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Internacional

'Rússia pode usar armas nucleares se for ameaçada e está pronta para guerra mundial', diz Putin


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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nesta quinta-feira, 9, durante a celebração dos 79 anos da vitória soviética contra os nazistas que as armas nucleares de Moscou estão "sempre em alerta", em meio a um momento de tensão com o Ocidente por conta da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que já dura mais de 2 anos, sinalizando que o país está pronto para uma nova guerra mundial.

O presidente russo comandou o desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha para celebrar o Dia da Vitória, com a participação de mais de 9.000 militares, segundo a imprensa russa, além de veículos blindados e outros equipamentos militares.

"A Rússia fará todo o possível para evitar um confronto global, mas, ao mesmo tempo, não permitiremos que ninguém nos ameace. Nossas forças estratégicas (nucleares) estão sempre em alerta", disse.

Com os batalhões marchando e Moscou exibindo o seu equipamento militar, o céu clareou brevemente para permitir um sobrevoo de aviões de guerra, alguns dos quais deixavam um rastro de fumaça nas cores branca, vermelha e azul da bandeira russa.

Em outro sinal de ruptura cada vez mais profunda com o Ocidente, Putin ordenou recentemente exercícios nucleares táticos com a participação das tropas mobilizadas nas imediações da fronteira com a Ucrânia, em resposta às "ameaças" ocidentais contra a Rússia.

Mísseis balísticos intercontinentais Yars com capacidade nuclear foram enviados para a Praça Vermelha, sublinhando a sua mensagem.

Nesta quinta-feira, Putin acusou o Ocidente de querer "esquecer as lições" da 2ª Guerra Mundial e afirmou que a Rússia rejeita "a pretensão de exclusividade" de qualquer governo ou aliança.

Em seguida, ele destacou que a Moscou, em pleno conflito na Ucrânia, vive um "período difícil". "O destino da pátria e seu futuro dependem de cada um de nós", disse, antes de recordar os "heróis" que lutam por Moscou na frente de batalha.

Putin, 71 anos, apresenta a guerra na Ucrânia como um conflito existencial para seu país, em uma luta contra um governo ucraniano que ele descreve como "neonazista".

O chefe de Estado recorre há muito tempo à memória da 2ª Guerra Mundial, quando 27 milhões de pessoas morreram do lado soviético, para se apresentar como herdeiro da União Soviética e legitimar o próprio poder.

Momento atual

O desfile de 2023 foi muito mais modesto que nos anos anteriores, com poucos equipamentos modernos e uma grande mobilização das tropas russas em larga escala na frente de batalha. A Rússia havia sofrido uma série de reveses no conflito.

Um ano depois, a situação é muito diferente: o Exército russo está em um momento favorável, com ganhos territoriais contra as tropas ucranianas, que sofrem com escassez de armas para a continuação da guerra.

A contraofensiva de Kiev fracassou e agora é a Ucrânia que teme que o oponente, que tem mais soldados, equipamentos e munições, além de uma indústria militar maior, inicie uma operação em larga escala no verão (inverno no Brasil).

Ataques russos

Desde o inicio do ano, a Rússia aproveita o momento positivo no campo de batalha para atacar de forma mais forte os territórios de Kiev. Durante o inverno, a Rússia aumentou ataques contra a infraestrutura civil ucraniana com bombas planadoras, menos sofisticadas, baratas e difíceis de interceptar, mísseis balísticos de curto alcance e drones como estratégia para testar as defesas de Kiev e aumentar a destruição.

Nesta quinta-feira, duas pessoas morreram em bombardeios russos em Nikopol, no sul da Ucrânia, segundo as autoridades locais. Na quarta-feira, 8, a Ucrânia impôs restrições ao fornecimento de energia e alertou para possíveis apagões após um ataque em larga escala de Moscou, que contou com dezenas de mísseis e drones e atingiu a infraestrutura elétrica de Kiev.

Moscou se aproveita de um período de estagnação no envio de armas do Ocidente para a Ucrânia. Contudo, o Congresso americano conseguiu aprovar no mês passado, apesar da resistência dos republicanos, um pacote econômico e militar para Kiev, com material de defesa e de ataque.

Desfile

O desfile na Praça Vermelha de Moscou foi afetado pelas consequências diplomáticas e de segurança da guerra à Ucrânia. Putin, isolado no cenário internacional, estava acompanhado nesta quinta-feira apenas por alguns chefes de Estado de aliados próximos.

Os governantes de Belarus, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Turcomenistão e Cuba compareceram ao evento, segundo o Kremlin.

Alguns desfiles também foram cancelados por motivos de "segurança", em particular nas regiões de Kursk, perto da fronteira ucraniana, e de Pskov, próximo da Estônia.

Desde o inicio da guerra, a Ucrânia tem operado dentro do território russo, com ataques de drones, sabotagens e incursões militares como a explosão em outubro de 2022 em uma ponte construída por Moscou que liga o território russo a Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014, ou a morte de Daria Dugina, filha de Alexander Dugin, um dos aliados mais próximos do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que teve seu carro explodido em uma estrada próxima de Moscou em agosto de 2022. (Com agências internacionais).

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