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Economia

Novidades no Talento e na caixa de bombons: o que a Garoto prepara para 2024

Uma das iniciativas é retomar à fórmula de 2002 do Serenata de Amor, quando a Garoto foi vendida para a Nestlé


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Imagem ilustrativa da imagem Novidades no Talento e na caixa de bombons: o que a Garoto prepara para 2024
Serenata de Amor vai voltar à receita que conquistou o público em 2002 |  Foto: Divulgação

A Chocolates Garoto promete resgatar a fórmula de 2002 do bombom mais famoso do Espírito Santo. A antiga receita do Serenata de Amor foi a preferida em um “teste cego” de degustação realizado pela fabricante em larga escala no Estado e volta ao mercado em abril ou maio deste ano.

O diretor-geral da fábrica em Vila Velha, Michey Piantavinha, falou sobre os planos da empresa, que investe para se modernizar na direção da Indústria 4.0, e que busca o contato direto com o consumidor para definir seus rumos.

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Bem-humorado e de sorriso fácil, ele explicou que seu nome é de origem russa e se pronuncia “Michel” em Português.

Falou da infância no bairro Cruzeiro do Sul, em Cariacica, e demonstrou seu amor pela empresa que dirige, em entrevista que pode ser conferida na íntegra no YouTube e no Tribuna Online.

A Tribuna — A Garoto está investindo de R$ 430 milhões na modernização e na ampliação da produção. Quais os planos mais imediatos da empresa?

Michey Piantavinha — A nossa moderninha Chocolates Garoto completa 95 anos neste ano, em agosto. Com muito orgulho de levar a bandeira capixaba à frente, a todo o Brasil e ao exterior, visto que a gente exporta 7% de nossa produção para diversos países.

Esses R$ 430 milhões foram disponibilizados para 2023 e 2024 pela matriz, para a gente se colocar na direção da indústria 4.0, 5.0, de ser mais competitivo, moderno, inovador, sem perder a origem, a raiz. Vamos ter linhas de produção novas, para o futuro que está aí.

A Tribuna — Há planos para 2025?

MIchey Piantavinha — Estamos concentrados, até o fim do primeiro semestre, em executar esse montante, que é expressivo e requer muita mão de obra qualificada. Depois, vamos pensar no que extrair para continuar modernizando a fábrica, trazendo eficiência e ajudando para que a fábrica tenha mais velocidade nas inovações.

O mundo do chocolate pede muita inovação. A gente tem de estar sempre inovando, atualizando nossos produtos para que os consumidores possam continuar gostando deles como gostaram ao longo desses últimos 95 anos.

A Tribuna — Vamos falar de história. A Garoto ficou famosa pelos meninos que vendiam as balas na rua, e foi o que deu o nome à empresa. Gostaria que o senhor falasse dessa trajetória de 1929 até a venda para a Nestlé.

MIchey Piantavinha — Recomendo nosso museu na fábrica (na Glória), que conta a história com riqueza de detalhes. É aberto ao público, e recebe um número gigante de visitantes.

Aliás, o segundo ponto turístico mais visitado no Espírito Santo é a Garoto (o primeiro é o Convento da Penha). Recebemos mais de 300 mil visitantes anuais.

O nome, no início, era Meyerfreund Company. Em 1929. Mais adiante, mudou para o centro da Glória, em 1940. Antes, ficava próxima à Prainha, segundo historiadores. E a partir daí começou a entrar no mundo de chocolates, porque eram só balas.

As balas e os bombons eram oferecidos pelos garotinhos que andavam todo o ano vendendo nas suas “maletinhas garotas”. Só que para chamar esse vendedor o nome era complicado... Meyerfreund. Com isso, as pessoas se acostumaram a chamar “ô, garoto, me vende um chocolate desse”. E foi virando “chocolate do garoto”. E virou Chocolate Garoto como razão social.

E aí, em 1º de março de 2002, fomos adquiridos pelo grupo Nestlé. Sou um capixaba que entrou na Garoto em 1999. Agora, lidero a companhia, e foi o que naquele momento (da aquisição pela Nestlé) poderia ter acontecido de melhor.

Agora, a gente está com o “guarda-chuva” de uma líder mundial de alimentos que é a Nestlé para suportar alguns desvios.

A Tribuna — A empresa prepara um relançamento do antigo Serenata de Amor. Como funcionará?

