Comentários na internet e seu emprego em risco
Coluna foi publicada no domingo (20)
Nos tempos atuais, em meio ao cenário tecnológico que impulsiona e amplifica nossas ações e expressões na internet, a necessidade de um comportamento correto e ético, por parte das pessoas, se torna cada vez mais crucial.
Casos perplexos emergem com frequência, nos quais indivíduos, desprovidos de filtros ou inibições, disseminam comentários sobre tópicos polêmicos. Essas atitudes podem, a curto, médio ou longo prazo, comprometer a reputação pessoal e a trajetória profissional.
Mesmo aqueles que buscam uma inserção no mercado de trabalho enfrentam potenciais danos. Atitudes que exibem ódio, preconceito, racismo e quaisquer comportamentos censuráveis podem prejudicar suas perspectivas.
As empresas de seleção e recrutamento, regularmente, examinam o perfil psicossocial dos candidatos, muitas vezes por meio da investigação de suas presenças nas redes sociais.
Uma vez empregados, os cuidados devem ser intensificados, pois as empresas monitoram seus funcionários não apenas durante o expediente, mas também fora dele. Ações inadequadas, intempestivas ou antiéticas podem resultar em demissão e, posteriormente, dificuldades na busca por uma nova colocação.
Nesse contexto, é fundamental exercer o discernimento e adotar posturas neutras nas publicações. Uma abordagem ética e respeitosa deve nortear a vida, tanto no ambiente digital quanto no mundo real. Recentemente, no Espírito Santo, diversos casos ilustram a perda de empregos decorrente de comentários inadequados, realizados nas redes sociais.
Deve ser compreendido que, no âmbito digital, não existe a “Lei do Arrependimento”. A remoção de uma postagem controversa não anula as possíveis consequências, pois outros usuários podem ter capturado o conteúdo, pronto para ser utilizado contra o autor do comentário, no momento oportuno.
Para além do desemprego, uma simples publicação inadequada na internet pode obstruir oportunidades profissionais, como demonstrado no caso de uma jovem estudante de Enfermagem.
Após se manifestar a favor do aborto, em suas redes sociais, durante o primeiro ano de sua formação técnica, a jovem se viu impactada três anos depois, ao se candidatar a um cargo em um hospital da região.
Após fornecer informações das suas mídias digitais, foi sutilmente dispensada da entrevista com a psicóloga.
Ao examinar sua pasta de candidata, foram encontradas postagens impressas, incluindo as opiniões sobre o aborto destacadas em marca-texto. Diante dessa revelação, a candidata se sentiu injustiçada e discriminada.
Lamentavelmente, situações desse tipo são mais comuns do que se imagina. É vital compreender que tudo que é compartilhado no ambiente digital pode, no presente ou em um futuro próximo, ser usado contra nós. Assim, a reflexão e a ponderação se tornam cruciais, antes de expressarmos pensamentos em um espaço acessível a centenas ou milhares de pessoas.
Infelizmente, o impacto negativo não é devidamente considerado quando publicamos algo por impulso. Portanto, é prudente lembrar que as redes sociais equivalem a outdoors on-line de grande visibilidade, o que faz da cautela e da responsabilidade virtual comportamentos indispensáveis. Fica a dica, em nosso artigo de número 200 desta coluna.