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Internacional

Milei convida papa a visitar Argentina após chamá-lo de "representante do mal"

Desde que iniciou seu papado, há dez anos, papa Francisco, que é argentino, ainda não fez viagem oficial à terra natal


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Imagem ilustrativa da imagem Milei convida papa a visitar Argentina após chamá-lo de "representante do mal"
Javier Milei chamou o papa de "representante do mal" |  Foto: Reprodução/Instagram/Milei

O presidente da Argentina, Javier Milei, formalizou nesta quinta-feira (11) seu convite para que o papa Francisco, 87, que é argentino, faça uma visita ao país, no que seria sua primeira viagem oficial à terra natal desde que iniciou seu papado, há dez anos.

Pouco após ser eleito em novembro, o economista ultraliberal fez uma chamada telefônica com o papa, intermediada pelo oftalmologista do pontífice, o também argentino Fabio Bartucci, e o convidou de forma informal. Agora o convite chega por meio de carta ao Vaticano.

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Em especial durante os meses iniciais de sua campanha rumo à Casa Rosada, Milei fez uma série de ataques verbais ao papa Francisco, uma figura que, por si só, já não goza de ampla popularidade na Argentina. Milei chegou a chamá-lo de "representante do mal na Terra", mas suavizou o tom à medida que se aproximavam as eleições que o elegeram.

Na carta, ele diz que a ida do papa à Argentina é uma "prioridade máxima" de seu governo para "proteger nossos compatriotas mais vulneráveis" e que ajudaria a semear "pacificação e humanismo entre os argentinos, ansiosos para superar suas divisões".

Ao longo das últimas semanas o país tem registrado protestos massivos e frequentes nas ruas contra as medidas econômicas e políticas anunciadas por Milei, algumas por decreto, outras por meio de projetos de lei que têm de ser aprovados pelo Congresso, onde ele não dispõe de maioria legislativa.

A formalização do convite ocorre pouco após a irmã caçula do presidente, Karina Milei, a quem ele nomeou secretária-geral da Presidência após mudar de forma polêmica a norma nacional sobre nepotismo, ter um encontro com o presidente da Conferência Episcopal argentina, o arcebispo Oscar Ojea. O encontro foi um pedido dela.

Não há nenhuma confirmação do papa, tampouco uma data estimada para a visita, segundo apurou o jornal La Nacion. Mas a expectativa do governo de Milei é que a ida do pontífice pudesse ocorrer o mais rápido possível.

"Sei que o tempo é escasso", escreveu ele. "Ainda assim, espero que possa viajar para a alegria geral de todo o povo argentino", diz Milei nos trechos finais da carta de duas páginas. Os mais otimistas, diz o La Nacion, calculam que a visita poderia se dar entre março e abril, talvez após a Semana Santa. Não há informação oficial.

A expectativa sobre uma visita do líder da Igreja Católica ao país é ampla, e já foram feitos inúmeros apelos. Em março de 2023, mês que marcou os dez anos de seu pontificado, por exemplo, o então presidente Alberto Fernández, sua vice, Cristina Kirchner, e vários políticos argentinos de peso subscreveram uma carta com mais de 300 assinaturas pedindo que Francisco considerasse fazer a viagem.

O tema é delicado por alguns motivos. Um deles reside em parte da opinião popular que critica o atual pontífice por seu papel à época da ditadura militar no país, ainda que ele já tenha negado que tivesse facilitado a entrega de pessoas perseguidas aos militares.

Mais recentemente, entra na conta também a saúde do papa, que sofre com crises de bronquite frequentes, além de fortes dores no joelho que o tem feito cancelar viagens de longas distâncias.

Em meados de dezembro, porém, o próprio Francisco sinalizou, em uma entrevista a uma TV do México, que ir à Argentina é uma possibilidade. Na ocasião, ele disse que a única viagem confirmada em sua agenda para 2024 é para a Bélgica, mas que outras duas estão em vias de se concretizarem: uma para alguma nação da Polinésia, que ele não especificou, e outra para a Argentina.

Na mesma ocasião, ele foi questionado sobre as ofensas que já foram feitas por Milei. "Nas campanhas, são ditas coisas 'como piada', coisas para chamar a atenção", afirmou. "Há que distinguir entre o que um político diz na campanha e o que ele faz depois, ao tomar suas decisões."

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