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Polícia

Motorista que atropelou advogada é condenado a sete anos de prisão

Gilmar dos Anjos atropelou Karina Farias quando ela treinava para participar de corrida. Acidente foi em dezembro de 2022


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Imagem ilustrativa da imagem Motorista que atropelou advogada é condenado a sete anos de prisão
Karina ainda luta para se recuperar, mas comemora a sensação de que “justiça está sendo feita” |  Foto: Clóvis Rangel e Divulgação

Era 18 de dezembro de 2022 quando a advogada Karina Vaillant Farias, que hoje tem 28 anos, participava do treinamento para o “Desafio 300k de Verão”, uma maratona de corrida rústica que aconteceria no mesmo dia.

Porém, os seus planos foram interrompidos e a sua vida transformada depois que ela foi atropelada por um motorista que admitiu ter ingerido bebida alcoólica. O acidente foi no bairro Tijuca, em Cachoeiro de Itapemirim.

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Os anos se passaram e, na última terça-feira (07), Gilmar Almeida dos Anjos, que na época tinha 46 anos de idade, foi condenado a sete anos de prisão, inicialmente em regime fechado.

A sentença foi proferida pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca, Bernardo Fajardo Lima.

Gilmar está preso. Ele deu entrada no Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim em dezembro de 2022.

O juiz também fixou pena de cinco anos de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor.

A ação foi movida pelo Ministério Público Estadual (MPES), que acusou o motorista de não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação, não ter prestado socorro à vítima e ter conduzido o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

Segundo a advogada, Gilmar trafegava em alta velocidade, fazendo zigue-zague. “Ele invadiu, a contramão, o acostamento e me atingiu”, relembrou.

A vítima sofreu lesões graves e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela teve traumatismo craniano, fratura exposta na perna direita, além de fratura no tórax e nas costas. Até hoje ela passa por tratamento e ainda não conseguiu voltar a fazer o que amava: correr.

“Sigo fazendo o possível para me recuperar da melhor forma, faço o que tem que ser feito para melhorar. Tudo que está ao meu alcance. Conto com um conjunto de pessoas incríveis dispostas a me ajudar: médicos, psicólogos, fisioterapeutas, amigos e familiares”.

Foi pelo depoimento das pessoas que estavam no local que os policiais conseguiram localizar o veículo, que estava com marcas de sangue.

Para o juiz, os depoimentos das testemunhas, a confissão do acusado, assim como as demais provas apresentadas, comprovam a autoria do crime e são suficientes para responsabilizar o réu, que foi condenado a sete anos de prisão.

Defesa vai recorrer da decisão

Atuando na defesa de Gilmar Almeida dos Anjos, o advogado Leonardo da Rocha Monteiro falou nesta quinta-feira (09) com a reportagem.

“A defesa acata respeitosamente a determinação do juízo de primeira instância. Contudo, discorda veementemente da sentença proferida e está empenhada em buscar, junto às instâncias superiores, a aplicação de uma penalidade justa para o réu”, afirmou.

Karina Vaillant Farias, advogada: “Eu nunca mais vou me curar das sequelas”

A Tribuna - Como se sente com essa decisão da Justiça?

Karina Vaillant Farias - "Fico com a sensação de que a justiça vem sendo feita, mesmo que o tempo que ele vá ficar preso seja indiferente para a minha melhora. O estrago que ele causou em minha vida é muito maior do que as pessoas possam imaginar.

Por mais que essa sentença não vá suprir meu sofrimento, vejo isso como o mínimo necessário para o que poderia acontecer com ele.

Das sequelas que o acidente me causou eu nunca mais vou me curar."

- Quais foram as sequelas?

"Hoje me encontro ainda em recuperação, eu ainda sofro de dores intensas. Meu psicológico está totalmente abalado, ainda uso um fixador para tentar recuperar a minha perna, para que o osso dela calcifique. Além disso, ainda tenho uma fratura na bacia que eu gasto muito dinheiro."

- Você sofreu traumatismo craniano, traumas na face, na clavícula e no 5º metatarso, perfuração do pulmão pela costela e fratura exposta no fêmur. Como tem sido o sua rotina de tratamento?

"Fisioterapia, academia e terapia. Sou advogada e voltei a trabalhar. Trabalho todos os dias. Eu permaneço na luta para tentar colocar meus pensamentos no lugar. Hoje eu vivo por minha melhora na saúde e por isso eu não consigo avançar muito na minha carreira."

- Faz uso de medicamentos?

"Sim, e de muitos. Tomo 10 remédios. São comprimidos para as dores e os ansiolíticos."

- Quando acordou do coma, pensou que nunca mais voltaria a andar?

"Claro que pensei, mas minha família, amigos e a equipe médica me deram esperança e eu segui a vida."

- Você colocou um osso de vidro no fêmur da perna direita produzido na Finlândia e conseguiu o dinheiro para o tratamento após uma “vaquinha”. Como vê essa rede de solidariedade?

"Se hoje eu tenho a condição de dar um novo passo na minha vida, de buscar novas alternativas e de ter esperança de voltar a andar e correr, eu tenho que agradecer a toda minha família, meus amigos e quem doou para a vaquinha."


Trechos da sentença

O acidente

No 18 de dezembro de 2022, 4h45, na BR-482, sentido Cachoeiro de Itapemirim x Marataízes, na altura do bairro Tijuca, Gilmar Almeida dos Anjos, sem possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação e deixando de prestar socorro, causou na direção de veículo automotor lesão corporal culposa de natureza grave ou gravíssima na vítima Karina Vaillant Farias, bem como conduziu veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

Evento

A vítima participava do evento “Desafio Cachoeiro x Marataízes”.

O percurso era realizado em duplas, as quais corriam pelo acostamento.

Na ocasião, na altura do quilômetro 7, a vítima foi atropelada por um veículo Gol, que se encontrava com os faróis apagados e em péssimo estado de conservação.

Alta velocidade

Uma das testemunhas informou que o veículo conduzido pelo acusado estava em alta velocidade, invadiu a contramão de direção e o acostamento, momento em que passou do seu lado e na sequência atingiu a vítima, que estava uns 50 metros à sua frente.

Logo após, o acusado saiu, também em alta velocidade, sentido Safra, sem prestar socorro.

Confissão

O acusado, em juízo, declarou que não se recordava dos detalhes dos fatos, contudo, afirmou que no dia estava embriagado e confessou a autoria dos fatos: “eu confirmo, eu tinha bebido sim, eu não me lembro o que eu tinha bebido, mas foi bebida alcoólica, e peço muitas desculpas aos familiares desse fato que aconteceu”.

Fonte: Sentença proferida pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca, Bernardo Fajardo Lima


Depoimento

Qualidade das provas

“A condenação para estes crimes deve estar respaldada pela qualidade das provas no tocante à autoria e materialidade. Portanto, vale registrar que não vamos resolver o problema dos crimes de trânsito pela caneta do juiz. Penso que a pena aplicada é proporcional à conduta do réu na forma da lei.

Mas o debate é mais profundo, passa por aspectos de ordem cultural, está intrinsecamente ligado à formação do cidadão consciente, de uma visão de trânsito mais seguro”.

- Everson Vieira de Souza, presidente da Comissão de Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional capixaba (OAB-ES)

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