“Não quero virar cover de mim mesmo”, diz Humberto Gessinger
Artista, que faz show em Vitória no próximo sábado, diz que não fica preso somente aos sucessos do passado
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Ficar preso ao passado é algo que, definitivamente, o cantor, compositor e multi-instrumentista Humberto Gessinger, 60, não quer. Os fãs do ex-líder dos Engenheiros do Hawaii têm consciência disso e acompanham as novidades da carreira solo do artista, sempre produtiva.
“É um público muito atento, ligado nas nuances de cada fase, isso é muito bom. Meu público entende que não quero virar um cover de mim mesmo. Adoro tocar os vários clássicos do passado. Mas sem esquecer que o tempo não para”, afirma o gaúcho em bate-papo com o jornal A Tribuna.
A prova da dedicação dos amantes de seu som é que “No Delta dos Rios”, canção presente em seu mais novo álbum, “Quatro Cantos de um Mundo Redondo”, está entre as cinco músicas mais executadas do artista no Spotify.
Seu 23º disco dá nome à atual turnê de Gessinger, que chega a Vitória no próximo sábado (02). Leitores e assinantes de A Tribuna podem concorrer a ingressos para o show acessando o link da promoção, disponível aqui, e preenchendo o formulário com seus dados. Os sorteios vão acontecer na quinta-feira (29).
Na apresentação, o gaúcho mescla sucessos dos seus 38 anos de carreira com as novidades do atual projeto. “Escolhi as músicas que, além do valor em si, dialogam bem com os clássicos do repertório, às vezes reforçando um determinado clima, às vezes criando contraste, num jogo de claro/escuro”, conta.
“Quatro Cantos de um Mundo Redondo” foi lançado em quatro etapas no digital, de acordo com cada formação apresentada no trabalho (power trio, trio acústico, quarteto e solo).
“Estes dois lados, leve e pesado, sempre fizeram parte do meu som, desde o início com os Engenheiros do Hawaii. Com a companhia certa, é possível fazer tudo com uma mesma formação. No disco é mais fácil radicalizar e montar várias formações”.
O álbum, que traz ainda canções como “Fevereiro 13” e “AEIOU”, foi lançado digitalmente, mas também nos formatos LP e K7.
“Cada um dos formatos tem seus prós e contras. No final das contas estes são só os suportes, a música em si está no coração e na mente das pessoas”.
Serviço
Humberto Gessinger
- O quê: O músico gaúcho apresenta show da sua nova turnê, “4 Cantos de um Mundo Redondo”. Na sequência, Ubando.
- Quando: No próximo sábado (02), às 21h30.
- Onde: Espaço Patrick Ribeiro, no Novo Aeroporto de Vitória.
- Ing.: A partir de R$ 120 (Pista/4º lote/meia).
- Venda: Site blueticket.com.br.
- Clas.: 16 anos. Menores devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis.
Humberto Gessinger cantor e compositor: “Às vezes, o glamour é vazio”
A Tribuna - Quem são os músicos que te acompanham nessa turnê?
Humberto Gessinger - Na estrada, Rafa Bisogno na bateria e Felipe Rotta no violão e guitarra. A mesma formação desde 2017, com um DVD e três discos gravados. Estaremos juntos em Vitória.
Como avalia seu crescimento profissional desde 2008, quando deixou o Engenheiros do Hawaii?
Como performer, acho que aprendi muito e continuo aprendendo a cada dia. Gosto mais da maneira como toco e canto hoje do que no passado. Como compositor, acho que não mudei muito. Desde cedo eu sabia o que queria e o que poderia fazer com letra e música.
Depois de “Parabólica”, compôs para o novo álbum outra música inspirada na sua filha, Clara: “Fevereiro 13”. O que mais essas duas canções têm em comum? Por que atravessar o oceano para gravá-la?
Clara mora em Estocolmo, na Suécia. A cidade faz parte da canção, então nada mais natural do que gravar lá. “Fevereiro 13” e “Parabólica” têm em comum o tema da saudade e distância.
Como foi gravar “Fevereiro 13” num estúdio onde passaram nomes como Abba, Roxette e Lenny Kravitz? Acredita na energia de um ambiente?
Acredito que, com sensibilidade, a gente pode se alimentar da boa energia de certos locais. Sem falar do lado tecnológico, dos instrumentos e equipamentos que também fazem a diferença.
Chegou a falar que se soubesse que o Engenheiros do Hawaii mudaria sua vida, você teria escolhido outro nome. Teria mesmo?
Sou tão grato por tudo que me aconteceu que eu não arriscaria mudar nada. Mas, de fato, o nome é uma brincadeira, ao contrário da minha relação com a música, que é muito séria. Estudei Arquitetura e nem sei nadar, nada a ver com engenharia e surfe. Mas era o espírito da época. Nomes com pitadas 'nonsense' eram bem comuns.
Já pensou na possibilidade de voltar a se apresentar como Engenheiros do Hawaii? Em algum momento se arrependeu de deixar o nome que mudou a sua vida para trás?
Não me arrependo. Parei de usar o nome por acaso, pois havia gravado o disco “Insular” com muitas participações e sem uma banda fixa. Mas acabei sentido que foi muito bom. Desglamourizou um pouco o meu trabalho, e acho isso bom.
Às vezes, o glamour é vazio e o nome, só uma grife que faz com que as pessoas parem de prestar atenção no que estão vendo e ouvindo e fiquem mais passivas.
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