MIchey Piantavinha — A gente buscou resgatar a fórmula do queridinho capixaba. Fizemos uma pesquisa de larga escala no Espírito Santo para comprovar que as pessoas gostariam de consumir aquele produto. As pessoas degustaram o produto, não sabendo o que era um e o que era outro.

E elas optaram por essa fórmula que faz referência à de 2002. Entre abril, maio, a gente regressa para essa produção do Serenata mais próximo da fórmula de 2002.

Sou um capixaba que tem o Serenata como um ícone de conhecimento no Espírito Santo, e tenho certeza absoluta de que os consumidores vão apreciar e muito, porque essa pesquisa foi muito ampla e validou o que queríamos fazer.

A Tribuna — Haverá as duas opções? Ou o Serenata vai voltar à formulação anterior para todos?

MIchey Piantavinha — Não, volta totalmente a formulação de 2002. A única coisa que se mantém é a embalagem. A gente fez uma alteração há pouco, pois era um bombom que tinha “orelhinhas”. E virou um waferzinho, que a gente chama de flow pack, mais selada e que garante um pouco mais de crocância ao produto.

O que a gente volta lá no passado para resgatar as memórias são a formulação interna do bombom.

A Tribuna — E o que havia mudado no bombom de 2002 para cá?

Michey Piantavinha — São pequenos ajustes feitos ao longo da cadeia de acordo com o que o consumidor mais espera. Não fazemos de alteração à revelia. A gente sempre tem a consulta das pesquisas com consumidores.

A Tribuna — Esse formato da embalagem traz diferença no tratamento tributário. Isso pesa?

Michey Piantavinha — Veio por consequência. São dois propósitos. Um é garantir a integridade do produto, que estava perdendo crocância. Essa modificação deixa o produto mais íntegro para o consumidor. O segundo é que a embalagem anterior não era reciclável. Esta agora tem formato selado e é totalmente reciclável.

Sucesso nos EUA e no Japão

A Tribuna — Quantos produtos há hoje no portfólio da Garoto?

Michey Piantavinha — Em torno de 60, 70 produtos, porque tem um portfólio endereçado à exportação. Cada país tem um jeito de receber. O número de países aonde os produtos chegam oscila um pouco, mas os principais mercados são uruguaio, o chileno o paraguaio ou o equatoriano, e os Estados Unidos também. Mandamos ao México, ao Japão...

Natal só perde para a Páscoa em venda de chocolates

A Tribuna — Qual é a época que mais se vende chocolate?

Michey Piantavinha — São duas grandes datas. A principal delas é a Páscoae. Nós começamos já a Páscoa, que vai ser vendida este ano durante a Semana Santa. Nós começamos ela em setembro, setembro do ano passado. Estamos finalizando nesta semana. Então, a gente começa mais ou menos seis meses antes realmente da Semana Santa.

Este ano nós vamos produzir 13 milhões de ovos de Páscoa. Ano passado foi um pouco menos, então a gente conseguiu avançar, crescer um pouco para esse evento em específico que é o mais importante junto do Natal. A gente contrata pessoas temporárias em torno de 350 pessoas e boa parte acaba continuando com a gente depois que acaba o período de produção da Páscoa.

Então são duas grandes datas a Páscoa e o Natal. É o evento mais importante para a indústria chocolateira.

A Tribuna — Eu vou incorporar aqui o espírito das redes sociais que sempre faz brincadeiras com o assunto. Por que o chocolate em outros formatos custa tão menos que o ovo de páscoa?

Michey Piantavinha — Isso é um assunto que sempre vai em consideração. Contratamos de maneira temporária mais 350 pessoas somente para fazer a Páscoa.

Então a comparação é legal, é justa, mas é um pouco incompatível porque na produção de um ovo se comparado a um tablete, ele dá muito mais efeitos de processo para a gente produzir diferente de uma barra de chocolate ou de um bombom.

Ainda vem com brinquedinho, vem com brinquedo ou com uma surpresa lá dentro. A embalagem é totalmente diferente. É uma produção semiautomática, não é uma produção totalmente automatizada.

Trabalhar em fábrica de chocolates requer mais estudo

A Tribuna — Vamos falar um pouquinho aqui sobre a Indústria 4.0, ou 5.0. Isso já está em plantação na fábrica da garoto. Gostaria que o senhor comentasse a respeito.

