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Economia

Carro próprio ou por aplicativo. O que é melhor?

Reportagem reúne especialistas para apontar o que deve ser avaliado ao fazer a escolha e conseguir o melhor custo-benefício


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Imagem ilustrativa da imagem Carro próprio ou por aplicativo. O que é melhor?
Motorista de transporte por aplicativo: valor das corridas varia de acordo com o dia, horário e local |  Foto: Arquivo / AT

O que é mais vantajoso, andar de veículo próprio ou de carro acionado por aplicativo? A resposta não é universal, depende de cada caso.

Por isso, a reportagem reuniu um economista, um educador financeiro e doutor em Ciências Contábeis para explicar o que deve ser avaliado ao fazer a escolha.

Manter um carro não é barato, de acordo com o economista e doutor em Ciências Contábeis, Felipe Storch Damasceno. “Claro que o custo real vai depender do tipo de veículo e da maneira de uso”.

Entre os pontos a serem considerados, Damasceno citou: o valor do carro, do IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores), do seguro, a desvalorização do automóvel a partir de seu uso, o licenciamento, o custo de manutenção e combustível.

Para um condutor que tem um carro no valor de R$ 70 mil, que só utiliza o automóvel para ir para o trabalho e voltar, fazendo duas viagens por dia de 10 km, Damasceno estima gasto mensal de R$ 1.696,53.

“Precisa pegar esse valor e comparar com o gasto estimado com o transporte por aplicativo para saber o que mais vale a pena”.

A contadora, educadora financeira e especialista em Psicologia Econômica Daniele Dornelas usa transporte por aplicativo. Para tomar essa decisão, considerou que trabalha em casa, mora perto da escola dos filhos e do supermercado, em região “próxima de tudo”.

Para ela, o custo de aquisição e manutenção do carro, dependendo do estilo de vida, não compensa. “Gasto em média de R$ 200 a R$ 300 por mês com aplicativo de transporte. Uma parcela de financiamento de carro popular está uns R$ 1.000. Usaria a diferença para investir e ter renda passiva que, depois de alguns meses, pagaria o carro por aplicativo”.

Daniele destaca que, durante o deslocamento de carro por aplicativo, é possível resolver problemas do trabalho, por exemplo, e fazer outras atividades. “Não estar dirigindo nesse caso, é uma boa vantagem”.

Já o economista Luiz Sant'Anna explicou que o valor das corridas de carros acionados por aplicativo já não estão tão mais em conta e há falta de motoristas em vários horários do dia, além de um alto número de cancelamentos. “O tempo gasto muitas vezes não tem compensado. Há casos em que o valor do táxi é mais barato e é até mais rápido. O carro próprio tem a comodidade”.

Além do dinheiro

A escolha do carro próprio, para especialistas, traz benefícios como liberdade, autonomia, independência, flexibilidade. Não corre o risco de ter a corrida cancelada ou de o custo da corrida subir em cima da hora.

Já a escolha do carro por aplicativo também tem vantagens como pode fazer outra atividade enquanto se desloca, sem precisar dirigir. Não ter preocupações como procurar vagas para estacionar ou levar o automóvel na oficina.

Planejamento

Contadora, educadora financeira e especialista em Psicologia Econômica, Daniele Dornelas ressalta que é necessário ter planejamento, seja para uso do carro próprio ou de transporte por aplicativo.

“É preciso incluir o custo total do veículo no orçamento e planejamento familiar sem comprometer a reserva financeira e os investimentos de longo prazo”, orienta.

Fonte: especialistas citados na reportagem.

Saiba Mais

Transporte

> Para saber se vale a pena ter um carro próprio ou usar o transporte por aplicativo, é preciso fazer contas. O doutor em Ciências Contábeis, Felipe Storch Damasceno explicou como calcular:

1) Deve-se olhar na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) qual o valor do carro. Ela traz os preços médios dos veículos e pode ser consultada por meio do site: veiculos.fipe.org.br.

