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Economia

Espírito Santo já produz trigo, soja e lúpulo

Entre as novidades no campo capixaba está ingrediente essencial para fabricar cerveja e grão que é carro-chefe do agro brasileiro


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Café e pecuária são a base agrícola do Estado, mas o agronegócio capixaba tem novidades, como o cultivo de  soja, trigo e lúpulo, este último é ingrediente essencial na fabricação de cerveja. 

Carro-chefe do setor primário brasileiro, a soja tem produção que se concentra sobretudo  no Centro-Oeste e no Sul do País. Agora, o cultivo do grão chegou ao Estado, mais precisamente a Montanha, no Norte capixaba, na propriedade de Vitor Alves, gestor da NA Agropecuária.

A lavoura está na Fazenda Esplanada e tem 1.500 hectares (o equivalente a 1.500 campos de futebol), com 60 pessoas empregadas.

Imagem ilustrativa da imagem Espírito Santo já produz trigo, soja e lúpulo
Vitor Alves em meio à plantação de soja em fazenda no município de Montanha, Norte capixaba: método de cultivo alterna culturas em uma mesma área |  Foto: Acervo Pessoal

“Como cultivamos milho, precisávamos da rotação de cultura, alternando as plantações em uma mesma área. Por muito tempo seguramos esse início, ora por não ter conhecimento técnico ora pela venda do produto. Mas resolvemos enfrentar esse desafio visto o ganho agronômico e potencial ganho econômico”, contou o gestor.

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Segundo Vitor, o plantio é realizado através de máquinas de alta tecnologia. O gestor afirma que a fazenda utiliza o que há de moderno no Brasil. “Com a ajuda da tecnologia melhoramos a plantabilidade e a produção”, disse.

Segundo ele, a produtividade já ultrapassa 80 sacas por hectare, mas há dificuldade no armazenamento dos grãos. “O Estado não tem estrutura para armazenagem e secagem da soja. Mas isso já está sendo avaliado em um plano de investimento”, destacou.

Ainda no Norte, em Pinheiros, os irmãos e sócio-proprietários Lucas e Arthur Sanders, após uma bem-sucedida experiência com o cultivo de trigo, em 2021, decidiram realizar novamente o plantio.

Com foco na produção de alimentos, a Fazenda Joaquim Ferreira Sanders reúne diversos tipos de culturas como feijão, pimenta, café, mamão, abóbora e milho. 

 Parte do trigo do Brasil é importado. O baixo investimento e a alta rentabilidade foram  atrativos para o cultivo.  Segundo Arthur, o processo leva de 70 a 80 dias, uma vantagem em termos de velocidade de compra e colheita. 

“A gente viu alguns números interessantes para o Espírito Santo, em termos de produtividade, e  começamos a investir mais com assistência técnica. O negócio tornou-se rentável, próximo aos patamares de café, mas com muito menos risco”, afirmou Arthur.

A expectativa neste ano é colher 400 toneladas de trigo, ultrapassando as 100 toneladas colhidas no primeiro plantio.

Ingrediente da cerveja ganha força

Na região das montanhas capixabas, a cevada, responsável por dar cor e aroma à cerveja, já é cultivada.

Agora,  também há quem invista  no plantio de lúpulo, outro ingrediente essencial para a produção da  bebida fermentada, responsável pelo sabor e aroma. 

Em parceria com a Prefeitura de Viana, o administrador André Perim decidiu realizar a colheita da planta em sua propriedade, acompanhando a expansão do mercado de cervejas artesanais. 

Imagem ilustrativa da imagem Espírito Santo já produz trigo, soja e lúpulo
André Perim com as folhas de lúpulo: de olho nos cervejeiros capixabas |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

“Hoje, o nosso plantio é pequeno, com cerca de 200 mudas. Vamos pensar na expansão para poder vender para os cervejeiros capixabas e, quem sabe assim, se tornar referência na produção aqui no Estado”, afirmou André.

A primeira colheita está prevista para acontecer em julho e a expectativa é de que sejam produzidos 100 kg de lúpulo. A tendência é que a planta floresça três vezes em todas as estações do ano, quebrando paradigmas, o que não ocorre nem nos maiores produtores mundiais, disse o produtor.

De origem europeia, o lúpulo é uma planta que ganhou a fama de ser “impossível de ser cultivado” fora do clima temperado europeu. Entretanto, os agricultores brasileiros conseguiram adaptá-lo para cultivo em clima tropical. 

Dessa forma, Rovena Buge, ao lado do esposo, Eduardo Craveiro, e do pai, Romildo Buge, resolveram apostar nessa inovadora experiência de produzir lúpulo na região das montanhas capixabas, em Paraju, Domingos Martins.

“O campo é pequeno, praticamente uma produção familiar. Nós temos hoje em torno de 300 mudas. O objetivo era aumentar a quantidade, mas por conta da pandemia e dos altos investimentos, ainda não conseguimos realizar a ampliação”, afirma Rovena.

Em seu quinto ano de produção, Rovena conta que a família recebeu uma proposta de uma empresa de São Paulo para realizar a exportação da planta colhida no Estado. A sócia-proprietária destaca que ainda analisam a oferta e que, no momento, a comercialização do lúpulo está voltada para o mercado interno.

Saiba mais

OS NÚMEROS

>>> 100 kg produção na primeira colheira

>>> 200 mudas estão plantadas em Viana

Trigo no Norte do Estado

A produção de trigo  está localizada na Fazenda  Joaquim Ferreira Sanders, a 22 km do centro de Pinheiros, no Norte do Estado.

A Fazenda possui uma multicultura. Além da soja, são produzidos também: pimenta, café conilon, mamão, abóbora, milho, trigo e feijão.

A primeira colheita de trigo aconteceu em 2021.

o trigo chegou para completar o ciclo com a terceira safra de grãos da propriedade, intercalando com milho e feijão. 

O investimento  rendeu aos produtores uma safra de 100 toneladas. Toda safra foi comercializada em um moinho do Espírito Santo. 

Produção de soja

A lavoura de soja está localizada na Fazenda Esplanada, em Montanha, e tem 1.500 hectares.

a produtividade já ultrapassa 80 sacas por hectare.

o Brasil é o maior produtor mundial e tem uma área plantada de 40,9 milhões de hectares e produção de 123,829 milhões de toneladas.

A cultura exige uma boa disponibilidade de água. Durante o seu ciclo, a planta  necessita de 450 a 800 mm de água.

Produção familiar de lúpulo

na região das montanhas capixabas, em Domingos Martins, uma família, de origem alemã, cultiva lúpulo em sua propriedade.

inicialmente, cultiva apenas três  variedades, mas representa o começo de um novo ciclo do mercado cervejeiro capixaba.

a produção se originou após um  trabalho de pesquisa para garantir o cultivo do  lúpulo em clima tropical.

atualmente, a produção é de 300 mudas. A ampliação prevista é para mil mudas.

A colheita rende entre 150 a 250g por pé. Com comercialização no mercado interno, a família estuda exportar o produto.

Lúpulo em Viana

Foram plantadas 200 mudas em uma propriedade em Viana,  sendo 100 cultivares de cascade e 100 de comet.

Tornou-se o primeiro campo de lúpulo privado da cidade.

Está prevista a produção imediata e a primeira colheita em julho. A expectativa é colher  100 kg na primeira colheita. 

A tendência é que  a planta floresça três vezes, em todas as estações do ano, o que não acontece nem nos maiores produtores mundiais.

Fonte: Produtores entrevistados.

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