Michey Piantavinha — Nós já estamos trabalhando nessa direção há mais ou menos uns três anos, com orientação da nossa matriz. Então o que traz a indústria 4.0 ou já migrando para 5.0 é um pouco de autonomia na operação.

Traz um pouco de suporte da máquina ao a pessoa que comanda ela. Com isso a gente tem a possibilidade a menor possibilidade de erros. A gente tem uma padronização melhor e acaba tornando a indústria mais eficiente também tem uma mudança também no perfil do profissional.

A Tribuna — Antigamente tinha um embalador, tinha aquele trabalho manual. Como o que muda? Qual é a qualificação agora necessária para trabalhar, por exemplo, na operação da Chocolate Garoto?

Michey Piantavinha — Uma pergunta muito legal que você fez, a qualificação evoluiu muito e tem que evoluir para acompanhar essas inovações tecnológicas que vêm chegando. Hoje, o mínimo que a gente solicita para ser um funcionário da Chocolates Garoto é a pessoa ter o segundo grau, mas a gente aprecia muito as pessoas que se qualificam em automação industrial, em robotização, em conhecimentos técnicos de processo.

Então tudo isso qualifica mais o funcionário para que ele possa avançar ainda mais na sua carreira. Mas o mínimo desejável é o segundo grau que a gente espera para ser colaborador das nossas fábricas.

A Tribuna — Quantos empregados a Garoto tem hoje?

Michey Piantavinha — Olha com essas pessoas esses colaboradores que atuaram na Páscoa nós chegamos a dois mil colaboradores. É um número importante, mas agora reduz um pouco com o fim da Páscoa. Mas na média a gente transita aí com 1.600, 1.700 colaboradores por ano. Bastante gente, bastante com esse investimento.

A gente acabou absorvendo ainda uma mão de obra terceira, e mais ou menos 300 terceirizados aqui do Espírito Santo para executar todo esse investimento que eu comentei há pouco.

A Tribuna — A gente estava falando do faturamento da Garoto. Ele fechou já 2023, já tem um dado?

Michey Piantavinha — Nós estamos agora num período de silêncio. Então é um período em que a gente se coloca ainda aguardando as contabilizações para poder divulgar oficialmente. Mas dá para colocar que houve, sim, um avanço no faturamento.

Isso faz com que a gente amplie os nossos horizontes para novos investimentos que vão vir a seguir.

A Tribuna — Então o mercado de chocolates está bem?

Michey Piantavinha — Eu acho que é um mercado que progrediu bastante. O pós-pandemia foi bem favorável para as indústrias chocolateiras. Entraram novos concorrentes no mercado que não havia 20 anos atrás, concorrentes que nem existiam, entraram e incomodam, sim. E por isso a gente tem que cada vez mais se tornar eficiente, produtivo, para ser competitivo.

Ovo de banana, novidades no Talento e na caixa de bombons

A Tribuna — Há algum produto que se destaca na intenção de crescimento, que a garotada olha e pensa: “Nossa, isto aqui a gente tem que aumentar a produção”?

Michey Piantavinha — Existe sim. A gente olha com muito carinho para o Talento, que é um produto bastante premium.

A Tribuna — Meu preferido. Inclusive, peço por favor que a Garoto faça a barra de Talento diet grande, a minha favorita (risos!).

Michey Piantavinha — Boa, boa, boa. Vou capturar a dica. Quero muito. É um produto rico em ingredientes nobres e brasileiros. Temos castanhas, temos uma série de coisas. Então é um ponto de forma, é um produto que a gente sempre olha para ele para avançar ainda mais.

Há ainda o batom. É um produto icônico da garotada que só nós fazemos orientado para as para as crianças um produto que tem uma configuração de chocolate bem nobre também. E além disso tudo obviamente a gente continua impulsionando a nossa caixa de bombom.

Vão vir aí novidades que vão entrar dentro da caixa de bombom para aprimorar ainda mais a nossa caixa para deixá-la mais nobre e mais apreciada pelos consumidores e tem alguns que vale destacar aqui que são produtos icônicos. É o Caribe, de banana, é o crocante, que é aquela famosa cocada da vovó (risos). Esses produtos a gente costuma brincar que o “ame ou odeie”. Quem gosta de banana... eu recebo muitas sugestões. “Faça uma barra de banana”. E por isso também a gente vai vir agora com Ovo de Páscoa Caribe. Pediram, pediram e agora a gente vai testar aí.

