Vilão do Carnaval, calor afeta shows e eleva atendimentos médicos
Ludmilla, por exemplo, encerrou o bloco O Fervo da Lud uma hora mais cedo nesta terça-feira (13), no Rio de Janeiro
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O calor tem sido vilão no Carnaval neste ano. Tanto no Nordeste quanto no Sudeste, os termômetros ultrapassaram 30ºC , desafiando foliões e artistas. Apresentações foram interrompidas, festas acabaram encurtadas, e os atendimentos médicos dispararam.
A cantora Ludmilla, por exemplo, encerrou o bloco O Fervo da Lud uma hora mais cedo nesta terça-feira (13), no Rio de Janeiro. "O clima a gente não consegue controlar", desabafou a cantora ao ver foliões desmaiando ao redor do trio elétrico.
Às 12h, a temperatura era de 37,2°C na estação meteorológica do Inmet localizada na Marambaia, na zona oeste do Rio, e a máxima prevista até o fim do dia era de 41°C.
Na segunda-feira (12), às 9h, os termômetros já marcavam 30ºC em São Paulo. Moradores da Santa Cecília, no centro, tentaram ajudar os foliões do bloco Espetacular Charanga do França jogando água de seus prédios através de mangueiras. Era, porém, batalha perdida contra o sol.
No domingo (11), a cantora Pabllo Vittar interrompeu o show no Ibirapuera, na zona sul, ao ver fãs passando mal e sendo carregados. Uma foliã convulsionou na grama e foi socorrida por amigos. Após mais de 40 minutos de interrupção, parte do público desistiu e trocou o Carnaval por um passeio no parque. "Tentamos assistir e não conseguimos", disse Heloíza dos Santos, 18. "Estava um forno."
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, foram realizados 492 atendimentos nos postos médicos dos megablocos no sábado (10), 993 no domingo (11) e 552 na segunda (12). As principais causas de atendimento foram náusea, vômito, enxaqueca e ferimentos.
Em Salvador, entre quinta (8) e segunda (12), mais de 4.300 foliões foram atendidos nos 15 módulos da Secretaria Municipal da Saúde instalados nos circuitos da folia. Apenas na segunda, 98 pessoas deram entrada com pressão baixa, quadro de irritabilidade e boca seca devido à desidratação e aos quase 35°C.
Na tentativa de baixar a sensação térmica, os foliões recorreram a uma série de estratégias. Entre elas, garrafas plásticas com gelo foram usadas para refrescar a água adquirida a R$ 5 com os ambulantes paulistanos ou entregue gratuitamente pelas companhias de água e prefeituras.
A oferta de água grátis se tornou obrigatória em eventos de grande porte em novembro do ano passado, após Ana Clara Benevides, 23, morrer em decorrência de exaustão térmica no show da cantora Taylor Swift, no Rio.
Ana passou mal em 17 de novembro, no dia da apresentação de Swift no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. Na ocasião, o termômetro marcava perto dos 40ºC. Exposta ao calor, a universitária teve uma parada cardiorrespiratória com um quadro de choque cardiovascular e comprometimento grave dos pulmões, o que evoluiu para a sua morte súbita.
O laudo também indicou que a fã teve um rompimento dos vasos sanguíneos que irrigam os pulmões e paralisação de vários órgãos pela exposição ao calor. Ana não havia ingerido álcool ou qualquer substância tóxica.
RISCOS DO CALOR
De acordo com o Ministério da Saúde, o excesso de exposição ao sol e ao calor intenso pode levar a temperatura corporal a ultrapassar os 40ºC, fazendo com que o mecanismo de transpiração falhe e o corpo não consiga se resfriar.
Além disso, quando ao calor é somado o consumo de bebida alcoólica, o risco aumenta. O álcool inibe um hormônio que auxilia o organismo a evitar a perda de líquido. Sem essa ajuda, o indivíduo que ingere muita bebida alcoólica produz mais urina e fica mais propenso à desidratação.
No começo, os principais sintomas da insolação são dor de cabeça; tontura; náusea; pele quente e seca;
pulso rápido; temperatura elevada; distúrbios visuais e confusão mental.
Dependendo do tempo de exposição ao sol, os sintomas podem se agravar e incluir, entre outras coisas, respiração rápida e difícil; palidez; desmaio; convulsão; e extremidades arroxeadas.
Em casos mais graves ou quando não tratada adequada e imediatamente, a insolação pode provocar diversas complicações em órgãos vitais, como o cérebro, o coração e os rins, e levar ao coma e à morte.
O QUE FAZER?
Em caso de insolação, há uma série de medidas para baixar a temperatura corporal lenta e gradativamente até a chegada de um médico:
Remover a pessoa para um local fresco, à sombra e ventilado; remover o máximo de peças de roupa; se estiver consciente, a pessoa deverá ser mantida em repouso e recostada (cabeça elevada); pode-se oferecer bastante água fria ou gelada ou qualquer líquido não alcoólico; se possível, deve-se borrifar água fria em todo o corpo da pessoa, delicadamente; podem ser aplicadas compressas de água fria na testa, pescoço, axilas e virilha; tão logo seja possível, a pessoa deverá ser imersa em banho frio ou envolta em panos ou roupas encharcadas. Em casos graves, a orientação do ministério é que seja procurado atendimento médico de emergência. O melhor cenário é levar a pessoa imediatamente ao hospital ou solicitar apoio do Samu pelo telefone 192.
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