Pernambuco é o terceiro estado com maior número de favelas no Brasil
Em termos populacionais, segundo Censo de 2022, mais de um milhão de pessoas vivem em comunidades carentes no estado
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As ruas estreitas e sinuosas que atravessam as comunidades de Recife e outras cidades de Pernambuco formam um mosaico vibrante de vida, resistência e, muitas vezes, precariedade. O estado pernambucano atualmente ocupa a terceira posição no ranking nacional de estados com maior número de favelas, segundo os dados do Censo Demográfico 2022.
Com 849 comunidades identificadas como aglomerados subnormais, o estado fica atrás apenas de São Paulo, que possui 3.123 favelas, e do Rio de Janeiro, com 1.724. Esses números revelam a dimensão da ocupação urbana em áreas carentes e refletem a precariedade enfrentada por milhões de brasileiros.
Com 849 comunidades identificadas como aglomerados subnormais, o estado fica atrás apenas de São Paulo, que possui 3.123 favelas, e do Rio de Janeiro, com 1.724. Esses números revelam a dimensão da ocupação urbana em áreas carentes e refletem a precariedade enfrentada por milhões de brasileiros.
Na região Nordeste, Pernambuco também se destaca em números absolutos, com 33 municípios onde foram registradas favelas. Recife é a cidade com maior concentração dessas comunidades, somando 295 favelas, seguida por Jaboatão dos Guararapes, com 132, e Olinda, com 66. No Nordeste, Ceará e Bahia ocupam a segunda e a terceira posições, com 702 e 572 favelas, respectivamente.
Em termos populacionais, Pernambuco é o sexto estado brasileiro com mais moradores em favelas, totalizando 1.091.289 habitantes. São Paulo lidera esse índice com 3.630.519 pessoas, seguido pelo Rio de Janeiro (2.142.466), Pará (1.523.608), Bahia (1.370.262) e Amazonas (1.368.093).
Entre essas mais de um milhão de pessoas está Fábio Araújo, de 43 anos, morador do antigo Campo da Vovozinha, uma comunidade erguida sobre um canal no bairro de Santo Amaro, em Recife.
“Nas ruas aqui por perto, os idosos caem, as crianças andam com os pés na água suja, e o governo do estado joga a responsabilidade para a prefeitura, enquanto a prefeitura devolve ao governo. Viver aqui é como subir um morro com uma mochila cheia de pedras. Ou pior. Fábio Araújo, Líder comunitário
A alta densidade populacional nas favelas pernambucanas evidencia os desafios de infraestrutura e qualidade de vida. São 9.099,28 habitantes por quilômetro quadrado, colocando Pernambuco na sexta posição entre os estados mais densos do país. Em São Paulo, que lidera nesse quesito, a densidade é de 17.765,10 habitantes por quilômetro quadrado.
A realidade das favelas pernambucanas também evidencia desigualdades raciais. Dos residentes, 73,08% se identificam como pretos ou pardos, enquanto brancos representam 26,6%, indígenas 0,16% e amarelos 0,15%. Esse quadro de diversidade racial se alinha a uma história de exclusão que persiste nas dificuldades de acesso a serviços básicos.
As condições de infraestrutura nas favelas pernambucanas apresentam altos índices de precariedade. Cerca de 89,21% das residências têm água canalizada dentro de casa, mas ainda há 3,73% que não dispõem de qualquer tipo de canalização.
A maioria (78,63%) é abastecida pela rede geral de distribuição, enquanto 12,31% recorrem a poços profundos ou artesianos e 5,28% a poços rasos. Quanto ao saneamento, 78,63% dos domicílios possuem ligação à rede geral de esgoto, mas outros se veem obrigados a recorrer a fossas rudimentares (25,06%) ou ao escoamento diretamente para rios e valas (11,01%).
O levantamento do IBGE destaca, ainda, outras condições de vida das populações das favelas e comunidades urbanas, como o índice de envelhecimento e a idade mediana dos moradores.
Essas estatísticas compõem um retrato mais amplo das áreas mais vulneráveis do país, onde a luta diária pela sobrevivência é marcada pela falta de saneamento adequado, pela densidade demográfica e pela ausência de políticas públicas eficazes.
A análise do Censo de 2022 permite, assim, uma compreensão aprofundada das carências que afetam milhões de brasileiros. Em Pernambuco, os dados reforçam a urgência de medidas estruturais que busquem transformar a realidade das favelas, onde os direitos básicos ainda são, muitas vezes, privilégio de poucos.
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