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Polícia

Maioria das armas ilegais que chegam ao ES vêm de facções do Rio, diz polícia

Segundo a Polícia Federal, facções do estado vizinho vendem armas antigas para os criminosos daqui após renovar seu arsenal


Imagem ilustrativa da imagem Maioria das armas ilegais que chegam ao ES vêm de facções do Rio, diz polícia
Trecho na BR-101, na Serra: rodovia é a principal rota terrestre do transporte de passageiros e cargas do Estado e Pistola turca encontrada em Ibiraçu (destaque) |  Foto: Antonio Moreira - 07/11/2019 e Reprodução/ Internet

A rota das armas que abastece criminosos no Espírito Santo começa em outros países, segundo fontes ouvidas pela reportagem de A Tribuna.

Mas o armamento que efetivamente entra em solo capixaba vem diretamente do Paraguai, de outros estados abastecidos pelo país vizinho e, principalmente, de organizações do Rio de Janeiro.

É o que afirma o delegado Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal no Espírito Santo (PF-ES), Arcelino Vieira Damasceno. “Essas facções conseguem o armamento mais novo e vendem o antigo para os criminosos do Espírito Santo”, afirma o delegado.

O fato de o Estado fazer divisa com o Rio de Janeiro também influencia nesse comércio clandestino de armas. “Sabe-se que há no Rio de Janeiro grandes fornecedores, seja pela questão geográfica, ou o contexto das facções criminosas”, diz.

O delegado destaca que a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e a Delegacia de Controle de Armas e Produtos Químicos (Deleaq) detectam esses movimentos e são fundamentais no combate a essas atividades criminosas.

“O crime organizado e o contrabando de arma andam juntos. Então, é importante o trabalho coordenado dessas delegacias, tanto em apreensões, quanto nas investigações”, avalia.

No Estado, é possível ter uma amostra da quantidade de armas ilegais pelas apreensões realizadas pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PRF).

A PRF informou que foram apreendidas 50 armas de fogo em 2023. De janeiro a abril de 2023 foram 18 no mesmo período deste ano foram 13 armas de fogo.

“São apreendidas armas de fogo de todo tipo, calibres e alcance: pistolas, revólveres, submetralhadoras”, entre outras, informou a PRF por meio da assessoria.

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) no ano passado foram 4.005 armas apreendidas pelas polícias Civil e Militar do Estado.

Somente de janeiro a abril deste ano, foram 1.285 apreensões, contra 1.320 no mesmo período do ano passado. Lideram em apreensões neste ano pistola (415), revólver (393) e espingarda.

De 2018 a 2023, nota-se o crescimento da apreensão de submetralhadora, saltando de 15 para 257; metralhadora, de 5 para 79; e fuzil, de 2 para 19.

Alfândega apreende carga de Taiwan

Uma carga, inicialmente avaliada como 13 simulacros de pistolas e revólveres e mala para as armas, foi apreendida pela Alfândega do Porto de Vitória e está sendo periciada. O conteúdo veio de Taiwan, no Leste Asiático.

Simulacros têm a aparência de arma, mas não a capacidade de causar danos físicos a alguém, como as armas de brinquedo e os equipamentos de air soft.

A delegada da Alfândega do Porto de Vitória, Adriana Junger Lacerda, explica que a apreensão ocorreu na chamada fonte secundária, após o desembarque no País.

“O valor aduaneiro dessa carga é R$ 10 mil. E a carga foi pega em uma fonte secundária, uma transportadora. As armas não parecem ser verdadeiras, mas somente a perícia vai dizer se realmente são”.

Adriana Junger Lacerda diz ainda que no porto não é comum haver apreensão de cargas que contenham armas.

A delegada explica ainda que a Alfândega fiscaliza portos, aeroportos, zona de fronteiras, e zonas secundárias, como a transportadora, e que as ações são constantes.

No caso da carga apreendida, a empresa, que tem sede na Serra, foi autuada por contrabando e descaminho (desvio de mercadoria para não serem tributadas).

