Nova ordem de imperialismo econômico desumanizado
Confira a coluna desta quarta-feira (09)
Uma nova ordem mundial? Falarei no texto sobre Trump, o princípio de uma nova ordem mundial e o sepultamento dos direitos humanos por esse novo paradigma. Como fato político da semana ficou destacado o anúncio do chamado tarifaço do presidente americano Donald Trump.
O tarifaço em questão é a taxação de produtos ou serviços importados, com finalidade extrafiscal, visando estabelecer uma nova forma de relação do governo americano com as demais nações do mundo. Por esse tarifaço, certo é que Trump inaugura na geopolítica uma nova ordem mundial.
Na ordem mundial existente, que é a forma pela qual os países do mundo se relacionam entre si, o bilateralismo da influência bélica da guerra fria entre americanos e soviéticos foi superado pelo paradigma da relação multipolar entre as nações. Ou seja, no presente o relacionamento entre as nações gira em torno da relação econômica entre elas.
E existem órgãos chamados multilaterais que, por uma regulação normativa entre si, mediam conflitos entre as nações, como a Organização Mundial do Comércio. Bem como grupos econômicos de países, com o fim de desenvolvimento mútuo por meio de eliminação de tributos de produtos e serviços, para o seu melhor livre comércio. Por exemplo: o Mercosul e os Brics que o Brasil faz parte.
Por isso é que por meio do seu tarifaço Trump dá pontapé de partida ao reconhecimento de um novo paradigma na ordem mundial, centrado na desregulamentação do sistema multipolar e, por conseguinte, erosão dos seus fiadores de existência: tanto os órgãos bilaterais como os grupos econômicos organizados.
Com sua medida político-econômica, Trump pretende colocar de lado essas regras internacionais do comércio entre as nações, e passar a centralizar os Estados Unidos no epicentro do mundo - tal como na guerra fria.
Para isso, desde o seu primeiro governo, Trump inviabilizou o funcionamento da OMC. E agora ataca frontalmente os grupos econômicos de países, procurando impor sua negociação individual com cada país.
O problema é que, nessa relação país por país, se impõe uma lógica aristotélica sobre a igualdade: todos devem ser tratados de forma igual na medida de suas desigualdades.
E, havendo uma desigualdade econômica latente entre as nações, a destruição de órgãos multilaterais e de grupos econômicos organizados sepulta consigo a geopolítica pautada na realização dos direitos humanos, dos quais a ética programática das principais nações de fomentar o desenvolvimento das nações não desenvolvidas falece completamente. É por isso que Trump é indiferente à questão humanitária da Ucrânia. Agora, tudo são “negócios”.
Ao deflagrar uma ordem mundial pautada na relação pragmaticamente econômica entre as nações, sem a regulação externa de órgãos multilaterais e sem o protecionismo dos grupos econômicos organizados, e com a eliminação da ética dos direitos humanos, Trump impulsiona a nova realidade para um novo paradigma: uma nova ordem mundial de imperialismo econômico desumanizado.
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