Novo ensino médio: MEC estuda incluir matéria e proibir aulas a distância
Propostas sobre a nova disciplina vão ser enviadas ao Congresso
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Resultado de uma consulta pública, as propostas para a reestruturação do ensino médio foram divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Entre os principais pontos está a ampliação da carga horária das disciplinas obrigatórias, a inclusão da disciplina de Educação Digital e a proibição de aulas a distância na formação básica.
Nas escolas do Estado, a subsecretária de Educação Básica e Profissional da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Andrea Guzzo, explica que a nova disciplina voltada à tecnologia é trabalhada nas matérias optativas, como em Mídias Digitais.
“O desenvolvimento do tema na formação básica é um desafio. Vamos aguardar orientações do MEC para saber como será a definição”, afirmou.
Já sobre o ensino a distância, a proposta do Ministério é a proibição da modalidade, mas o uso de até 20% da carga horária na oferta para a Educação Profissional Técnica seria permitido.
No Estado, 20% da carga horária é disponibilizada nesta modalidade para o ensino médio noturno, mas apenas para as disciplinas escolhidas pelos alunos, informou a subsecretária Andrea Guzzo.
Uma das principais alterações no modelo atual seria a ampliação da carga horária das disciplinas obrigatórias, que fazem parte da formação geral básica, de 1.800 horas para até 2.400 horas.
Por outro lado, as disciplinas que são escolhidas pelos alunos, hoje chamadas de itinerários formativos, agora vão se chamar percursos de aprofundamento e integração de estudos.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Elas serão reduzidas de cinco para três: Linguagens, matemática e ciências da natureza; Linguagens, matemática e ciências humanas e sociais; e Formação técnica e profissional.
O diretor escolar e especialista em Educação Juliano Campana pontua que o aumento da carga horária exigiria que as escolas adotassem o ensino em tempo integral, além de maiores investimentos em infraestrutura.
“O estreitamento da carga horária prejudicou a formação básica e a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A proposta de ampliação é um ajuste extremamente necessário”.
O documento segue para a avaliação do setor educacional e dos órgãos normativos. Eles podem enviar considerações até o dia 21 de agosto. Em seguida, a versão final do relatório será enviada para votação no Congresso Nacional.
Você sabia?
A Lei do Novo Ensino Médio (nº 13.415/2017) torna o inglês obrigatório desde o 6º ano do ensino fundamental até o ensino médio. Os sistemas de ensino podem ofertar outras línguas estrangeiras se assim desejarem, preferencialmente o espanhol.
Aposta em projetos de tecnologia
Os estudantes Esthevão Bandeira, de 17 anos, e Emily dos Santos, de 18, optaram por aprofundar seus conhecimentos na área de tecnologia, dentro da proposta do Novo Ensino Médio.
Os chamados itinerários formativos permitem a escolha de disciplinas com base na área de maior interesse do aluno.
Esthevão e Emily estudam na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Major Alfredo Pedro Rabayolli, em Mário Cypreste, Vitória.
A unidade tem o selo de Escola do Futuro, um certificado que incentiva a inovação em sala de aula.
Uma das novidades nos projetos da escola é uma impressora 3D, que faz parte das aulas voltadas à tecnologia.
Mais de 100 mil pessoas ouvidas na consulta
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), 139.159 pessoas foram ouvidas pela canal do WhatsApp criado para recebimento das sugestões.
Deste total, 102.338 foram estudantes, 1.075 jovens que não se identificaram como estudantes, 30.274 professores e 5.480 gestores. Além disso, 11.024 pessoas responderam a consulta pela plataforma Participa + Brasil.
As informações do sumário foram coletadas no período de 9 de março a 6 de julho. Além da consulta on-line, o tema foi debatido no Encontro Nacional de Estudantes, em Brasília, em 12 webinários, quatro audiências públicas e em cinco seminários.
O MEC também recebeu 16 entidades e sete documentos com análises e proposições sobre o Novo Ensino Médio.
Entre outras propostas, o Ministério promoverá a permanência dos estudantes, em especial os mais vulneráveis, com fomento da oferta de Educação Profissional Técnica e perspectiva de ampliação das matrículas em tempo integral.
SAIBA MAIS
Carga horária vai chegar a 2.400 horas
Algumas propostas
Carga horária das disciplinas obrigatórias
- Proposta de Recompor acarga horária destinada à Formação Geral Básica (FGB), que são as -disciplinas obrigatórias, para 2.400 horas.
- no atual modelo, são 1.800 horas destinadas à formação básica.
- No caso dos cursos técnicos (de 800 e 1.000 horas), seria fixado o mínimo de 2.200 horas.
- Para cursos técnicos de 1.200 horas, a prioridade é a ampliação de jornada, por meio do - Programa Escola em Tempo Integral.
Nova disciplina
- Educação digital passaria a compor a formação básica.
- Ela se somaria às disciplinas de Arte, Educação Física, Literatura, História, Sociologia, Filosofia, Geografia, Química, Física, Biologia, Inglês, Espanhol (alternativamente), além de Português e Matemática.
Disciplinas escolhidas pelo aluno
- Antes chamadas de itinerários formativos, elas passariam a ser identificadas como percursos de aprofundamento e integração de estudos.
- Redução de cinco para três áreas. São elas: Linguagens, matemática e ciências da natureza; Linguagens, matemática e ciências humanas e sociais; e Formação técnica e profissional.
Aulas a distância
Proibição ao uso de educação a distância na formação básica.
Uso de até 20% na oferta para a Educação Profissional Técnica seria permitido.
Novo Ensino Médio
- Política aprovada em 2017 definiu que parte da carga horária (40% do total) seria escolhida pelos estudantes conforme área de maior interesse. Os outros 60% ficam reservados para as disciplinas regulares.
- Lei deu prazo de até 2024 para que todos os três anos do ensino médio estejam sob o novo modelo. O cronograma foi suspenso para a fase de consulta pública.
Fonte: MEC e pesquisa A Tribuna.
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