Trabalho e união dos italianos pelo cooperativismo no ES
Agroturismo se consolida como força impulsionado pela herança cultural dos descendentes com apoio das cooperativas
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Há alguns anos, o agroturismo se consolidou como uma força crescente em Venda Nova do Imigrante, impulsionado pela herança cultural dos descendentes de italianos na região e com apoios de cooperativas locais.
Famílias que chegaram há décadas no local abriram as portas das suas propriedades com uma nova forma de receber: os clientes compram produtos após passarem por experiências de degustações e colheita de frutas e legumes, no modelo “colha e pague”.
Nesse cenário, famílias como os Dordenoni Gagno oferecem experiências turísticas diferenciadas. A proprietária da fazenda, Lucilene, que carrega os sobrenomes, viu nos pedidos dos clientes a oportunidade de investir no negócio.
Em parceria com o Sicoob Sul-Serrano, ela construiu quatro espaços para hospedagem dentro da sua propriedade. A instalação é recheada de experiências, como uma banheira no estilo ofurô dentro do quarto. Além disso, os hóspedes podem, por exemplo, colher morangos após o café da manhã.
“Começamos com recursos próprios, mas o apoio do Sicoob foi essencial desde o início. Sem essa parceria, não teríamos alcançado o lugar que estamos hoje. Oferecemos aos turistas uma experiência diferenciada, com vivência no campo e uma estrutura toda pensada para que possamos impressionar”, conta Lucilene.
Da mesma forma, a família Lorenção também desempenha um papel importante no cenário do agroturismo em Venda Nova do Imigrante. Liliane Lorenção é descendente de pioneiros na região. Ela conta que sua família chegou ao Brasil em 1888 e seu pai esteve entre os primeiros a acreditar no projeto de associação que deu origem ao Sicoob.
“A cooperativa sempre foi fundamental em nossas vidas e empreendimentos. A conta do meu pai é a de número 24 e, quando éramos crianças, ele afirmava que no primeiro ano o recurso que investiu retornou multiplicado por dez ao final do ano. Isso motivou muitos agricultores da região a participarem”, conta Liliane.
A família é conhecida por fabricar o Socol, embutido de origem italiana de carne suína, feito do lombo do porco. Com o passar do tempo e dos investimentos feitos, por meio do Sicoob, teve início a venda do produto e, após um tempo, a abertura da propriedade para visitação e degustação, fomentando o agroturismo.
““Oferecemos aos turistas uma experiência diferenciada, com vivência no campo e estrutura toda pensada para impressionar” , Lucilene Gagno, empresária do ramo de turismo em Venda Nova do Imigrante
Casa Nostra celebra os 150 anos
A cidade de Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana do Estado, vai ganhar um espaço para contar a trajetória marcada pelas lutas e superações dos imigrantes italianos.
Trata-se da Casa Nostra, que estará sediada no primeiro distrito turístico do Estado, em Pinbodas.
O projeto piloto do espaço foi executado em 2023, durante a Ruraltures, onde os visitantes puderam vivenciar um momento de deslocamento espaço-tempo, experimentando uma parte desta história.
O projeto retratou uma réplica da casa típica italiana com cômodos e hábitos dos antepassados, incluindo crenças, festas e o compartilhamento da mesa com suas alimentação típica (pães, queijo e polenta).
“Venda Nova do Imigrante é um local acolhedor inserido na Região Montanhas Capixabas, conhecida por sua rica cultura italiana e pelo turismo rural. É também reconhecida como a Capital Brasileira do Agroturismo”, destaca Patrícia Gonçalves Cangussu, gerente da Unidade Regional Serrana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES).
E a forte influência italiana se reflete na gastronomia típica e festivais culturais, proporcionando aos visitantes uma imersão genuína na rica herança dos imigrantes italianos que ajudaram a moldar a identidade única desta cidade capixaba.
A implementação do espaço é realizada pelo Sebrae/ES, pela Prefeitura Municipal de Venda Nova do Imigrante, pelo Convention Montanhas Capixabas e Secretaria de Estado do Turismo.
Parceria com produtores de origem italiana
O cooperativismo cafeeiro foi um grande precursor desse movimento no Espírito Santo. Mas a cafeicultura desenvolvida pelos imigrantes italianos também teve seus altos e baixos.
Para não ficarem reféns de uma única atividade e correrem o risco de perda total ou de parte da produção, muitos deles optaram pela diversificação agrícola. “O café arábica tem a característica de produzir mais em um ano e menos no outro. A gente viu a necessidade de diversificar a produção para ter, nesse ano de colheita mais baixa, um outro produto dentro da propriedade e continuar evoluindo”, explicou o produtor rural descendente de italianos, Jailson Antônio Busato.
Além do café, Jailson cultiva eucalipto em sua propriedade, localizada no município de Marechal Floriano.
Ele é um dos contemplados do Programa de Fomento Florestal, da Suzano, que promove o fornecimento de mudas, assistência técnica e orientações necessárias, inclusive sob o aspecto ambiental, para que o produtor rural cultive a árvore em sua propriedade, com o compromisso de compra pela empresa da madeira produzida.
A parceria é considerada um sucesso pelo consultor externo, Eduardo Martins Dam. “De um lado, temos uma região onde chove muito e os produtores são hiper comprometidos. Do outro lado, há uma empresa competente, que fornece o pacote tecnológico. A junção disso foi um resultado fantástico em nível de maciços florestais”.
“Hoje, a gente tem mais de 72 mil hectares de florestas plantadas no Programa de Fomento Florestal, mais de 77 empresas que prestam serviços para a Suzano e mais de 2 mil contratos em nossa base. A região serrana do estado é muito promissora, tem uma história brilhante e é onde a empresa está apostando muito”, declarou Rodolfo Barboza, supervisor de Negócios Florestais da Suzano.
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