“PM está preso e deve ser expulso”, garante secretário de Defesa Social do estado
Alessandro Carvalho diz que crime contra motociclista de aplicativo foi bárbaro e inaceitável
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O corpo de Tiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, foi velado nesta segunda-feira (2) no Cemitério de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, em clima de revolta e protesto.
Motociclista por aplicativo, Tiago foi morto no bairro de Alberto Maia ao cobrar o pagamento de uma corrida no valor de R$ 7 neste último domingo 1º de dezembro. O jovem estava prestes a ser pai.
O autor do crime foi identificado como o policial militar Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, sargento do 25º Batalhão. Ele atirou friamente no tórax do motociclista após dizer que pagaria a corrida da próxima vez.
"Crime bárbaro", diz secretário Alessandro Carvalho
O caso gerou indignação entre as autoridades e a população. Em evento organizado pelo governo do estado, o secretário de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), Alessandro Carvalho, repudiou o ato, classificando-o como “inaceitável”.
“O crime foi bárbaro. Eu vi as imagens. Sem nenhuma razão, ele (o PM) desceu da garupa de um mototáxi e após um breve diálogo, ele puxou a arma e atirou e matou aquele trabalhador. Isso é uma exceção dentro de uma corporação como a Polícia Militar, que tem 16 mil homens na ativa, homens e mulheres que acordam todos os dias e colocam sua vida em risco para proteger a sociedade”.
De acordo com Alessandro Carvalho, o PM vai passar por processo administrativo. “Infelizmente, nós tivemos esse caso e ele vai responder pelo ato dele. Ele (o PM) já está preso e deve ser expulso da corporação”, disse Carvalho.
Como aconteceu
Segundo imagens gravadas por câmera de segurança, o policial desceu da garupa da moto, discutiu brevemente com a vítima e, em seguida, disparou contra o jovem, que morreu no local.
Tiago foi alvejado com um tiro ao cobrar o que lhe era devido durante a corrida de moto, R$ 7. O PM sacou a arma e Tiago, monstrando-se incrédulo, ainda disse: "Vai, atira aí". E o tiro foi disparado quase à queima-roupa. O motociclista não resistiu.
O pai de Tiago, Sérgio Luiz de Bezerra, descreveu a perda como irreparável. “R$ 7 foi o que valeu a vida do meu filho”, disse, emocionado, lamentando que o filho não tenha sequer tido direito à defesa. "Ele era um menino bom, trabalhador", acrescentou.
Protestos e despedida
Colegas de profissão de Tiago organizaram um protesto na Rua Padre Oséas Cavalcanti, no centro de Camaragibe. Capacetes foram espalhados pela via, bloqueando o trânsito. O ato foi acompanhado por policiais militares e ocorreu de forma pacífica.
No cemitério, uma multidão marcou presença para prestar a última homenagem ao jovem. A mãe de Tiago, dona Otacília, e sua esposa, inconsoláveis, precisaram ser amparadas durante a cerimônia.
O enterro, realizado sob forte comoção, evidenciou a revolta e o sofrimento de familiares, amigos e colegas de trabalho. “Eu nunca mais vou escutar meu filho chamando mainha”, disse em prantos a mãe da vítima, Otacília Fernandes. O caso segue em investigação pela Polícia Civil de Pernambuco.
Segundo a assessoria do TJPE, durante audiência de custódia, o sargento do 25º Batalhão teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele foi preso enquanto tentava fugir num ônibus de linha. Quase foi linchado durante a tentativa de fuga.
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