Como fica o Enem com as mudanças do ensino médio
Mudança na carga das disciplinas é uma das alterações mais significativas, apontam escolas. Modificações devem impactar Enem
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O novo ensino médio chegou para ficar. Entre as mudanças está a carga horária destinada às disciplinas de formação geral básica e aos itinerários formativos. Com as modificações, um novo modelo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está sendo preparado.
A sexta e última versão da reforma do novo ensino médio foi aprovada na última terça-feira (09) pela Câmara dos Deputados. O texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Michel Batista, coordenador de Currículo Brasileiro no Ensino Médio da Escola Americana de Vitória, observou que os alunos terão uma carga de 3 mil horas na jornada do ensino médio.
“Destas, teremos um piso de 2.400 horas da formação geral básica e um piso de 600 horas das disciplinas optativas, que são os chamados itinerários formativos.”
Os alunos terão de cursar, obrigatoriamente, em todas as séries, as disciplinas de Matemática, Português, Inglês, Artes, Educação Física, e também as de ciências da natureza (Biologia, Física e Química) e as de ciências humanas (Filosofia, História, Sociologia e Geografia). As demais disciplinas podem variar de acordo com a série.
Já os chamados itinerários formativos são o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo que os alunos poderão escolher.
Soraya Coutinho, coordenadora pedagógica do ensino médio da Crescer PHD, comentou que a sanção do texto final está sendo esperada para que a rotina da escola seja adaptada à nova realidade, que impactará o Enem.
“Em 2027, nossa expectativa é que a prova cubra uma parte do currículo a cada dia, ou seja, uma prova para formação geral básica e outra dos itinerários formativos.”
Daniel Rojas, diretor da Madan, frisa que as mudanças são simples. “O que houve foi só a reorganização da carga horária.”
Conquista
Helton Sena, coordenador do ensino médio do Marista, comemora: “Foi uma conquista o acréscimo de carga horária para os componentes curriculares”.
Bruno Loyola Del Caro, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Estado do Espírito Santo (Sinepe/ES), afirma que a expectativa é que o novo currículo torne o ensino médio mais atrativo para os adolescentes, “com maior engajamento e diversidade de ofertas, para tornar a escola um lugar de aprendizado com escolhas”.
Como é agora e como fica com a proposta
Aumento da carga horária obrigatória
Como é atualmente: 1.800 horas para disciplinas obrigatórias (previstas na Base Comum Curricular) e 1.200 horas para disciplinas optativas (itinerários formativos escolhidos pelo aluno ou curso técnico).
Como ficará com a proposta aprovada: 2.400 horas para disciplinas obrigatórias e 600 horas para disciplinas optativas.
Disciplinas obrigatórias
Como é atualmente: apenas Português e Matemática são obrigatórias em todos os anos do ensino médio, além de Educação Física, Arte, Sociologia e Filosofia.
Como fica com a proposta aprovada: disciplinas obrigatórias em todos os anos: Português, Inglês, Artes, Educação Física, Matemática, Ciências da Natureza (Biologia, Física, Química) e Ciências Humanas (Filosofia, Geografia, História, Sociologia). Espanhol será facultativo.
Ensino técnico
Como é atualmente: 1.800 horas de disciplinas obrigatórias e 1.200 horas para o ensino técnico.
Pela proposta aprovada: 2.100 horas de disciplinas obrigatórias, com 300 horas podendo ser destinadas a conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) relacionados à formação técnica. Até 1.200 horas para o curso técnico.
Ensino a distância
Como é atualmente: A legislação permite atividades on-line e convênios com instituições de educação a distância.
Como ficou com a proposta aprovada: A carga horária da formação geral básica deve ser oferecida presencialmente, com ensino mediado por tecnologia permitido em casos excepcionais.
Itinerários formativos
Como é atualmente: as redes de ensino definem a quantidade e o tipo de itinerários formativos ofertados.
Como fica com a proposta aprovada: cada escola deve ofertar no mínimo dois itinerários (exceto aquelas que oferecem ensino técnico).
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