1.939 pedem socorro por telefone contra agressão a mulheres no ES
Número se refere ao período de janeiro a julho deste ano e representa aumento de 66,58% em relação ao mesmo período de 2023
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Dispositivo central na estratégia de enfrentamento da violência contra a mulher, o Ligue 180 já recebeu, de janeiro até o mês passado, 84,3 mil denúncias contra agressão e ameaças em todo o País, um aumento de 33,5% em relação ao mesmo período em 2023.
No Espírito Santo, a Central registrou este ano 1.939 denúncias, o que significa um aumento de 66,58% em relação ao mesmo período do ano passado.
Coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, Ellen dos Santos Costa afirma que esse dado pode ser atribuído ao aumento gradual da violência e também de políticas de autonomia econômica da mulher, de enfrentamento à violência e de mais mulheres ocupando mais espaços de poder.
“As campanhas de conscientização e educação sobre os direitos das mulheres e o próprio serviço do Ligue 180 podem ter sido eficazes incentivando mais vítimas a denunciar. O Ministério das Mulheres vem, desde o ano passado, com campanhas massivas apontando para a reestruturação do Ligue 180 e apontando aos serviços oferecidos”.
A delegada-chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, Cláudia Dematté, salienta que a cada dia aumenta o número de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar que estão denunciando seus agressores.
“Com a Lei Maria da Penha, os mecanismos por ela implementados, a divulgação das disposições deste diploma normativo, e a atuação comprometida da Polícia Civil e demais órgãos, as vítimas se sentem mais seguras e encorajadas para denunciar seus agressores”.
A juíza e coordenadora Estadual de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Estado, Hermínia Azoury, avalia que o crescimento das denúncias tem relação com o maior acesso às informações.
“Temos o Ônibus Rosa, com o qual percorremos vários municípios. Muitas mulheres ainda achavam que violência doméstica era apenas agressão física. Não sabiam o que é violência psicológica”.
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Ligue 180
Serviço vai além de ser apenas uma central de atendimento às mulheres ou um canal de denúncia, de acordo com a coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, Ellen dos Santos Costa.
Ele exerce papel que é orientador. Então, quando uma mulher entra em contato, ela recebe informações sobre os seus direitos e os passos que ela pode seguir para garantir sua proteção.
Inclui orientações sobre como registrar uma ocorrência, como solicitar as medidas protetivas garantidas na Lei Maria da Penha e como acessar os serviços de apoio, como abrigos e atendimento psicológico e jurídico.
Retomada
De acordo com o Ministério das Mulheres, o Ligue 180 volta a ser este mês um serviço de utilidade pública essencial ao enfrentamento à violência contra mulheres.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24h, todos os dias da semana.
É possível fazer a ligação de qualquer lugar do Brasil ou acionar o canal via chat no Whatsapp (61) 9610-0180.
Em emergências, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do 190.
Brasil e Espírito Santo
O Ligue 180 recebeu, de janeiro a julho deste ano, 84,3 mil denúncias no País, volume que equivale a um aumento de 33,5% em relação ao mesmo período em 2023.
No Espírito Santo, em 2024, a Central registrou 1.939 denúncias — um aumento de 66,58% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre as denúncias realizadas, 1.218 foram apresentadas pela própria vítima, enquanto em 719 o denunciante foi uma terceira pessoa.
O maior número de denúncias está relacionado à violência contra mulheres entre 45 e 49 anos (363).
São as mulheres negras ou pardas as vítimas mais frequentes nas denúncias (1.170) e são os seus companheiros (ou ex-companheiros) aqueles que mais cometem atos violentos (675).
Fonte: Ligue 180 e Ellen dos Santos Costa.
Maioria das ligações foi feita pela vítima, mostra balanço
Entre as 1.939 denúncias realizadas do Espírito Santo ao Ligue 180, 1.218 foram apresentadas pela vítima, enquanto em 719 o denunciante foi uma terceira pessoa. A casa da vítima ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas. No Estado, 869 denúncias tinham este contexto.
A coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, afirma que as mulheres estão começando a confiar mais nos meios de denúncia.
“Isso sugere que o Ligue 180 está sendo visto como um recurso confiável e acessível, acolhedor e qualificado, capaz de oferecer suporte e oferecer também todas as orientações necessárias para que as mulheres façam a denúncia”, afirma.
Sociedade
Em relação às denúncias que partiram de terceiros, Ellen afirma que é um indicativo de que a sociedade está começando a entender que a violência contra a mulher não é um problema privado, mas sim uma questão que afeta a todos e que exige uma intervenção coletiva da sociedade.
Mulheres negras são as que mais denunciam
São as mulheres negras as vítimas mais frequentes nas denúncias (1.170 são pretas ou pardas) e são os seus companheiros (ou ex-companheiros) aqueles que mais cometem atos violentos (675).
A coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, explica que as mulheres pretas são a maior parte das vítimas, elas denunciam mais, e isso reflete também uma maior exposição à violência.
“Mulheres pretas enfrentam uma interseção de discriminações que acabam tornando essas mulheres mais vulneráveis a diferentes formas de violência, tanto dentro dessas comunidades quanto interações com o sistema de justiça e outras instituições. Então tem toda uma questão aí de marginalização econômica, falta de acesso a recursos, discriminação racial estruturada, tudo isso acaba agravando a situação dessas mulheres”, diz Ellen dos Santos Costa.
A coordenadora avalia ainda que, ao mesmo tempo, o aumento nas denúncias pode indicar um maior empoderamento e conscientização dentro das comunidades.
“O que é um passo positivo, mas a gente sabe que tem muito ainda para ser feito para garantir que essas mulheres recebam todo o apoio e a proteção que elas precisam”, destaca Ellen dos Santos Costa.
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