Sedã esportivo da Mercedes troca motor V8 por 2.0 híbrido; veja teste
Até então, a versão mais potente do sedã médio Classe C preparado pela divisão esportiva AMG trazia o 4.0 de oito cilindros sob o capô
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Os míticos motores V8 estão perdendo espaço no mundo automotivo. O motivo é a necessidade de reduzir as emissões de poluentes, que norteia as estratégias das montadoras. Ainda assim, algumas mudanças mais radicais ainda causam surpresa. Foi o que ocorreu na linha Mercedes.
Em 2022, a marca alemã confirmou que o novo C 63S seria equipado com um motor 2.0 biturbo híbrido. Até então, a versão mais potente do sedã médio Classe C preparado pela divisão esportiva AMG trazia o 4.0 de oito cilindros sob o capô. O lançamento no Brasil ocorreu em julho de 2024.
A mudança foi ainda mais surpreendente diante da estratégia da concorrente BMW, que manteve o 3.0 com seis cilindros em linha (510 cv) na geração atual do esportivo M3, lançado em 2021. Na comparação de desempenho na pista, houve perdas e ganhos.
O C 63S precisou de apenas 3,5 segundos para ir do zero aos 100 km/h, segundo medição feita pelo Instituto Mauá de Tecnologia. Já o M3 cumpriu a prova em quatro segundos.
O resultado só foi possível com o uso da eletricidade. O sistema híbrido plug-in desse Mercedes oferece 204 cv extras e torque imediato. No total, são 680 cv de potência. Para comparar, o antigo 4.0 V8 turbinado oferecia 476 cv. O peso do conjunto, entretanto, prejudicou a retomada.
Com 2.165 quilos, o AMG C 63S levou três segundos para ir dos 80 km/h aos 120 km/h, enquanto o BMW (1.730 quilos) precisou de 2,2 segundos. São números que fazem diferença em um track day, competição em que o mais importante é fazer a volta mais rápida no circuito de um autódromo.
A comparação entre os sedãs alemães mostra os desafios atuais dos carros esportivos premium. É um dos segmentos mais rentáveis para as montadoras, mas cujo público ainda olha com desconfiança para os motores pequenos e eletrificados. Em janeiro, Michael Schiebe, CEO da AMG, admitiu à revista inglesa Car que perdeu clientes fiéis ao V8.
Para contornar o problema, a marca alemã destaca as vantagens do híbrido plug-in. A bateria permite rodar pouco mais de 10 quilômetros no modo 100% elétrico, mas seu papel é colaborar com o alto desempenho.
No uso cotidiano, o C 63S é mais dócil que o BMW M3. A Mercedes equilibrou bem a suspensão firme com as características de um sedã de luxo. Mas não dá para confundir esse AMG com uma versão convencional do Classe C.
As dimensões são diferentes. O esportivo tem 9 cm a mais de comprimento e 8 cm extras na largura. A diferença pode ser atribuída aos aparatos aerodinâmicos da carroceria.
Outra diferença está no volume do porta-malas. Enquanto o C 200 tem 455 litros de capacidade, o C 63S oferece 280 litros. Parte do espaço é tomado pelo conjunto elétrico.
Esse é o dilema do sedã esportivo da Mercedes: embora seja confortável o suficiente para ser usado fora das pistas como um carro de luxo, é limitado para uma viagem de família. Mas para quem está disposto a gastar mais de R$ 900 mil em um modelo de alto desempenho, vale prestar atenção nesse supercarro eletrificado.





MERCEDES C 63S E Performance
Preço: a partir de R$ 907 mil (janeiro/2025)
Motorização: motor a gasolina, 1.991 cm³ ( 476 cv), que trabalha em conjunto com motor elétrico (204 cv)
Potência combinada: 680 cv
Torque combinado: 104 kgfm
Transmissão: tração integral, câmbio automático de nove marchas
Bateria: íon-lítio, 6,1 kWh
Pneus: 265/35 R20 na frente, 275/35 R20 atrás
Peso: 2.165 kg
Porta-malas: 280 litros
Comprimento: 4,84 m
Largura: 1,90 m
Altura: 1,44 m
Entre-eixos: 2,88 m
Aceleração (0 a 100 km/h, em segundos): 3,5
Retomada (80 km/h a 120 km/h, em segundos): 3
Consumo urbano (km/l): 7,2
Consumo rodoviário (km/l): 14,5
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