Lilian Bacich: “Precisamos que os estudantes consigam resolver problemas reais”
Doutora em Psicologia Escolar defendeu a união da tecnologia com viés de inovação, para que o estudante solucione situações da comunidade onde vive
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Na busca por uma educação que desenvolva nos alunos competências como criatividade, pensamento crítico, comunicação e colaboração, abordagens que desafiam estudantes a buscarem soluções de problemas têm ganhado mais espaço.
“Precisamos que os alunos reflitam e resolvam problemas reais, da realidade deles e de suas comunidades”, defendeu a especialista em Educação Lilian Bacich, durante a 2ª edição de 2024 do Meeting Tribuna de Educação.
“Precisamos que os alunos reflitam e resolvam problemas reais, da realidade deles e de suas comunidades”, defendeu a especialista em Educação Lilian Bacich, durante a 2ª edição de 2024 do Meeting Tribuna de Educação.
O evento, que aconteceu nesta quarta-feira (23) no Cerimonial Ferrari, no bairro Santa Lúcia, em Vitória, reuniu mais de 600 pessoas, entre educadores, gestores, entusiastas da educação, além de autoridades.
Entre os presentes estava o governador do Estado, Renato Casagrande, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, além de secretários de Educação, representantes das escolas particulares e o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Marcelo Santos.
Com o tema “Steam e Inovação: Caminhos para a Gestão Educacional”, a palestrante Lilian Bacich explicou o conceito por trás da sigla. A educação Steam, segundo ela, teve origem nos Estados Unidos e integra áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharia, Artes e Matemática.
“Quando a gente leva o Steam para a sala de aula, é para ajudar esse aluno a refletir sobre como resolver problemas. Só que não é qualquer problema. Precisamos que os alunos possam refletir e resolver problemas reais, do seu contexto, da sua comunidade e do seu entorno”, ressaltou.
Ela ainda destacou o debate que se faz hoje a respeito da tecnologia. “Hoje em dia a gente tem uma demanda muito grande na nossa sociedade sobre o papel da tecnologia na educação. Alguns falam em tirar os celulares da escola”.
Sobre o tema, Lilian defendeu a união da tecnologia com viés de inovação, ao levar o estudante para contextos significativos em que ele precisa resolver problemas da sua comunidade que façam sentido para ele.
“Para isso, ele vai usar as áreas de conhecimento. É preciso quebrar um pouco aquele paradigma de que a educação é um professor que fala, o aluno ouve e depois o aluno vai e responde o que ele aprendeu numa prova”.
Perfil
Lilian Bacich
Pós-doutoranda no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). É doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, mestre em Educação: Psicologia da Educação, Bióloga e Pedagoga.
Com experiência na área de Educação, atuou por 28 anos na Educação Básica, na graduação e na pós-graduação.
Organizadora dos livros: Psicopedagogia: teorias da aprendizagem; Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação e Metodologias ativas para uma educação inovadora e Steam em sala de aula.
O que a palestrante disse sobre
Steam
O termo Steam surgiu nos Estados Unidos e nada mais é do que a abreviação de Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics, ou seja, é uma abordagem que tem como objetivo fomentar a integração das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.
Nesse sentido, o Steam tem sido usado nas escolas tendo como base a resolução de problemas. Sendo assim, o aluno coloca “a mão na massa” e propõe soluções integrando diversas áreas do conhecimento.
Tecnologia na escola
“Hoje, temos uma demanda muito grande na sociedade para a inserção da tecnologia nas escolas, assim como a gente tem desafios em relação à tecnologia. Então, se fala 'vamos tirar os celulares da escola'.
O que eu defendo é que a gente pode juntar essa tecnologia com viés de inovação quando a gente leva o estudante para contextos significativos, em que ele tem que resolver problemas da sua comunidade que façam sentido para ele. Para isso, ele vai usar as áreas de conhecimento”.
Quebra de paradigma
“É preciso quebrar um pouco aquele paradigma de que a educação é um professor que fala, o aluno ouve e depois o aluno responde o que aprendeu em uma prova. Temos que dar condições para esse aluno interagir com contextos reais e significativos, em que ele pode usar a tecnologia, a arte, a ciência, a matemática para resolver problemas reais”.
Steam é abordagem
“A gente não chama Steam de uma metodologia. Isso porque o Steam, por si só, não tem um passo a passo para ensinar. Então, a gente diz que ele é uma abordagem em que eu posso usar diferentes metodologias para colocar o Steam em ação. De preferência, têm que ser metodologias ativas”.
Descoberta
“O 'S' de Steam se refere à Ciência. E nesse sentido, não estamos falando de letramentos científicos, de investigação. Ciência é colocar o aluno para ele tentar descobrir coisas, para investigar. Não trazer pronta a informação para ele, mas dar oportunidade para ele trazer.”
Tecnologia
“A gente comete um equívoco de achar que tecnologia é só a digital. Não é. Tecnologia significa aplicar os conhecimentos acumulados para criar algo novo, para melhorar o processo. Hoje, a gente tem a tecnologia digital, a inteligência artificial. Como toda tecnologia, tem um lado positivo e um lado negativo, dependendo do uso que a gente faz dela.
Uma faca tem um lado positivo e um negativo, dependendo do uso que eu fizer dessa faca. O mesmo vale para inteligência artificial ou qualquer tecnologia digital que eu tiver na mão. Então, a gente tem que ter capacidade de não “endeusar”, mas também não tirar da nossa frente. Temos que pensar o uso que a gente está fazendo”.
Sem probleminhas
“Na Matemática, o Steam está inserido no pensamento crítico, lógico, analítico e na resolução de problemas. Mas não é de probleminhas do tipo 'João foi à feira e comprou 20 melancias, 5 melões, 5 laranjas, por exemplo. Não, são problemas que fazem sentido. Que realmente levam o aluno a se deparar com a situação que ele tem que resolver”.
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