Diretor-geral da Garoto foi criado em bairro de Cariacica

A Tribuna — Bom, queria agora saber um pouquinho mais sobre o Michey. A carreira, a trajetória, a vida familiar, a vida pessoal. Fique à vontade para se apresentar.

Michey Piantavinha — Prazer, eu sou um capixaba (risos). Nascido em Vitória e criado em um bairro próximo a Campo Grande, chamado Cruzeiro do Sul (em Cariacica). Brinquei muito aí. Sou químico de formação, com mestrado também e entrei na Chocolates Garoto em 1999, ainda na gestão original. Passei por toda essa transição (na época da compra pela Nestlé), pude ajudar.

Em 2010, fui convidado pela Nestlé a ir a outras fábricas do grupo, algumas aqui no Brasil. Visitei muitas também no exterior e tive o privilégio moral e pessoal de poder voltar no meio de 2021 para poder liderar essa companhia que é apaixonante.

Então tenho tenho muito orgulho de dizer isso que um capixaba é liderando uma fábrica capixaba. Então quem achava que isso não era possível está aí a resposta. Tenho muito orgulho também das minhas raízes lá em Cruzeiro do Sul. Sempre estou por lá. Então a gente nunca pode ter ingratidão pelo tudo que a gente já passou.

Tenho dois filhos, sou casado com a Roberta, que era uma engenheira e eletricista. E de repente quis fazer odontologia, virou dentista. Mudou assim. As mulheres têm uma capacidade de mudar. Eu sou fã e tenho dois filhos, o Miguel e o Davi, agora dois gigantes muito carinhosos que estão sempre por perto e me acompanhando em toda essa jornada da Nestlé. E também a jornada da Chocolates Garoto.

A Tribuna — Algum deles se interessou pelo ramo de alimentos, química?

Michey Piantavinha — Ih, rapaz, até agora ninguém se colocou nessa direção, não. Me parece que eles vão seguir um outro caminho e a gente apoia, apoia bastante. Eles querem seguir um caminho mais próximo da mãe, que é o da saúde. Então a gente está junto com eles para apoiar e com muito orgulho também.

A Tribuna — Gostaria falar um pouquinho sobre essas transformações na fábrica da Glória. O que visualmente mudou lá dentro e também na parte externa? Como que fica essa percepção da alteração da fábrica?

Michey Piantavinha — Quem passa hoje pela fábrica vai poder ver muitas obras especialmente na parte externa para trazer um visual mais correto, para deixar esse amarelo mais pulsante. Então você já pode passar lá você já vai ver a gente deu também uma identidade visual do batom na frente da fábrica.

É uma fábrica que mesmo sendo de 1940 ela está com uma cara bem moderninha. Essa parte externa para a gente também é muito valorosa porque a indústria chocolateira é uma indústria de impulso. E é não só pela indústria, mas por todos esses visitantes que recebemos e merecem ver uma fábrica bem cuidada.

Na parte interna são alterações importantes nas instalações para receber essas novas linhas de produção que eu disse para você. São produtos novos que estão vindo também no formato de inovações e que em breve vão estar ilustrando as gôndolas de todo o País.

Cacau capixaba em evolução

A Tribuna — Vou tomar a liberdade de fazer então de matar uma última curiosidade com relação ao cacau. A Garoto hoje adquire a produção mais aqui do Espírito Santo. Como é que está o mercado de cacau, a oferta?

Michey Piantavinha — O mercado capixaba para a produção de cacau é um mercado crescente. Tem muitas boas fazendas. A gente fomenta através do nosso programa de fomento chamado Nestlé Cocoa Plan. Ele fomenta muitas “farmes”, ou seja, fazendas, aqui no Espírito Santo. Mas ele ainda não consegue abastecer todo o cacau das fábricas. Portanto a gente compra cacau do Sul da Bahia e também do Pará. Esse combinado é que abastece a nossa fábrica.

Mas eu tenho eu tenho muita esperança. Eu acho que o caminho está totalmente trilhado, que o cacau do Espírito Santo vai ser um dos mais valorosos do País, com boa qualidade, com pessoas que cultivam de maneira correta, respeitando o meio ambiente, respeitando as condições sociais.

Então já, já o Espírito Santo será destaque, mas aí vai ser ainda mais destaque na cultura cacaueira, na minha opinião.

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