Adeus a Max Mauro, o governador que criou sistema Transcol
Presente em momentos históricos como a inauguração da 3ª Ponte, e também por enfrentar o crime, ele morreu aos 87 anos
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Com um legado que inclui a implantação dos terminais do Sistema Transcol e a inauguração da Terceira Ponte, o ex-governador Max Mauro morreu na quinta-feira (14), aos 87 anos. O político capixaba estava internado desde o dia 16 de setembro, se tratando de uma pneumonia. Max Mauro governou o Estado entre 1987 e 1991.
A morte dele foi anunciada nas redes sociais pelo filho, o ex-prefeito de Vila Velha Max Filho. Segundo ele, o pai morreu dormindo, às 3 horas. A causa imediata foi insuficiência renal aguda, após 60 dias de internação.
“Escrevo estas palavras ao lado do seu corpo, ainda quente. Sou muito grato a Deus pela vida do meu pai e por todo amor que recebi. Agradeço a todos os profissionais que cuidaram do meu pai”.
O corpo do ex-governador foi velado na quinta na Assembleia Legislativa. À tarde, muitas figuras públicas, políticos e amigos estiveram no local para prestar homenagens e se despedir.
No local, Max Filho fez questão de falar do exemplo que o pai deixou. “Meu pai nunca foi homem de meias atitudes. Ele sempre fez de tudo por mim, por minha irmã, pelos seus amigos, companheiros. Foi um homem intenso, mas muito leal aos seus. Ele foi um exemplo, meu herói e inspirou gerações na vida pública do Espírito Santo”.
No velório, amigos de longa data homenagearam o político. O ex-prefeito de Itarana Erasto Aquino, 94 anos, revelou que conheceu Max em 1964, e desde então mantiveram a amizade. “Nós éramos conhecidos como autênticos do MDB. Nessa época, a gente lutava contra a ditadura”, lembrou.
A saúde do ex-governador já estava fragilizada há alguns anos, quando ele foi diagnosticado com Alzheimer. Ele deixou dois filhos: Max Filho e Márgia, além de netos e bisnetos. O sepultamento será nesta sexta-feira (15) às 15h, no cemitério Parque da Paz, em Vila Velha.
TRAJETÓRIA
Nascimento
Max Freitas Mauro nasceu em Vila Velha, no dia 11 de março de 1937, filho de Saturnino Rangel Mauro e de Maria da Penha Freitas Mauro.
Formação médica
Max Mauro foi morar em Salvador para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia.
Início da vida política
Se elegeu, em novembro de 1970, prefeito de Vila Velha pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar.
No pleito de novembro de 1974, elegeu-se deputado estadual pela legenda emedebista.
Em 1978 foi eleito deputado federal pelo Espírito Santo, pelo MDB, em novembro de 1978.
Com a extinção do bipartidarismo em 1979 e a reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e nessa legenda foi reeleito deputado federal em novembro de 1982.
Em 1986 Max Mauro ganhou a convenção do PMDB para concorrer ao governo do Espírito Santo e foi eleito — com vantagem de 198 mil votos sobre Élcio Álvares. Ele ficou no cargo de fevereiro de 1987 a 1991.
Atuação no governo
Aumentou os investimentos na área da saúde, tendo iniciado o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído o Sistema Estadual de Saúde e ampliado a rede hospitalar.
Tombou área remanescente da Mata Atlântica, correspondente a 31% da superfície do Espírito Santo.
também foi lançado o Programa de Despoluição dos Ecossistemas da Baía de Vitória e do Litoral.
Implantou o Sistema Transcol, com a construção de novos terminais de integração e a pavimentação de vias urbanas.
Inaugurou a Terceira Ponte.
Sucessão
Na eleição de 1990, apoiou o candidato vitorioso naquele pleito ao governo estadual, Albuíno Azeredo.
Ainda em 1991, voltou a exercer o cargo de médico, no qual permaneceria até se aposentar, em 1995.
Em 1994 se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e voltou a concorrer ao governo, mas não conseguiu se eleger.
Em 1998, disputou, com êxito, uma vaga na Câmara dos Deputados.
Voltou a disputar o governo nas eleições de 2002. Na disputa pelo Senado, em 2006, foi vencido por Renato Casagrande.
DEPOIMENTOS
Renato Casagrande, governador do Estado
“Ele (Max Mauro) sempre atuou com muita dignidade e seriedade, conduzindo, ao final dos seus quatro anos de governo, uma gestão reconhecida pela sua dedicação e organização. Se tornou uma figura respeitada pela sociedade capixaba e uma referência para o País”,
Ricardo Ferraço, governador em exercício
“Tive o privilégio de ter um convívio cordial com o ex-governador Max Mauro. Ele encerrava seu mandato como governador quando eu iniciava o meu como deputado estadual. Max Mauro deixa um legado e uma militância política marcada pela honradez”.
Marcelo Santos, presidente da Assembleia Legislativa
“Nós perdemos um grande ícone da política capixaba e brasileira. Max Mauro foi uma das figuras que me inspirou. Na política, mesmo nos momentos em que estivemos em palanques opostos, sempre existiu respeito mútuo. A Assembleia está de luto”
José Ignácio Ferreira, ex-governador
“Eu e Max Mauro vivemos mais momentos de proximidade do que de afastamento na política. Houve um tempo que eu quis ser candidato e ele também, mas perdi a convenção e passei a apoiar o Max. Ele me ensinou muito e foi um homem de uma trajetória de dignidade”.
Vitor Buaiz, ex-governador
“Conheci Max Mauro no Hospital São José, em 1971. Ele era plantonista e estava saindo para a política. Eu entrei no lugar dele no Hospital. Me considero um discípulo, como médico e como político. Depois disso, a nossa convivência foi muito próxima e fraterna.”
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