Para colecionadores, cédula antiga pode valer até R$ 5 mil
Banco Central vai retirar de circulação a 1ª família da moeda brasileira, o que deve aumentar o valor entre os colecionadores
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O Banco Central publicou comunicado informando que as notas da primeira família do real, lançadas em 1994, vão sair de circulação. Na prática, isso poderá ter um efeito no valor das notas para colecionadores. Já hoje, caso estejam em perfeitas condições, alguns modelos dessas cédulas podem valer até R$ 5 mil.
Os bancos serão os responsáveis pelo recolhimento do dinheiro. Ao receber as notas, as instituições financeiras devem encaminhar para a autoridade monetária para substituí-las por novas. São notas que representam o mesmo valor que as recolhidas, só serão mais “novinhas”.
Enquanto essa troca acontece, a população pode continuar utilizando-as normalmente nas suas transações diárias, tanto para pagamentos como recebimentos. Ou seja, nada muda para o brasileiro. Nem vai faltar dinheiro.
Nesse meio-tempo, quem encontrar uma nota da primeira família do real nova, sem dobras ou outras marcas de uso, pode ter um item de colecionador em mãos.
O colecionador e numismata Nagib Martins explica que há catálogos que regem o mercado do colecionismo, definindo os valores de cada modelo. Segundo ele, a tendência é que essas notas tenham valores cada vez maiores à medida que vão ficando mais raras de serem encontradas. “Quanto mais difícil de encontrar uma nota ou moeda, mais rara ela é considerada, e mais valor ela tem”, explica.
De acordo com João Marcelo Arriola, proprietário do portal Casa do Colecionador de Curitiba (PR), a mais cara do Plano Real seria a de R$ 100 com assinatura de Rubens Ricupero e Pedro Malan, e sem a frase “Deus seja louvado”. “Uma nota dessas pode chegar a até R$ 5 mil”, afirma.
A decisão de recolhimento acontece pois as cédulas possuem um tempo de vida útil que interfere nas condições físicas, o que torna difícil verificar se a cédula é verdadeira ou não.
Mas comprar e vender uma moeda ou nota não é tão simples: é preciso conhecer locais especializados e entender que o preço delas varia por fatores como data, raridade, estado de conservação, quantidade de compradores interessados, entre outros.
Um exemplo é a própria nota de R$ 100 citada por Arriola. Segundo ele, a que pode valer R$ 5 mil é a que não foi dobrada.
Os caminhos tidos como mais seguros são os leilões, lojas numismáticas ou até mesmo encontros presenciais organizados por colecionadores.
Moedas mais velhas podem chegar a valer milhões de reais
Notas e moedas anteriores ao plano real podem ser ainda mais caras, até por serem ainda mais raras. O numismata, colecionador e negociador Gideon Rubim Neves, explica que moedas com anomalias ou erros são as mais valiosas nesse mercado.
“Tem moedas do próprio Real que apresentam alguma anomalia de cunhagem, que podem apresentar valores diferenciados. Tem várias categorias, como moedas com o disco de um valor e o cunho de outra, moedas com dois lados iguais. Há inclusive catálogos que versam exclusivamente sobre anomalias e erros em moedas cunhadas no País.”
Ele relata ter uma moeda que tem o disco de uma de 50 centavos de real, mas que tem o cunho da de 5 centavos. “Ela vale em torno de R$ 1.500 e é um caso de anomalia que foi reconhecida pela Casa da Moeda”, explica.
Gideon relata também já ter presenciado moedas com valores quase milionários. “Certa vez vi uma moeda dos tempos do império ser arrematada por um grupo americano, pelo valor de R$ 965 mil”, relata. A moeda mais valiosa para colecionadores já registrada no País é uma feita em 1822 em comemoração à coroação de Dom Pedro I, que foi vendida em 2014 por mais de R$ 2,4 milhões.
SAIBA MAIS
O que é considerado uma moeda antiga?
São aquelas que já estiveram em circulação durante um determinado período, mas que, atualmente, não são encontradas facilmente.
Também pode se considerar aquelas que foram criadas por governos passados, em quantidades limitadas.
Isso acontece muito em eventos onde são produzidas edições de moedas especiais ou comemorativas. Um exemplo foram as moedas das Olimpíadas do Rio 2016. Nessa ocasião, foi produzida uma edição comemorativa, que hoje pode chegar a valer R$ 20 mil, se for bifacial (com ilustrações nos dois lados).
Dá para vender moedas por uma boa quantia?
Depende. O preço das moedas é influenciado por vários fatores, como data, raridade, estado de conservação, quantidade de compradores interessados, entre outros.
A venda de moedas antigas pode ser uma boa escolha para para quem não tem interesse ou não vê vantagem em guardá-las, não é colecionador e só as encontrou por acaso.
Mas, nem sempre é fácil saber onde vender moedas antigas ou mesmo como conseguir um bom valor por elas, pois em muitos casos há apenas trocas.
A sorte pode ser encontrar um leilão ou comprador que esteja interessado especificamente em sua moeda para completar sua coleção.
Em 2014, em um leilão, teve um colecionador de moedas que conseguiu arrecadar US$ 500 mil por possuir uma moeda dos tempos imperiais.
Onde vender?
Para quem está em busca de repassar ou quer saber onde vender moedas antigas, há vários locais e maneiras. Contudo, antes de dar este passo, é importante realizar uma avaliação prévia sobre o valor da moeda.
Uma dica é enviar fotos e informações para algumas casas especializadas como a Brasil Moedas Leilões.
Assim que o resultado sair e você tiver mais detalhes sobre o valor da moeda, vá atrás de alternativas de como vender suas moedas antigas.
As melhores opções de quem compra moedas antigas são: Lojas de numismática; Leilões de moedas; Comércio eletrônico, por exemplo eBay, Amazon e Mercado Livre; casas de compra de moedas; encontros presenciais; e anúncios especializados em numismática.
Projeto acaba com dinheiro
Um projeto de lei que tramita na Câmara proposto pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), visa abolir o uso de dinheiro em espécie em todas as transações financeiras do País, tornando obrigatório o uso de meios digitais.
Segundo Lopes, a tecnologia atual oferece todas as condições necessárias para realizar transações sem a necessidade de notas e moedas. O projeto prevê que a posse de cédulas será permitida apenas para fins de registro histórico, enquanto todas as transações comerciais serão de forma digital.
Conforme o texto em tramitação, a produção, circulação e uso de notas com valor superior a R$ 50 serão proibidos até um ano após a aprovação da lei, e notas de valor inferior terão prazo de até cinco anos para saírem de circulação.
A proposta atribui à Casa da Moeda o desenvolvimento de tecnologias para facilitar as transações financeiras digitais, visando uma transição suave para um sistema sem dinheiro em papel.
Segundo Lopes, como toda transação poderá ser rastreada, ficarão quase impossíveis as práticas destes crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico.
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