São Paulo faz jogo sofrível e sai no lucro com empate no Uruguai pela Libertadores
Manter o que se viu no Gran Parque Nacional é assumir o risco de ter um novo 0 a 0 e levar a decisão para os pênaltis
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O São Paulo empatou por 0 a 0 com o Nacional pela rodada de ida das oitavas de final Libertadores, nesta quinta-feira, no Gran Parque Central, em Montevidéu, Uruguai. A equipe da casa fez o jogo que lhe cabia, enquanto time pior tecnicamente que o adversário: marcou forte e se resguardou defensivamente, com breves incursões ao ataque. É provável que a atuação se repita no MorumBis na próxima semana, em uma tentativa de levar a decisão para os pênaltis.
Já o time paulista fez menos ainda. Sem finalizar até a partida fechar 75 minutos, o time de Luis Zubeldía não apresentou criatividade alguma para tentar trazer um resultado positivo do Uruguai para São Paulo. Os dois únicos chutes foram para fora. Agora, o time precisa vencer em casa, algo que soa como uma missão fácil, mas que requer mudanças.
Antes disso, ainda, a equipe tem um clássico pela frente e visita o Palmeiras, no Allianz Parque, no domingo, às 16h (horário de Brasília), pelo Brasileirão. O Nacional volta a campo contra o River Plate-URU pelo Campeonato Uruguaio, também no domingo, mas às 18h.
Desde o começo da partida, o São Paulo soube que não enfrentaria somente 11 jogadores, mas todas as almas vivas que vestiam azul, branco e vermelho no Gran Parque Central. O ambiente era hostil (e barulhento) para os visitantes.
Isso não impediu que a equipe paulista preferisse começar impondo o jogo com a bola no pé, empurrando o Nacional ao seu campo defensivo. Mesmo quando a posse era perdida, a lentidão do time uruguaio em sair de trás o tornava menos perigoso. Sem a bola, contudo, a equipe da casa era uma fortaleza difícil de entrar.
A dificuldade são-paulina em avançar deixou o Nacional mais confortável para ocupar o campo ofensivo. Quem teve que aguentar mais pressão, então, passou a ser o próprio São Paulo. Fosse o ataque uruguaio mais ágil em desmarcar-se para aproveitar cruzamentos, o time de Zubeldía poderia ter saído atrás no placar.
Um problema afeta o time desde a lesão que tirou Alisson do time. Luiz Gustavo e Bobadilla não têm a mesma sintonia para aproximar-se do quarteto de frente.
Isso se repetiu hoje, com Lucas e Ferreirinha presos às linhas laterais e sem destaque individualmente. Calleri e Luciano restaram pregados na frente. A zona de articulação no meio de campo do São Paulo viveu um vazio.
Com um Nacional disposto a marcar como principal tarefa da noite, o nível de dificuldade em avançar só crescia. Foi uma forma de o time da casa forçar erros nas saídas dos são-paulinos. Assim, a equipe fechou o primeiro tempo sem sequer uma finalização.
A segunda etapa começou com a manutenção da tônica truncada. O São Paulo via o Nacional ter mais facilidade para chegar à frente, enquanto penou para conseguir, em dez minutos, apenas um cruzamento, tirado pelo goleiro Mejía.
O que daria sinais de mudança do jogo a favor do São Paulo seria Lucas ocupar a área central do campo ofensivo. Essa ação era mais importante que a troca promovida por Zubeldía no intervalo, trocando Ferreirinha por Wellington Rato. O camisa 7 teve um lampejo no setor, mas isso não foi mantido.
O jogo se tornou tão enfadonho que a entrada de Jeremías Recoba, filho do histórico Álvaro Recoba, foi o evento mais interessante do segundo tempo. Infelizmente, o garoto de 20 anos não desempenhou o mesmo futebol do pai, multicampeão com a Inter de Milão na década de 2000.
Eram 70 minutos de jogo até que Calleri recebesse uma bola dentro da área, lançada por Bobadilla. Ele finalizou, com dificuldade, mas Mejía salvou.
Foi o auge do São Paulo na partida. Ou melhor, seria, não fosse marcado o impedimento do camisa 9. O gol uruguaio não saiu na sequência por erro de Zabala, que furou ao receber cruzamento livre, dentro da área, de frente para Rafael.
A primeira finalização válida da equipe paulista precisou esperar mais cinco minutos. Enquanto a pressa é inimiga da perfeição, a demora não fez jus à máxima, e Luiz Gustavo jogou a bola na arquibancada.
A tendência é de que o Nacional, que já soube se defender em casa, vá ainda mais fechado para o segundo jogo, no MorumBis. Caberá ao São Paulo mudar a postura, e talvez a formação. Centralizar Lucas é a opção menos invasiva em relação ao time que Zubeldía trata como titular, mesmo que isso custe sacar Luciano para o ingresso de mais um jogador de lado, como Wellington Rato.
Manter o que se viu no Gran Parque Nacional é assumir o risco de ter um novo 0 a 0 e levar a decisão para os pênaltis. Fazer isso deliberadamente requer que o treinador tenha muita confiança nos seus cobradores.
É também contar com a mística do retrospecto. Foram duas vezes que os paulistas e os uruguaios decidiram a vaga para as quartas da Libertadores.
Na primeira, em 1992, a equipe de Raí, Müller, Palhinha e companhia venceu no Uruguai, com gol de Elivélton. Em casa, também foi vitória tricolor, por 2 a 0, e classificação para as quartas de final.
Depois, em 2008, o São Paulo novamente foi ao Uruguai, mas ficou no 0 a 0, como desta vez. No MorumBis, Adriano e Dagoberto fizeram 2 a 0 e garantiram a vaga.
FICHA TÉCNICA
NACIONAL 0 X 0 SÃO PAULO
NACIONAL - Mejía; Lozano, Coates, Polenta e Báez; Oliva, Sanabria (Mauricio Pereyra) e Castro (Nico López); Galeano (Recoba), Zabala (Nicolás Rodríguez) e Bentancourt (Herazo). Técnico: Martín Lasarte.
SÃO PAULO - Rafael; Rafinha, Arboleda, Alan Franco e Welington; Luiz Gustavo, Bobadilla e Lucas Moura (Michel Araújo); Luciano (Rodrigo Nestor), Ferreirinha (Wellington Rato) e Calleri. Técnico: Luis Zubeldía.
CARTÕES AMARELOS - Polenta e Mauricio Pereyra (Nacional) e Arboleda, Luciano, Luiz Gustavo e Alan Franco (São Paulo).
ÁRBITRO - Facundo Tello (ARG).
PÚBLICO E RENDA - Não divulgados.
LOCAL - Estádio Gran Parque Central, em Montevidéu, no Uruguai.
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