Vitória PetroShow: novas áreas de petróleo vão criar mais empregos e negócios no ES

O dia 17 de junho promete entrar para a história da economia do Espírito Santo. É para essa data que está marcado o leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que vai ofertar 10 blocos para exploração na Bacia de Campos no litoral sul capixaba.

A entrada de mais empresas vai manter a atividade petrolífera no ES, além de criar oportunidades de negócios e empregos. As cifras envolvidas impressionam: R$ 130 bilhões na fase desenvolvimento e R$ 100 bilhões na produção, num período de 25 anos.

As chances profissionais serão variadas, com destaque para funções como engenheiros mecânicos; químicos petrolíferos, ambientais e navais; e especialistas nas áreas de logística e transporte, segundo o subsecretário de Estado da Integração e Desenvolvimento Regional, Celso Guerra.

Há potencial de estimular uma gama de outros investimentos, criando oportunidades para diversas profissões, apontou Guilherme Mercês, economista e sócio da Aurum Tank, consultoria especializada no segmento, que apresenta hoje estudo sobre o assunto na feira Vitória Petro Show, na capital.

Ele citou a indústria naval entre os setores requisitados, incluindo o Estaleiro Seatrium Aracruz.

“A gente não está falando só da atividade de exploração, a gente tem indústrias nessa cadeia, tem toda a atividade de serviços, acessórios, desde transporte logístico até alimentação preparada para atender plataformas”, afirma.

Novas indústrias desses segmentos devem ser atraídas para a região Sul, como busca o governo.

A indústria metalmecânica foi citada como destaque em novos negócios pelo consultor Durval Vieira de Freitas, CEO da DVF Consultoria, com larga experiência na área. Ele citou fornecedores de bombas e guindastes, por exemplo.

Além disso, há os fornecedores de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), de materiais elétricos e mecânicos, de automação.

Há ainda chances de contratos para confecções e outras empresas de vestuário, para fornecer uniformes, bem do setor de alimentação.

“Haverá oportunidades também para transportar os profissionais para as plataformas, como pilotos de helicópteros. Por dia, cerca de 20 voos saem do aeroporto de Vitória para atender as 13 plataformas FPSOs (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Transferência)”.

Mão de obra é desafio para técnicos e nível superior

Embora comemore a retomada do mercado offshore de petróleo no Estado, o CEO da DVF Consultoria, Durval Vieira de Freitas, falou sobre uma realidade preocupante: a escassez de mão de obra, principalmente para alguns cargos técnicos e de nível superior.

As remunerações, segundo ele, variam de R$ 6 mil a R$ 30 mil para os que trabalham embarcados, conforme o perfil de cada empresa e profissional. Ele citou alguns exemplos, como técnico de operação de plataforma, operadores de equipamentos, operadores de máquinas pesadas, profissionais de manutenção mecânica e de manutenção elétrica.

Na graduação, a demanda é alta para profissionais que operam equipamentos especiais, com robôs. Durval falou sobre outros cargos muito requisitados, como engenheiros eletricista e mecânico.

“O mercado está aquecido. Se souber Inglês, é melhor ainda. Só que infelizmente, essa escassez de mão de obra tem levado as empresas a buscar profissionais fora, até mesmo no exterior.”

Governo quer inclusão de todo o Estado na Sudene

Para garantir a atração de investimentos ao Sul do Espírito Santo com a atividade petrolífera, o secretário de Estado do Desenvolvimento, Sérgio Vidigal, tem como bandeira a inclusão de todo o Espírito Santo na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que oferece benefícios fiscais para as empresas.

“Temos o desafio de tornar o Espírito Santo competitivo sem os incentivos fiscais e o potencial logístico é o principal foco. Mas incluir na Sudene seria ideal”, frisou o subsecretário de Estado da Integração e Desenvolvimento Regional, Celso Guerra.

Ele citou ainda entre os esforços para incrementar a competitividade do Espírito Santo a viabilização de investimentos em infraestrutura, como a duplicação da BR-101 e a construção de ferrovias, como a EF-118, cujo primeiro trecho é planejado para ligar Santa Leopoldina a Anchieta, a ser construído pela Vale.

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Oportunidade

O 5º ciclo da Oferta Permanente, nome dado ao leilão que ocorrerá em 17 de junho na B3 (Bolsa de São Paulo), vai ofertar 10 blocos para exploração de petróleo e gás na parte capixaba da Bacia de Campos.
Ele tem o potencial de triplicar as reservas atuais do ES, e podem, junto aos campos atualmente em desenvolvimento, alçar a produção ao dobro do patamar atual.
A estimativa é de que, no local, haja reservas não exploradas de 1,5 bilhão de barris de petróleo e de 100 bilhões de metros cúbicos de gás natural.
Os licitantes, ou seja, as empresas que derem um lance, deverão comprovar um patrimônio líquido de no mínimo R$ 283,2 milhões, se qualificando como “Operador A”.

Investimentos estimados

Pelo menos R$ 465 milhões serão investidos em todas as fases do projeto, considerando a exploração (busca por poços), desenvolvimento (montagem da estrutura) e produção (retirada, de fato, dos recursos naturais).
Durante o programa exploratório, serão cerca de R$ 235 milhões gastos, como estima a consultoria Aurum Tank. Já no desenvolvimento, são esperados investimentos da ordem de R$ 130 bilhões.
Na fase de produção, os recursos deverão chegar a R$ 100 bilhões, divididos na operação dos projetos, de cerca de 25 anos.

Experiência

A busca por profissionais qualificados, no entanto, é um dos principais desafios e foco das políticas educacionais do governo estadual, segundo o subsecretário de Estado de Integração e Desenvolvimento Regional, Celso Guerra.
Segundo ele, as empresas precisam de profissionais com experiência, que saibam atuar.
Mais bens como máquinas, equipamentos, insumos industriais e serviços de transporte, manutenção e alimentação, por exemplo, também serão mais procurados com o aumento da produção local do combustível.
O edital de leilão estabelece que cerca de 30% dos valores de investimento sejam destinados a “Conteúdo Local”, ou seja, que o valor precisa ser gasto dentro do Brasil.
Essa exigência poderá alavancar a indústria de bens e serviços no Estado, com cerca de R$ 40 bilhões investidos nacionalmente para a implementação dos projetos.
Os sete Portos, sendo um público e seis privados, além dos três estaleiros no Espírito Santo, poderão participar deste novo ciclo de exploração e produção ao oferecerem serviços de importação de bens, manutenção, construção de plataformas e instalações de superfície.