“É fundamental rir da própria cara”, diz Marisa Orth
Atriz, que desembarca em Vitória no próximo fim de semana com a peça “Radojka”, conta ao AT2 que a piada sobre si mesmo nunca pode deixar de existir
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Os momentos tristes e ruins são inevitáveis na vida de qualquer ser humano e com a atriz Marisa Orth, 60 anos, não é diferente. Para essas situações, ela tem uma recomendação.
“É fundamental rir da própria cara, continuar se autoavacalhando. Esse tipo de piada não pode nunca deixar de existir”, afirma, ao AT2, durante bate-papo sobre “Radojka”, comédia que desembarca em Vitória no próximo fim de semana.
Escrita pelos uruguaios Fernando Schmidt e Christian Ibarzabal e encenada em 12 países, a peça acompanha duas cuidadoras que trabalham para uma senhora sérvia que morre após um fatídico acidente doméstico.
Diante da situação, elas começam a bolar planos delirantes para não perder o emprego. “Essas duas são totalmente sem caráter, mas como só estão defendendo o delas, a gente pega um amor por essas personagens”.
A insegurança laboral no serviço doméstico e a questão da idade no mundo trabalhista são alguns dos temas discutidos através do espetáculo dirigido por Odilon Wagner.
“É uma comédia que versa sobre o avanço da idade. A começar pela personagem-título, que morre aos 97 anos. E as duas cuidadoras são mulheres com mais de 50 anos”, salienta Marisa.
Sobre as semelhanças com os dilemas de Glória, sua personagem, ela comenta: “Estou com 60 anos, mas tenho trabalhando tanto, graças a Deus... Tenho uma profissão que não sei se obedece necessariamente às regras do mercado de trabalho. Mas isso é uma constante em todos os lugares, né?”, reflete.
De fato, apesar da chegada à terceira idade, a atriz não tem desacelerado. Além de estar em cartaz com “Radojka”, ela tem viajado com “Bárbara”, monólogo inspirado na autobiografia da jornalista Barbara Gancia.
“Estou me preparando com Miguel Falabella para estrear 'Fica Comigo Essa Noite' em Portugal no final do ano”, diz.
Marisa Orth, atriz: "Eu gosto muito de ser comediante"
AT2 - Esteve em Vitória no ano passado com “Bárbara” e agora retorna com “Radojka”. São espetáculos bem diferentes?
Marisa Orth - "Totalmente diferentes. Estilo, concepção e conceito. Primeiro que “Radojka” é feito em dois e “Bárbara” é um monólogo. “Radojka” é uma comédia muito bem escrita, clássica, bem engraçada, de dois uruguaios que têm ganhado prêmios com ela. É ótimo ir para Vitória! Sempre considero ir ao Espírito Santo em minhas turnês."
- Como foi trabalhar com Odilon Wagner e Tania Bondezan?
"Quando iniciei minha carreira, tive um professor que falava muito da Tania. Sempre gostei do trabalho dela. Ela e Odilon estão sempre com peça, possuem uma carreira consistente no teatro, e me apresentaram o espetáculo. E realmente rolou, somos ótimas juntas! E Odilon dirigindo a gente, com dicas preciosas, pois ele também é ator, ficou bem legal."
- “Radojka” dá muito trabalho para as duas cuidadoras?
"Muito! Interpreto a Glória. Me identifico com ela porque podemos perfeitamente ter a mesma idade. Mas ela é meio malandra, espertalhona. Eu não tenho nada de parecido com ela nesse sentido. Eu sou meio trouxa! (Risos)"
- Teria coragem de fazer algo que essas duas inventam em cena?
"Jamais. Para isso que existe o teatro: para mostrar esses absurdos, para a gente conseguir tirar humor de situações como essa."
- Deixaria um parente seu com essas duas cuidadoras?
"Acho que, infelizmente, deixaria, porque supostamente elas não são más cuidadoras. Mas são duas pilantras, né? A gente não conhece de verdade as pessoas. (Risos) Não sei se eu seria esperta ao ponto de não deixar."
- É fácil fazer o público cair na gargalhada?
"Não. É sempre um desafio, porque precisa de ritmo, um pouco de prática. Mas a gente tem um texto que a gente insiste em dizer sempre que é muito bem escrito. Ele tem situações engraçadérrimas e eu tenho bastante experiência com comédia. Tania e eu estamos batendo uma bola ótima!"
- No que depender de você, vai fazer o público cair na gargalhada pelo resto da vida? Ou se imagina de outra forma?
"Me imagino de muitas outras formas. Eu exerço outras formas, até mesmo “Bárbara” exercita outros lados meus, trabalho com emoções e tudo. Mas eu gosto muito de ser comediante, estou muito feliz dessa vez poder divulgar uma peça que é uma excelente comédia."
- Qual o tipo de piada que não dá para rir nunca?
"A piada que não dá para rir é aquela que reforça estereótipos. A que chama a mulher de burra, que chama a velha de caquética... Esse tipo de piada. Isso aí está meio sem graça, né?"
Serviço
“Radojka - Uma Comédia Friamente Calculada”
O quê: Comédia estrelada por Marisa Orth e Tania Bondezan e com direção de Odilon Wagner.
Quando: De sexta-feira a domingo, sempre às 20h.
Onde: Teatro da Ufes, em Goiabeiras.
Ing. (meia): Mezanino a R$ 21 e Térreo a R$ 60.
Venda: Site lebillet.com.br.
Clas.: 12 anos.
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