“Foi uma ação de repressão rotineira. O dono da carga não conseguiu comprovar a compra regular do produto e a regular importação”, diz a delegada.

Ela frisa que a perda da carga é imediata, quando é encontrada sem a comprovação da entrada regular no Brasil.

Mesmo que se tratarem de simulacros, Adriana Junger alerta que, nas mãos de bandidos, podem incentivar a violência.

“Esses simulacros, nas mãos de criminosos, continuam fomentando assaltos e outras formas de violência. São imitações muito perfeitas e podem realmente causar danos à sociedade, se mal empregados”.

Maior parte vem de carro e caminhão

Escondidas por baixo de painéis de carro, em fundo falso de caminhão bitrem, em pneus de estepe de carros, por baixo dos bancos dos veículos. É por rodovias e estradas que as armas ilegais entram no Brasil e no Espírito Santo, em sua maioria.

“Muitas vezes, tem que desmontar o veículo para pegar as armas. Há caso de pistola escondida no estepe, eles esvaziam o pneu, colocam a arma e enchem de novo. Mas sempre estamos atuantes e fazendo as ações e investigações”, afirma o delegado Regional de Policia Judiciária da Polícia Federal no Espírito Santo, Arcelino Vieira Damasceno.

E na fronteira com o Paraguai está o chefe da Delegacia de Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Paraná, Marco Smith. “A maior rota é o eixo Rio x São Paulo”, afirma.

O delegado conta que já foram encontradas 18 pistolas no câmbio de uma moto na fronteira.

“Eles tiram o tanque de gasolina e colocam uma garrafa de 1 litro com uma mangueira. Na Ponte da Amizade, passam 60 motos a cada 10 segundos, 140 mil pessoas por dia”, avalia, sobre a capacidade de fiscalização.

Porém, destaca que é o trabalho que vem sendo feito que permite identificar e prender quadrilhas. “Fazemos a fiscalização ostensiva, que acaba apreendendo grande quantidade de armas, e leva às investigações”, destaca.

Ele conta que, até há três anos, o predomínio de armas apreendidas era de origem dos EUA.

“A Polícia Federal, junto com a diplomacia, fez um trabalho com os norte-americanos, explicando que as armas vendidas ao país vizinho serviam ao crime organizado no Brasil. Hoje, há um embargo da venda de armas dos Estados Unidos para o Paraguai”, explica Marco Smith.

Porém, segundo o delegado, a legislação americana permite a venda de armas por peças, o que traz a necessidade de ampliar o diálogo com os Estados Unidos. “Para o criminoso, é possível comprar as peças e montar a arma”.

Marco Smith observa que, atualmente, os principais fornecedores são países do Leste Europeu, Turquia e Israel, os dois últimos mais com a venda de pistolas.

O delegado observa que a legislação do Paraguai não permite venda para estrangeiros. “O que ocorre é que há muita pobreza e muitos criminosos se aproveitam disso e pegam o número do documento dessas pessoas e compram as armas. Quando não há a corrupção na estrutura do Estado”.

As três principais fronteiras com o Paraguai são: Foz do Iguaçu e Guaíra, no Paraná, e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. “Em Ponta Porã, há fazendas binacionais imensas, além de rodovias”.

Operações nas divisas do Estado

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as armas ilegais que entram no Espírito Santo, além de abastecer o crime local, também têm como destino outros estados. A PRF informou que já realizou ação de fiscalização específica nas divisas do Estado, visando o combate à entrada de armas ilegais.

“A fiscalização é feita tanto na atividade do dia a dia quanto em operações específicas”, informou, por meio de sua assessoria. A corporação afirmou ainda que “as armas de fogo são de fabricação de vários países, de vários continentes”, não sendo possível precisar.

De acordo com a PRF, não é possível definir rotas, “pois são utilizadas dezenas de rotas distintas e a forma de combate por parte da PRF são as operações especializadas no contrabando de armas, bem como o trabalho rotineiro no dia a dia do policial rodoviário federal”.

