Cilmar Franceschetto: “Passaporte italiano mais rápido no ES do que em Milão”
Enquanto em algumas cidades italianas o documento é emitido em 3 meses, em Vitória é possível conseguir em menos de 30 dias
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Uma documentação farta sobre o Espírito Santo, desde os povos originários, negros e europeus e que ainda vem sendo atualizada. Seu valor histórico é inquestionável para capixabas e para o Brasil.
Esse é o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, que tem como diretor-geral Cilmar Franceschetto, que está à frente da instituição há 29 anos.
Em visita ao Estúdio Tribuna Online, ele falou sobre o trabalho no arquivo e os 150 anos da imigração italiana. Durante a entrevista, revelou um dado curioso.
Atualmente, segundo Cilmar, um dos representantes da comunidade ítalo-capixaba no Consulado da Itália no Rio, é mais rápido conseguir passaporte italiano no escritório consular, em Vitória, do que em Milão, na Itália.
Enquanto em algumas cidades italianas o documento é emitido em três meses, quando há vagas para agendamento, em Vitória é possível conseguir em menos de um mês.
“O Arquivo Público é muito rico nesse contexto da história da imigração, nessa documentação, e de outras origens Cilmar Franceschetto, diretor-geral do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Para requerer o passaporte é preciso ter cidadania italiana e o assunto voltou à tona nos últimos dias, uma vez que o Parlamento italiano analisa um projeto de lei que determina que o reconhecimento da cidadania sem a necessidade de morar no país europeu aconteça só até a terceira geração (bisnetos), caso seja comprovado que a pessoa fale o idioma italiano.
A TRIBUNA – O arquivo já permite a consulta de dados de imigrantes por site e tem o projeto itinerante. Tem ideia de quantas consultas já foram feitas?
Cilmar Franceschetto – Já foram muitos municípios, inclusive alguns mais de cinco vezes. E a gente está indo pela sétima ou oitava vez agora em Santa Maria de Jetibá, por exemplo. É uma documentação farta do século XIX, que diz respeito ao contexto imigratório no Espírito Santo.
A partir de 1995, com o Projeto Imigrantes, catalogando todas essas fontes, criamos uma base de dados informatizados para que todos tivessem acesso.
O nosso diferencial com o Projeto Imigrantes é uma metodologia de pesquisa que aborda a questão do cruzamento das informações.
A gente localiza informações de um imigrante na lista de saída do país, na lista de entrada no Brasil, na hospedaria, na colônia, ou seja, informações sobre o mesmo migrante em diversas fontes.
Você faz parte da Associação Federativa Comunità Italiana que vem organizando as comemorações pelos 150 anos da Imigração Italiana. Como estão essas comemorações?
Essas comemorações tiveram início em 17 de fevereiro celebrando a data de chegada do navio La Sofia aqui em solo capixaba na Baía de Vitória. Mas há ainda outras comemorações. Há um calendário inteiro de comemorações pelos 150 anos da imigração italiana.
Nós já tivemos, inclusive, a abertura da exposição em homenagem ao ex-governador e ex-senador Gerson Camata (1941-2018) em 21 de fevereiro pela Assembleia Legislativa e a Casa também voltará a fazer uma sessão solene em homenagem ao imigrante italiano.
Este ano, temos uma série de realizações por conta de um extenso calendário de vários municípios do interior do Estado que já celebram, mas este ano vai estar muito mais condimentado, vamos dizer assim.
Você faz parte do Comitê dos Italianos no Exterior do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro, que abrange o Estado. Como está o trabalho no escritório consular da Itália em Vitória?
O Sportello Consular está funcionando muito bem, é um braço do Consulado Geral da Itália.
São quantos capixabas com cidadania italiana?
Eu creio que a gente tenha cerca de 35 mil capixabas com cidadania italiana.
E a demanda pelo passaporte como está?
Hoje a gente está numa situação muito privilegiada, porque as pessoas conseguem entrar no site e agendar para menos de um mês até. É um sonho realizado ter uma representação aqui.
O passaporte é feito aqui para quem tem cidadania italiana. Faz o cadastro no site do Consulado Geral e escolhe Vitória. Se mora no Espírito Santo, a pessoa vai enviar os dados e fazer o pagamento no valor de R$ 629,52 no escritório consular em Vitória.
Como está a demanda do Estado em relação a outros locais?
Eu estou frisando que nós estamos num período muito importante, porque, por exemplo, em Milão e Roma hoje você não consegue um passaporte em menos de três meses.
E em algumas cidades italianas não há disponibilidade de data de tanto movimento que está tendo em busca de passaporte. Então, nós estamos em um momento privilegiadíssimo com relação a acesso ao passaporte.
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