Juros não caem e dinheiro no banco segue vantajoso
Por unanimidade, o Banco Central manteve em 10,5% ao ano a taxa Selic, contrariando Lula e decidindo em linha com mercado financeiro
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Desta vez foi por unanimidade. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.
É o fim do ciclo de queda, a contragosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia dito na terça-feira (18) que “não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, mas em linha com a expectativa do mercado financeiro.
A decisão mantém os juros em um patamar acima de 10%, fazendo com que investimentos em renda fixa, ou seja, dinheiro parado no banco, sigam vantajosos.
A decisão foi tomada de forma unânime pelos nove integrantes do Copom, em contraste com a divisão (5 a 4) da reunião anterior, que terminou com redução de 0,25 ponto percentual na Selic.
Havia expectativa sobre o voto do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, considerado o favorito para ser indicado por Lula para substituir o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, a partir de 2025 à frente do BC.
Mesmo com críticas de Lula ao atual líder do BC e ao que considera alto patamar dos juros na véspera do Copom, Galípolo votou pela manutenção da taxa básica.
O voto de Galípolo era um dos principais focos de analistas de mercado, que busca nas posições dele sinais de como deve atuar o BC a partir do ano que vem.
Ele tem a difícil missão de se equilibrar entre o que quer Lula e o que o mercado espera dele.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirmou que o mais importante da reunião do Copom é que teve unanimidade entre os membros do colegiado:
“Essa é uma dúvida que a gente tinha no mercado, ainda mais depois da entrevista do presidente Lula, pressionando o Banco Central, e houve um alinhamento, porque todos os diretores viram que é um momento bastante delicado.”
O comunicado sinalizou que a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer em 10,5% ao ano por um longo período. No texto divulgado pelo BC, o colegiado introduziu um cenário alternativo para a inflação que considera a Selic estável até o fim de 2025. Nesse caso, a projeção de inflação do BC para o ano que vem fica em 3,1%, próximo do centro da meta de 3,0%.
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- Quanto rendem R$ 1.000 com a Selic a 10,50%
Veja o rendimento em diferentes aplicações no período de um ano.
Poupança: R$ 74,6 (7,46%)
Tesouro Selic: R$ 83,2 (8,32%)
CDB: Entre R$ 62,4 e R$ 95,7, dependendo do banco (de 6,24% a 9,57%)
Quanto o investidor poderá sacar em um ano com a Selic
Poupança: R$ 1.074,60
Tesouro Selic: R$ 1.083,20
CDB: Entre R$ 1.062,40 e R$ 1.095,70
O cálculo foi feito com auxílio do Yubb considerando uma taxa Selic fixa em 10,50%. E considera taxa de 20% de Imposto de Renda nos investimentos tributados (Tesouro Selic e CDBs). A taxa é paga nos resgates feitos entre 181 e 360 dias. Se o resgate for feito após um ano, o imposto é de 17,5%. Se for feito até seis meses, é de 22,5%. A poupança é isenta de IR.
- Inflação
É importante que o investidor fique atento ao comportamento da inflação. Ela impacta no ganho real de suas aplicações. A expectativa de inflação para 2024 é de 3,96%.
Rendimento descontando a inflação e o Imposto de Renda:
Poupança: R$ 33,70 (3,37%)
Tesouro Selic: R$ 41,90 (4,19%)
CDB: Entre R$ 21,90 e R$ 53,90 (de 2,19% a 5,39%)
Fonte: Uol.
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