Procurado para falar sobre a entrada de armas ilegais no País, o Comando Militar do Leste informou que, segundo a portaria 1757 / EB10-IG03.001 2022, compete ao Exército regular, autorizar e fiscalizar o exercício das atividades de fabricação, comércio, importação, exportação, utilização, prestação de serviços, colecionamento, tiro esportivo e caça, relacionados com produto controlado pelo Exército (PCE).

“Portanto, as perguntas realizadas extrapolam a nossa esfera de atribuição, sendo inerentes aos Órgãos de Segurança Pública”, afirmou o órgão.


Apreensões 2024 e comparativo 2023

Armas apreendidas (janeiro a abril) 2024 - 2023

Arma caseira cano curto: 61 - 63 

Arma caseira cano longo: 71- 62

Carabina: 17- 10

Escopeta: 10 - 9

Espingarda: 143 - 142

Fuzil: 5 - 4

Garrucha: 41- 46

Garruchão: 4 - 5

Metralhadora: 26 - 15

Outras espécies: 3 - 3

Pistola: 415 - 447

Revólver: 393 - 411

Rifle: 14 - 14

Sem Informação (tipo): 1 - 4

Sub-metralhadora: 81 - 85

Total geral: 1285 - 1320

Fonte: 2020-2023 DEON, 2018-2019 Ecops

Apreensões (2018 - 2023)

Tipo-  2023 - 2022 - 2021 - 2020 - 2019 - 2018 - Total

Pistola - 1424 - 1162 - 1068 - 922 - 831 - 786 - 6193

Revólver - 1127 - 1323 - 1516 - 1492 - 1323 - 1248 - 8029

Espingarda - 434 - 482 - 524 - 552 - 528 - 402 - 2922

Arma caseira - 383 - 288 - 275 - 290 - 283 - 246 - 1765

Sub-metralhadora - 257 - 210 - 214 - 125 - 34 - 15 855

Garrucha - 139 - 164 - 195 - 211 - 132 - 185 - 1026

Metralhadora - 79-  87 - 89 - 59 - 19 - 5 - 338

Rifle - 59 - 58 - 65 - 46 - 39 - 24 - 291

Carabina - 26 - 49 - 38 - 35 - 39 - 25 - 212

Escopeta - 24 - 15 - 22 - 34 - 31 - 23 - 149

Outras espécies - 20 - 84 - 45 - 93 - 21 - 23 - 286

Fuzil - 19- 11 - 8 - 12 - 9 - 2 - 61

Garruchão - 14 - 17 - 36 - 29 - 13 - 17 - 126

Fonte: 2020-2023 DEON, 2018-2019 Ecops


Caminho até o Espírito Santo

1 Armas de vários países entram no Paraguai e para adquirí-las é preciso ser cidadão do país. Gangues usam documento de paraguaios ou a corrupção na estrutura do Estado.

2 Contrabandistas pegam armas na fronteira. Chegam a pagar sete vezes mais por um fuzil no mercado paralelo, no Rio e São Paulo, do que o valor da arma legalizada.

3 Os criminosos trazem a carga em sua maioria por rodovias. Entre as principais entradas no Brasil estão: Foz do Iguaçu e Guaíra (PR) e Ponta Porã (MS).

4 A Polícia Federal já apreendeu armas de contrabando em: pneus, fundo falso de painéis de carros e de carroceria de caminhões, tanque de motocicletas, entre outros.

5 No Espirito Santo, a arma pode chegar direto do Paraguai, ou de facções do Rio de Janeiro (maioria) que modernizam seu arsenal e se desfazem das velhas, vendendo para cá.

6 Em 2023, foram apreendidas 4.055 armas no Estado, pelas polícias Civil, Militar e PRF. De 2018 (2) a 2023 (19), nota-se aumento da apreensão, por exemplo, de fuzis.

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