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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Adolescência e as disfunções

Confira a coluna desta sexta-feira (11)

Alice Nascimento | 11/04/2025, 11:54 h | Atualizado em 11/04/2025, 11:54

Imagem ilustrativa da imagem Adolescência e as disfunções
Alice Nascimento é presidente do Instituto Todos os Cantos

Será que realmente conhecemos nossos filhos? Esta parece ser a pergunta que todos se fazem ao assistir a série “Adolescência”, produção inglesa da Netflix lançada no mês passado.

A trama é simples: ao ter a casa invadida pela polícia, uma família descobre que o filho de 13 anos é o principal suspeito de um crime brutal. Começa, então, a busca dos pais por respostas.

A ficção “Adolescência” causa perplexidade por abordar dilemas muito reais, que podem atingir qualquer família. Jamie Miller, o protagonista, é o filho inteligente e comportado que muitos pais têm em casa. Nada indica disfuncionalidades na família; ao contrário, o enredo mostra uma mãe preocupada, uma irmã disposta a apoiar o irmão mais novo e um pai que permanece ao lado do filho num momento tão traumático. Nada indica que Jamie Miller seria capaz de cometer a barbaridade da qual é acusado.

Não faço, neste artigo, uma avaliação da série “Adolescência”. Tampouco me arriscarei em tentativas de explicação para o ato de Miller. Seria vão, pois para um e outro caso me faltam competências. Escrevo incomodada pela constatação de que “Adolescência” faz referência a ocorrências reais mais frequentes do que gostamos de admitir. Enquanto escrevo, sou bombardeada pela notícia de que, em Caxias do Sul (RS), uma professora foi esfaqueada por alunos de 14 e 15 anos, na sala de aula, diante dos colegas.

O que está ocorrendo com nossos adolescentes? Será que realmente os conhecemos? Não sou mãe e o que sei resulta de uma vida inteira trabalhando com eles. Diariamente, ouço seus sonhos, suas frustrações, sua insegurança, rebeldia e tudo o mais que os impressiona. São indivíduos em formação que desejam ser algo sem saberem exatamente o quê. Nesse cenário, alguns veem em atitudes extremadas uma resposta para angústias internas, que sequer conseguem nomear.

Aprendi, ao longo de muitos anos, que a música pode contribuir decisivamente para a formação de indivíduos emocionalmente estáveis – eis a tese central deste artigo. A expressão artística permite um encontro do ser consigo mesmo, apaziguando temores e aplacando ansiedades.

Nos ensaios do Algazarra Coral vêm à tona uma enorme gama de emoções. Encorajados a se expressar por meio da voz, crianças e adolescentes aprendem a conhecer e a cultivar a potência artística que existe em cada um e a potência enquanto indivíduos diante de seus iguais e diante do mundo. Aprendem também a perceber a potência do outro e que não há melhores ou piores, mas apenas diferentes – e que as diferenças são fundamentais.

Não é incomum me deparar, após os espetáculos, com pais surpresos com a performance dos filhos. “Não sabia que era capaz disso”, dizem. Sim, ouso dizer que conhecemos nossos filhos muito menos que pensamos. Me sinto, então, realizada, ao perceber a contribuição da música para a inserção de crianças e adolescentes nas suas próprias famílias, na escola e na vida social. Assim, inseridos, tendem a deixar de encarar a existência como empreitada arriscada e a exigir atitudes extremadas, para, ao contrário, enxergá-la como vida repleta de oportunidades.

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