Fla abre a luta dos brasileiros na Libertadores
Rubro-negro é o primeiro a entrar em campo na fase de grupos e aposta na experiência de Tite para vencer o Millonarios, em Bogotá
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A última década do futebol sul-americano consolidou uma virada de forças. Até poucos anos equilibrada entre brasileiros, argentinos e outras forças do continente, a Libertadores virou cenário de domínio do futebol brasileiro, campeão das últimas cinco edições, três delas só com clubes do país na final.
O país já se aproxima, inclusive, da Argentina em número de títulos (25 a 23). A competição inicia nesta terça-feira (02) à noite a fase de grupos de sua 65ª edição com o Flamengo abrindo o caminho para os times brasileiros na disputa, às 19 horas, contra o Millonarios.
E a força coletiva que o Fla apresenta neste início de temporada faz do técnico Tite uma das maiores estrelas do time que, invicto em 2024, estreia em Bogotá.
Aos 62 anos, o comandante rubro-negro já passou por quase todo tipo de experiência na principal competição do calendário sul-americano - seja o céu, com o título invicto do Corinthians em 2012, ou o inferno, com a eliminação do Timão para o Tolima-COL, em 2011, quando tinha no elenco nomes como Roberto Carlos e Ronaldo.
Na edição desse ano Tite terá uma experiência inédita: de iniciar a disputa no comando de uma equipe que é uma das grandes favoritas e convive com a pressão pelo título.
Com o Flamengo invicto sob seu comando em 2024 - são dez vitórias e dois empates em 12 partidas - e sem ter sofrido nenhum gol, Tite terá que saber enfrentar não só os rivais do rubro-negro dentro de campo e a pressão pela conquista da taça, mas também a fama de ser um treinador que não repete nos mata-matas o sucesso que alcança nos campeonatos de pontos corridos. Em 2011 e 2015, por exemplo, ele conquistou o Brasileirão pelo Corinthians, mas caiu precocemente na Libertadores.
“Eu aprendi na vida que, sempre, o próximo passo é o mais importante”, explicou Tite após a vitória contra o Nova Iguaçu.
Retrospecto
O treinador tem um retrospecto positivo na Libertadores. Ao todo, são 65 partidas como técnico na competição, com 35 vitórias, 17 empates e 13 derrotas - 62,5% de aproveitamento, com um título invicto, uma eliminação nas semifinais, outra nas quartas, três nas oitavas de final e uma na pré-Libertadores.
Além disso, em 2004, Tite deixou o São Caetano após estrear com vitória na primeira rodada.
Para ir longe na Libertadores com o Flamengo, Tite tem como foco o equilíbrio tático da equipe.
A ideia do treinador, que sempre teve como característica principal a habilidade em montar equipes que não só levam poucos gols, mas sofrem pouco nas partidas, é manter o estilo ofensivo do elenco do rubro-negro ao lado de uma defesa bem arquitetada. Nos 12 jogos no ano, o saldo de gols é de 27, com média de 2,2 gols por partida, e nenhum sofrido.
“Uma equipe que só se defende e prima por não tomar gol vai perder. Uma equipe que desequilibradamente busca só fazer gol e abre mão de ser consistente e organizada vai perder”, disse o treinador rubro-negro.
Um dos estigmas que Tite terá a oportunidade de enfrentar é o de ser um treinador que, em jogos mata-mata, não consegue encontrar alternativas para fazer com que seus times consigam reverter cenários adversos.
Essa foi uma das grandes críticas que o técnico enfrentou após a eliminação do Brasil na Copa do Catar, em 2022.
Para enfrentar o Millonarios, o Flamengo, que deve ter David Luiz na zaga no lugar de Fabrício Bruno, enfrentará também uma altitude de 2.650m. No entanto, a comissão técnica acredita que esse não deve ser um fator preponderante.
“Se você já chega com uma mentalidade que vai ser difícil, que a dificuldade é muito mais nossa do que do adversário, isso pode trazer um sentimento de inferioridade. Tem o momento de chegar, o horário de chegar, como chegar, em termos até de refeições também, a gente tem tudo isso muito bem organizado”, disse o auxiliar Cesar Sampaio.
Prováveis escalações
Millonarios
Novoa; Vanegas, Moreno, Arias e Hernández; Vega, Juan Pereira e Castro; Ruiz, E. Rodríguez e Carvajal
Técnico: Alberto Gamero
Flamengo
Rossi; Varela, David Luiz, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Pulgar, De La Cruz e Arrascaeta; Luiz Araújo, Everton e Pedro
Técnico: Tite
Estádio: El Campín (Bogotá-COL) Horário: 19 horas
Árbitro: Darío Herrera (ARG)
Reforço para os cofres do clube
Um título da Libertadores é o sonho de qualquer jogador, dirigente e torcedor. Mas para além do icônico troféu e do status de campeão sul-americano, disputar a competição - e avançar várias fases - reforça os cofres de qualquer clube. Ainda mais neste ano, em que a Conmebol anunciou uma premiação recorde.
Quem vencer a final marcada para 30 de novembro, em Buenos Aires, vai embolsar 23 milhões de dólares (R$ 116,1 milhões na cotação atual) só pelo jogo.
Como a premiação é cumulativa desde a fase de grupos - as equipes recebem pela participação na competição, por vitória e pela classificação nas fases seguintes -, o campeão levará um total de 36,2 milhões de dólares (R$ 182,96 milhões, na cotação atual).
Só de entrar em campo na fase de grupos, cada time vai receber 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5 milhões) por partida. Cada vitória nesta primeira fase vale um bônus de mais 330 mil dólares (R$ 1,6 milhão).
Caso o campeão da Libertadores também conquiste o título do Mundial de Clubes, a Conmebol vai dar uma premiação de 5 milhões de dólares para a equipe (cerca de R$ 25,2 milhões).
Para efeito de comparação, a CBF paga, ao todo, cerca de R$ 96,3 milhões para o campeão da Copa do Brasil, caso o time tenha jogado a competição desde a primeira fase. Se o campeão for um time que entrou na terceira fase da competição, a premiação é de R$ 93,1 milhões.
No Campeonato Brasileiro, a CBF pagou R$ 47,8 milhões ao Palmeiras, campeão de 2023.
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