2) O valor estimado do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é de 2% do valor da tabela FIPE.

3) O valor do seguro fica entre 5% e 10% da tabela FIPE. Se for mulher, mais próximo do 5%, se for homem, mais perto do 10%. Se for jovem ou idoso, mais próximo do 5% e se for adulto, mais próximo do 10%.

4) A perda de valor do carro pode chegar a 20% ao ano, dependendo do modelo. Se for um carro mais comum, pode se trabalhar com 10%.

5) Licenciamento para o Espírito Santo em 2024 vai ser de R$ 168,40.

6) O custo de manutenção depende também do modelo e do ano. Considere uma revisão por ano, para quem usa o carro de forma moderada. Peça ajuda ao mecânico. Estima-se algo em torno de R$ 2.500 por ano para os carros mais comuns de tamanho médio.

7) O cálculo do combustível pode ser feito da seguinte forma: quantidade de quilômetros (pode ser calculado pelo Google Maps), dividido pelo consumo do carro (número de km rodados dividido pela quantidade de litros. Carros mais novos já calculam automaticamente) e multiplicado pelo preço do combustível utilizado. Faça o cálculo por semana e multiplique por 52.

8) Somando esses valores, se tem o gasto anual estimado. Dividindo por 12, o gasto mensal.



A pedido da reportagem, o economista e doutor em Ciências Contábeis, Felipe Storch Damasceno, simula situações em que é possível avaliar qual é a melhor opção: carro próprio ou transporte por aplicativo.

Situação 1

> Carro próprio

Para quem tem um carro de R$ 70 mil e roda 15 mil km por ano (41 km/dia), o gasto estimado é de R$ 23.253,40 por ano ou R$ 1.937,78 por mês. Para saber o que mais vale a pena, é preciso comparar esse valor com o gasto com carro acionado por aplicativo para o mesmo percurso.

Para o cálculo foi considerado:

  • - IPVA: R$ 1.400

    - Seguro considerando 5%: R$ 3.500

    - Desvalorização do automóvel, considerando 10%: R$ 7.000

    - Licenciamento: R$ 168,40

    - Manutenção: R$ 2.500

    - Combustível: considerando 15 mil km rodados por ano, com desempenho de 10km/litro, com gasolina a R$ 5,79, totaliza gasto de R$ 8.685 por ano.

    - Precisa pegar esse valor e comparar com o gasto estimado com o carro acionado por aplicativo.

    > Carro por aplicativo

    - Uma pessoa que mora próximo à faculdade Estácio de Sá, em Jardim Camburi (Vitória), por exemplo, e trabalha próximo ao hospital dos Servidores Públicos, na rua Pedro Palácios, no Centro da capital, pagaria ontem à tarde R$ 21,90 para fazer esse deslocamento por carro acionado por aplicativo.

    - Considerando ida e volta, são R$ 43.80, por 31 km percorridos.

    - Soma-se mais R$ 26,80 de gastos para almoçar em um restaurante no Centro, completando a média de 41 km, considerando ida e volta (10 km) ou R$ 13,40 cada percurso.

    - No total, o gasto estimado é de R$ 70,60 no dia. No ano, são R$ 25.769 de gastos.

    Conclusão: percorrer essa distância, com carro por aplicativo, é mais caro que usar o veículo próprio, que ficaria por R$ 23.253,40.


    Situação 2

    > Carro próprio

    Considerando o mesmo carro e custo fixo do exemplo anterior, um condutor que circula 10 mil km por ano (27 km/dia) com desempenho de 10km/litro com gasolina a 5,79, totalizando R$ 5.790 por ano, vai gastar R$ 20.358,40 por ano ou R$ 1.696,53 por mês.

    > Carro por aplicativo

    Nesse caso, se o condutor gasta em média R$ 42 por dia para fazer o mesmo percurso, em um ano ele gastaria R$ 15.330.

    Conclusão: nessa circunstância, valeria mais a pena usar o carro acionado por aplicativo do que ter o automóvel próprio.

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