Você é de direita ou esquerda?
Coluna publicada no jornal A Tribuna
Do nascimento à idade adulta incorporamos as normas e os valores que vão nortear nosso comportamento na vida familiar e social. Desde pequenos aprendemos que temos que ter segurança financeira, bens materiais para nosso equilíbrio socioeconômico. Parece que nisso se resume a nossa vida.
Nessa caminhada aprendemos a fazer escolhas pautadas em apenas duas opções, reduzindo sistematicamente as possibilidades e variâncias que a vida nos presenteia a cada dia, a cada momento.
Decidimos nossos pensamentos e ações exclusivamente considerando a direita e esquerda, certo e errado, verdades e mentiras, longe e perto, bonito e feio, alto e baixo, escuro e claro, doce e salgado. Nós deixamos de considerar as nuances que existem entre um extremo e outro. Nos acostumamos a ver tudo na visão limitante e reducionista do “cara e coroa.”
Esse artigo não é para falar exatamente de política, mas das crenças e dos valores que norteiam o nosso comportamento perante a sociedade e indivíduos com quem convivemos.
Nossas escolhas deveriam nos proporcionar felicidade e bem-estar, no entanto, até hoje, o que vemos são países em guerras uns com os outros lutando por terras e direitos autodeclarados sem nenhum respeito e humanidade.
Na discriminação e no desrespeito a evolução social não acontecerá. O egoísmo e o desejo de poder ainda estão fortemente impregnados na mente humana.
Ser de direita ou de esquerda não importa. A questão é o quão humano e coletivo você é com as pessoas com quem você convive e se relaciona.
Quando você desenvolve um pensamento de cuidado e de proteção você passa a ter sua atenção menos no “eu” e mais no “nós”. Quando você é engajado com o ser humano, perceberá que o importante da vida é conviver, aceitando todas as pessoas, o preto, o branco, o rico, o pobre indistintamente.
Antes de se dizer de esquerda ou de direita, decida-se por ser alguém de pensamento livre. Mantenha a sua ideologia no coração porque no coração você saberá que não pode maltratar o outro.
No seu coração você saberá que não pode explorar e nem tomar o que não é seu. De coração você saberá que não pode torturar nem discriminar a quem quer que seja.
Quando a sua ideologia sai do coração e vira bandeira de luta, você nunca resolverá nada, isso nunca resolveu. A dor humana e os maus-tratos permanecem manifestados na fome, nas doenças e na pobreza. A evolução da humanidade só acontecerá em massa, coletivamente. Não há nobreza num país com uma centena de ricos com milhões de pessoas vivendo em sofrimento e pobreza extrema.
Precisamos ficar acima das dualidades e perceber que há muitas formas se ser, de se comportar e de viver. Temos que aceitar as diferenças, as necessidades e o direito dos outros.
Não será possível viver em alegria e equilíbrio com alguém triste e em desarmonia ao seu lado. O mundo inteiro tem que se elevar para amarem e se respeitarem uns aos outros, não há nenhuma outra solução. É essa alegria que você deve sentir e dar aos outros. Deixe a sua luz brilhar e faça o mundo à sua volta um lugar melhor de se viver.
Cláudio Miranda é terapeuta individual e familiar, psicopedagogo clínico, pós-graduado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP