Tem alguém aí?
Coluna foi publicada no domingo (27)
Folha de São Paulo
O presidente Lula (PT) tem se queixado a aliados e a líderes populares de que a mobilização de movimentos sociais progressistas vem sendo morna durante o seu governo, o que dificulta a discussão e a implementação de medidas rejeitadas por setores políticos e da economia não alinhados ao petismo. Com a demanda popular dormente, a avaliação é a de que o governo fica fragilizado diante de pressões da direita, de modo mais amplo, e do centrão, em termos de política parlamentar.
Faz de conta
“Quando um grupo democrático e popular vence as eleições, muitas forças progressistas acham que acabou, que vencemos e que tudo vai ser implementado. Essa ilusão precisa ser trabalhada”, diz Paulo Okamotto, presidente da Fundação Perseu Abramo e um dos principais conselheiros de Lula.
Próximo passo
O governo estuda lançar títulos “sociais” caso seja grande a demanda de investidores pelos papéis verdes que serão emitidos em setembro. Os títulos ambientais são atrelados a projetos de sustentabilidade, enquanto os sociais são voltados a financiar ações como combate à desigualdade e à pobreza. A avaliação é que a temática social não tem o mesmo apelo que a verde, mas que mesmo assim é possível atrair interessados.
Cidade maravilhosa
O governo Lula pretende fazer um grande evento para marcar o início da presidência rotativa do Brasil do G20, grupo que reúne países ricos e emergentes. A cerimônia deve ocorrer em novembro, e há a expectativa de diplomatas de que seja no Rio de Janeiro. A capital fluminense será o principal palco dos encontros que o Brasil sediará ao assumir a coordenação do bloco, em dezembro.
Habitué
Possível candidato a presidente em 2026, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), tem apregoado que é o gestor que mais comparece à B3, em SP, para bater o martelo em concessões e privatizações, o que reforçaria o caráter liberal de seu governo. Na última sexta-feira, fez a quarta visita, para a concessão de um lote de estradas. Antes, havia comparecido a leilões de um terminal do porto de Paranaguá, da empresa de saneamento e da companhia elétrica do estado. Há mais duas visitas previstas até outubro.
Elas
Senadoras começaram um movimento para tentar emplacar a primeira mulher na história a presidir a Casa, que acumula a chefia do Congresso Nacional. Um dos nomes citados é o da relatora da CPMI do 8 de Janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA).
Páreo duro
Além do PSD, que quer manter o comando do Senado, hoje com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), MDB e União Brasil devem entrar na briga. O ex-presidente Davi Alcolumbre (União-AP) é um dos que demonstram interesse.
Modelo
A CPMI do 8 de Janeiro se espelha na investigação do Congresso americano sobre a invasão do Capitólio para não convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump também não foi ouvido, o que não impediu que as conclusões apontassem o dedo para ele como mentor do ataque.
Tiro no pé
Assim, convocar Bolsonaro não seria necessário para pedir seu indiciamento no relatório final. A avaliação é que um depoimento apenas daria palanque ao ex-presidente.
Torpedo
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber pode antecipar no plenário virtual seus votos sobre a descriminalização do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação e violações a direitos humanos em prisões, caso a Corte não consiga concluir ou mesmo iniciar a discussão dos temas antes de ela se aposentar, em setembro.
Lugar de fala
Em 2022, o STF decidiu que os votos de ministros que se aposentarem depositados em plenário virtual continuarão valendo, mesmo após a saída da corte. Sobre o aborto, ela tem citado a importância de uma mulher votar, diante da indefinição sobre o gênero de seu substituto.
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Painel,por Folha de São Paulo