Dólar cai a R$ 5,35, menor patamar em 15 meses; Ibovespa fecha em queda
Moeda americana fechou em queda e a Bolsa brasileira subiu, após a divulgação de dados de pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA

Beneficiado por fluxo estrangeiro, o dólar fechou o pregão desta sexta-feira (12) em queda de 0,70%, a R$ 5,353, o menor patamar desde junho do ano passado, segundo dados da CMA. O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,61%, a 142.271 pontos.
O fato de os Estados Unidos não terem anunciado retaliações ao Brasil após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão foi citado por analistas como um dos fatores para um dia positivo para o real.
Para analistas, a perspectiva de cortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve (o banco central americano) ajuda a atrair recursos para o Brasil, valorizando o real. Durante o pregão, a moeda americana chegou a ser negociada no patamar de R$ 5,34.
"Hoje o dólar está caindo principalmente por conta de três cortes de juros que o mercado já está precificando nos Estados Unidos, que devem acontecer neste ano", diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.
É a mesma avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. "Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real", afirma.
A confiança do consumidor dos EUA, indicador divulgado pela Universidade de Michigan, caiu pelo segundo mês consecutivo em setembro, conforme os consumidores observaram riscos crescentes para as condições de negócios, o mercado de trabalho e a inflação.
"Os consumidores americanos se mostraram mais pessimistas nesse mês de setembro, e isso ajudou a consolidar a perspectiva de que vai ter corte de juros nos Estados Unidos", aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Às 10h30 o Banco Central fez dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de revenda) e vendeu a oferta total, de US$1 bilhão.
O Ibovespa operou o dia todo em queda, em movimento de correção após renovar máximas nesta quinta (11).
A preocupação com eventual retaliação dos EUA deu o tom do pregão pela manhã. Ontem, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país responderá "adequadamente" ao que chamou de novo de "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
"Existe o risco de que os Estados Unidos coloquem mais alguma punição, seja sanção, seja tarifa", diz Mattos, da StoneX. "O fato é que essa condenação dificulta uma solução negociada entre Brasil e Estados Unidos para tentar reduzir essas tarifas."
O mercado ainda avaliou os dados de serviços no Brasil em julho, divulgados pelo IBGE. O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior, em linha com o esperado por economistas. Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que segue mostrando resiliência em meio ao aperto monetário.
No exterior, Wall Street tinha variações tímidas, após também renovar máximas históricas na quinta-feira, em meio às expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve. O S&P 500 rondava a estabilidade, enquanto o Nasdaq tinha variação positiva de 0,23% e Dow Jones perdia 0,12%.
Para a equipe da Ágora Investimentos, o tom mais contido no exterior e um receio entre os investidores sobre uma possível reação dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF poderiam prejudicar o desempenho dos ativos locais nesta sexta-feira, conforme relatório a clientes.
Nesta quinta (12), a moeda americana fechou em queda e a Bolsa brasileira subiu, após a divulgação de dados de pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA, que vieram bem acima das projeções. O número reforçou a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (banco central americano), o que animou o mercado.
Parte do movimento positivo, no entanto, foi contida pela divulgação de pesquisa Datafolha, que mostrou que a aprovação do governo Lula subiu a 33%, melhor índice do ano. Após a publicação dos números, o dólar desacelerou a queda e o Ibovespa, que chegou a superar os 144 mil pontos, se afastou das máximas do dia.
Ao fim do pregão, a moeda americana fechou em queda de 0,27%, a R$ 5,391, o menor valor desde 12 de agosto. Já o Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,56%, aos 143.150 pontos, renovando seu maior patamar nominal da história.
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