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Opinião Econômica

Políticas para o desenvolvimento devem ser abrangentes

Artigo publicado no jornal A Tribuna de domingo


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Imagem ilustrativa da imagem Políticas para o desenvolvimento devem ser abrangentes
Colunista de A Tribuna, Edenilson Felipe |  Foto: Divulgação

Políticas para o desenvolvimento devem ser abrangentes

Ao tratar de desenvolvimento econômico, estamos lidando com um processo complexo. Desde décadas atrás, tem se consolidado a ideia de que o simples crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não leva, automaticamente, à melhoria no bem-estar. 

Crescer não é suficiente. Desenvolver é mudar estruturalmente a base econômica, gerar e distribuir melhor as rendas, gerar benefícios às várias camadas sociais da população. O crescimento, por si só, tende a beneficiar a poucos. O desenvolvimento, ao contrário, a muitos.

As políticas públicas voltadas para o desenvolvimento devem ser abrangentes. Envolvem questões de educação, de longevidade, de saúde, de meio ambiente, valorização da criatividade e da cultura e adequadas às especificidades regionais capixabas.

Vale destacar quatro aspectos em que a economia capixaba tem evoluído significativamente, mas que ao mesmo tempo significam desafios a serem enfrentados.

O primeiro é a atração de investimentos. É notório o aumento da capacidade  de atrair novos investimentos e novas empresas. 

A cartela de investimentos previstos, elaborada pelo Instituto Jones dos Santos Neves deixa claro que estamos atraindo mais empresas e para diversos setores, o que é excelente para a economia. 

Nas últimas décadas atraímos investimentos em setores como motores elétricos automobilístico, construção naval, etc. 

O desafio é que a estrutura econômica capixaba precisa ser ainda mais diversificada. Ela ainda é muito concentrada em setores inaugurados na década de 1970, 1980 e 1990. Estamos no rumo certo, mas com imensa necessidade de acelerar essa diversificação.

O segundo aspecto é em relação à inovação. Os Programas como Tecnova, Centelha, Sinapse, Seed-ES têm trazido resultados promissores em termos de geração de inovação tanto por novas empresas quanto outras já consolidadas. 

Há, também, movimentos municipais para a estruturação dos seus ecossistemas de inovação. A construção de um ambiente propício e impulsionador da inovação é uma conquista significativa. 

O desafio é a permanência desses programas, projetos e a longevidade desse ambiente favorável à inovação. É preciso estruturar uma rede de apoio às empresas inovadoras, manter acesa a chama da inovação e, sobretudo, garantir a alocação de recursos necessários à inovação e financiamento de ideias inovadoras. 

O terceiro aspecto é ligado às questões ambientais. Os temas ligados à sustentabilidade têm começado a permear, para além do discurso, as políticas públicas capixabas. Tais temas já aparecem nas elaborações na área de agricultura, pecuária, indústria, transportes e serviços governamentais.  Há iniciativas também quanto a elaboração de estudos sobre a mudança climática. 

O desafio, porém, é que ainda estamos apenas começando a entender como as questões ambientais afetam a economia capixaba, principalmente no médio e longo prazos. Problemas como secas mais severas e escassez de água começam a afetar algumas culturas e algumas indústrias. O setor de produção de café também já enxerga desafios à frente. Algumas atividades econômicas precisarão se adaptar à nova realidade ambiental. 

O quarto aspecto é o desenvolvimento regional. A recente iniciativa de criar Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS específico para o interior e a criação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento são  louváveis. 

A Região Metropolitana responde por mais de 50% do PIB e, de acordo com a RAIS do Ministério do Trabalho, os 10 maiores municípios, em 2021, respondem por 76% de todo o emprego formal. Levar o desenvolvimento para o interior é valorizar a diversidade do território capixaba, com economia, costumes e identidades diferenciadas.

Assim, a economia capixaba tem dado passos importantes para desenvolvimento. Ele não é rápido e nem automático. As vezes avança mais rápido e as vezes mais lento. As vezes levanta consensos e as vezes dissensos. Schumpeter dizia, ainda nos anos de 1940, que o desenvolvimento não é uma linha reta. Não importa. Importa é nunca parar e nem regredir.

EDNILSON FELIPE é  professor  da Ufes, coordenador do Mestrado em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável. Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa do Desenvolvimento Capixaba e do Observatório do Desenvolvimento Capixaba.

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