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Polícia

Júri Popular absolve filho da acusação de ter ajudado a mãe a matar o pai

Promotor de Justiça Leandro Guedes virou peça central no desfecho do julgamento


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Imagem ilustrativa da imagem Júri Popular absolve filho da acusação de ter ajudado a mãe a matar o pai
Promotor Leandro Guedes falou para o Júri não haver provas que comprovassem a participação de Danilo na morte do pai. |  Foto: Reprodução da TV Tribuna

Num julgamento marcado pelo desempenho surpreendente do Ministério Público, o engenheiro civil Danilo Paes Rodrigues, 28 anos, acusado de envolvimento no homicídio do pai (o cardiologista Denirson Paes da Silva), foi absolvido pelo Júri Popular em sessão realizada na 1ª Vara Criminal de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife.

O placar foi apertado, por 4 a 3, e gerou reações distintas. Houve comemoração da defesa e questionamentos da assistência de acusação, que prometeu recorrer.

A posição do Ministério Público, que normalmente faz a denúncia e se apresenta como acusador, provocou polêmicas. O promotor Leandro Guedes virou peça chave na absolvição do réu e a equipe de defesa também conseguiu desmontar, para os jurados, pontos cruciais do crime. 

Entre os que mais chamavam a atenção estavam: quem arrastou o corpo durante o crime, de quem era o sangue encontrado no quarto do réu, como havia sido quebrado osso hioide no pescoço da vítima (motivo de sua asfixia).

Absolvido, Danilo Paes não quis falar com a imprensa. Pediu “respeito” e se mostrou mais uma vez chateado, comportamento que vem adotando há cinco anos. A mãe dele, Jussara Rodrigues, foi condenada a 19 anos e oito meses de prisão por este homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver em 2018. Danilo, até então, era acusado de ter ajudado no crime.

A cobertura do final do julgamento foi feita ao vivo pelo programa Brasil Urgente da TV Tribuna (canal 4), acompanhado pela repórter Carol Guibu.

A ligação para o assistente de acusação

Quando virou réu, Danilo tinha 23 anos e a virada no caso que já dura cinco anos se deu, especialmente, através do promotor Leandro Guedes. Ele disse ter estudado bastante o crime, escutado testemunhas e informou, durante o julgamento, que não havia provas suficientes para condenar o réu. As que tinham sido apresentadas pela polícia eram “incongruentes”.

Leandro Guedes teve uma postura diferente do promotor que estava no caso e pediu afastamento alegando foro íntimo. Guedes justificou que ligou para o assistente de acusação no domingo passado (22) para antecipar sua posição, por questões de lealdade, uma vez que o crime teve muita repercussão e ambos estavam trabalhando juntos. O assistente é Carlos André Dantas.

“Não existe direcionamento. Existe um estudo atento, detalhado e compromissado com a Justiça. Eu ia dividir o plenário com o advogado Dr. Carlos André, contratado pela família de Dr. Denirson, e eu adiantei a ele no domingo: “olha, após estudar todo o processo aqui, eu não tenho esse convencimento da participação do Danilo”.

Ele continuou: “Por lealdade, eu já adiantei pra ele a minha posição, e aí não existe nada de direcionamento, existe uma conduta leal, de eu ter até adiantado para um profissional que ia dividir a bancada comigo”. O promotor disse, inclusive, que estavam trabalhando juntos antes do julgamento, mas ficou convencido de que seria injusto com o engenheiro por falta de provas. Ele deu entrevista à reporter Carol Guibu.

Danilo fora da cena do crime

O promotor negou direcionamento pré-determinado, mas justificou falta de provas que colocassem o engenheiro como cúmplice de um crime bárbaro cometido pela sua mãe, Jussara Rodrigues, que está presa.

Leandro Leal disse estar convicto de que apenas a mãe cometeu o crime, tanto por ela ter confessado em detalhes, como por imagens feitas pela própria polícia. “Muitas vezes a mídia só recebe informação de um lado”, acrescentou.

