PCdoB e rotulado pela direita de “comunista”, convenceu os eleitores a mudar de lado.

Sem polarização

Imagem ilustrativa da imagem João Campos faz história com maior votação no Recife desde a redemocratização
Gestão do prefeito se destacou por obras de conteção de encostas |  Foto: Edol/Divulgação

A eleição do Recife, que historicamente é polarizada, teve pouco mais de 20% dos votos a favor dos opositores. Em 2022, na campanha presidencial, Lula e Bolsonaro conquistaram na capital pernambucana, respectivamente, 56,32% e 43,32% votos. Esses percentuais não se transferiram para Gilson Machado e Dani Portela. 

Esta foi a maior derrota da oposição no Recife, nunca antes vista na história. Os candidatos e as candidatas que se apresentaram não foram vistos pelo eleitor fazendo críticas durante o mandato do prefeito. Na Câmara Municipal de Vereadores, os parlamentares também não conseguiram se fazer ouvir.

O início de João Campos na vida política

João Campos iniciou sua trajetória política em 2018, quando foi eleito deputado federal, sendo o mais votado de Pernambuco. Em 2020, ele alcançou outro marco ao se tornar o prefeito mais jovem da história do Recife.

Durante seu primeiro mandato, João Campos priorizou áreas como educação, inovação tecnológica, sustentabilidade e melhorias na infraestrutura urbana. Entre suas realizações, destacam-se a duplicação do número de creches, mais de 100 obras de contenção nos morros, a entrega de conjuntos habitacionais, a construção de novas praças e dois novos Compaz.

Para o segundo mandato, ele prometeu triplicar o número de creches, aprimorar o transporte público e implementar projetos focados na redução das desigualdades sociais e no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas no Recife.

Confira as eleições do Recife desde a redemocratização

Eleições com apenas um turno

1985 - Jarbas Vasconcelos (PSB) - 35,19% (149.937 votos) ELEITO

1988 - Joaquim Francisco (PFL) - 49,51% (248.781 votos) ELEITO

1992 - Jarbas Vasconcelos (PSB) - 52,72% (270.330 votos) ELEITO

1996 - Roberto Magalhães (PFL) - 50,96% (317.625 votos) ELEITO

Eleições com 2º turno

2000 - João Paulo (PT) - 50,38% (382.988 votos) ELEITO no 2º turno

2004 - João Paulo (PT) - 56,11% (458.846 votos) ELEITO no 1º turno

2008 - João da Costa (PT) - 51,54% (432.707 votos) ELEITO no 1º turno

2012 - Geraldo Julio (PSB) - 51,15% (458.380 votos) ELEITO no 1º turno

2016 - Geraldo Julio (PSB) - 61,30% (528.335 votos) ELEITO no 2º turno

2020 - João Campos (PSB) -56,27% (447.913 votos) ELEITO no 2º turno

2024 - João Campos (PSB) - ELEITO no 1º turno

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