Preço cai e painéis solares viram cercas
“Invasão” de placas que geram energia a partir do Sol produzidas pela China leva famílias a reduzir custos com a instalação em telhados
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Os painéis solares se tornaram tão baratos que estão sendo usados para construir cercas de jardim na Holanda e na Alemanha, à medida em que um crescimento na produção chinesa satura o mercado global.
Os painéis capturam menos luz quando usados como cercas em vez de nos telhados, mas o processo economiza nos custos de instalação, segundo analistas.
“Isso é resultado dos painéis solares ficarem tão baratos que estamos simplesmente os colocando em todos os lugares. Uma vez que o custo de instalação — mão de obra, andaimes — é a maior parte do custo de um sistema no telhado, pode fazer sentido”, disse Jenny Chase, principal analista solar da BloombergNEF.
“Por que construir uma cerca quando você pode simplesmente instalar um monte de painéis solares, mesmo que não estejam alinhados exatamente com o sol?”, diz Martin Brough, chefe de pesquisa climática no BNP Paribas Exane.
“Onde os painéis são incrivelmente baratos, as restrições acabam se tornando os custos de instalação e os locais… Você adquire um pouco da mentalidade do faça você mesmo”, complementou.
O fornecimento global de painéis solares atingirá 1.100 gigawatts até o final deste ano, ou três vezes a previsão atual de demanda, estima a Agência Internacional de Energia. Um excesso de fabricação na China está impulsionando essa tendência.
Ao mesmo tempo, as instalações se tornaram mais caras, principalmente devido ao aumento da mão de obra, e a espera para os painéis serem conectados às redes elétricas está testando a paciência da indústria e dos proprietários. Problemas de capacidade de rede afetam a maioria dos países e não podem ser resolvidos rapidamente.
A Longi Green Energy Technology, um dos maiores produtores de painéis do mundo, disse recentemente que demitiu milhares de trabalhadores, pois o excesso de oferta fez com que os fabricantes chineses se retirassem, informou a empresa.
Valores tendem a ficar mais baixos
Um painel solar custava 11 centavos de dólar/watt no final de março, apenas metade do preço que estava no mesmo período do ano passado, de acordo com a BloombergNEF, e é esperado que caia ainda mais em uma “corrida para o fundo” à medida que os fabricantes competem para se livrar do excesso de oferta.
Abaixo de uma “linha vermelha” de 15 centavos/watt, não seria possível para a empresa investir seriamente na fabricação europeia, disse Barin. “Você não vai fazer isso com uma margem pequena e louca que não vai pagar por nada”.
Sem mais apoio da UE, uma fábrica que Barin pretende abrir perto de Veneza será um produtor de “megawatts” pequeno em vez de um produtor globalmente significativo de “gigawatts”, disse ele.
O Conselho Europeu de Fabricantes de Energia Solar alertou em fevereiro que os fabricantes de painéis da Europa fechariam se nenhuma assistência fosse fornecida.
A fabricante francesa de painéis solares Systovi disse que está procurando compradores, citando “uma aceleração repentina no dumping chinês”. Ela alegou que sua produtora de painéis solares, Photowatt, “enfrenta dificuldades para encontrar equilíbrio econômico”.
“Boom” solar com guerra na Ucrânia
Para alguns observadores da indústria e defensores da mudança climática, incluindo a Agência Internacional de Energia, os problemas de excesso de oferta são consequência das boas notícias do notável boom solar que veio em resposta ao aperto energético causado pelo corte no fornecimento de gás russo, devido aos acontecimentos da guerra na Ucrânia.
O aumento nos preços da energia provou ser um incentivo para os lares instalarem painéis para economizar nas contas e vender eletricidade verde de volta à rede.
Ian Rippin, diretor-executivo da MCS, que realiza verificações de qualidade em instalações solares disse que as altas e baixas da “montanha-russa solar” da indústria vem do apoio inconsistente do governo.
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