O sangue no quarto

Segundo o promotor, uma das alegações da acusação era a presença de sangue no quarto de Danilo. Mas ele disse que isso não comprova sua participação no crime, porque também havia sangue no quarto do outro irmão, o Daniel, que saiu do fórum revoltado.

Para o promotor, não havia material suficiente para comprovar o DNA e dizer de quem era o sangue, que foi achado no quarto no mesmo dia em que o corpo do médico foi encontrado no poço.

“Se fosse para incriminar um filho, teria que incriminar o outro também. As provas eram as mesmas para os dois. E esse sangue não se sabe até hoje de quem é, porque não tinha material suficiente para fazer DNA”, declarou.

O peso do corpo

Indagado sobre a versão da polícia, de que Jussara não tinha força física para arrastar o corpo sozinha, ele respondeu:

“Isso é desmentido pelas próprias filmagens feitas pela polícia. Todos os atos que ela simulou no dia da reprodução simulada (feita pela polícia) estão gravados, estão no processo e foi reproduzido para o júri. Nesses atos, ela fez tudo sozinha, sem ajuda de ninguém”, declarou.

Ele continuou: “Ela conseguiu arrastar o corpo do policial, que servia como ator, representando a vítima, o doutor Denirson. Conseguiu arrastar de um lado para o outro, onde ela teria esquartejado ele, e também do quartinho para a cacimba, onde ela teria escondido”. Tudo mostrado em imagens feitas pela polícia, segundo ele.

Osso hioide quebrado

Sobre um osso quebrado no pescoço do médico (o osso hioide) que teria causado asfixia, algo que precisaria de muita força, o promotor disse.

“Isso foi desmentido no depoimento do médico legista que era o responsável por analisar o corpo. Ele tem a palavra final”, disse, explicando que Jussara teria usado o joelho para pressionar o pescoço da vítima.

Imagem ilustrativa da imagem Júri Popular absolve filho da acusação de ter ajudado a mãe a matar o pai
Estudante Daniel Paes se disse abismado com absolvição do irmão |  Foto: Reprodução da TV Tribuna

A insatisfação de familiares

Para ele, as críticas de que ele assumiu o caso de repente são infundadas. Ele frisou que, pelo contrário, todas as informações estavam “frescas” em sua memória. “Olha, é natural (essa revolta), porque a assistência de acusação estava convicta da participação de Danilo. Como eles chegaram a essa convicção, eu não sei”.

O promotor explicou que não tem que deixar a família satisfeita, mas fazer justiça. “Como o cargo diz: eu sou promotor de justiça”, em entrevista. “Examinei com a minha imparcialidade todas as evidências e não encontrei provas suficientes para condenar Danilo”. Veja tudo que irmão falou sobre a absolvição.

A equipe de defesa

O advogado de defesa, Rafael Nunes, disse que o julgamento esclareceu os pontos polêmicos. “Jussara confessou com riqueza de detalhes o que fez. Ela está cumprindo pena e essa pena não poderia ter se estendido a Danilo”.

De acordo com ele, o Ministério Público teve essa sensibilidade. “O Ministério Público é representado por promotores de Justiça. O promotor não é obrigado a acusar. É raro (ver isso) um processo mediático desse. Mas o promotor estudou o processo. Ele viu, ele notou que se fosse para condenar Danilo, teria que condenar Daniel”.

Rafael Nunes disse que a polícia não tinha provado sequer quem abriu e fechou o poço. E pediu empatia em relação a Danilo, que não quis falar com a imprensa. “Se coloquem no lugar dele. Não é pra menos, um inocente está num banco dos réus. Banco dos réus. No tempo inteiro. Acusar é fácil. A nobreza está na defesa. O ônus da prova era deles e eles não provaram nada”.

A assistência de acusação vai recorrer.

Veja reportagem gravada ao vivo no Brasil Urgente, da TV Tribuna/Band



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