Vendas reduzidas e a dura luta da literatura capixaba
Luiz Trevisan
A bordo da “Kombiousa” ou espalhando livros por calçadas aqui, ali, acolá, o editor Saulo Ribeiro, da Cousa, virou protagonista da “literaluta”, neologismo aplicado àqueles que se dedicam à literatura capixaba fora da grande engrenagem empresarial. “É meio quixotesco, há muitas barreiras, é difícil equilibrar as contas, mas eu gosto e persisto”, diz. Após montar em Vitória três lojas físicas do modelo café-arte, empregar oito funcionários e outros temporários – e após editar mais de 200 livros –, Saulo Ribeiro foi duramente impactado pela pandemia. Vendas caíram praticamente a zero. “Fui obrigado a fechar tudo, vender acervo para liquidar dívidas. E recomeçar investindo no modo do sair em busca do leitor”, detalha. Para 2022, quer incorporar uma van, para fazer companhia à já famosa Kombiousa. “Ela está meio velha, bebendo muito e fazendo bastante fumaça, parece o Bukowski”, compara, divertido.
Novos desafios
O modelo que Saulo Ribeiro busca parte de outra convicção: “Hoje, editoras vivem do escritor ao invés do leitor, publicam muito e banalizam. O desafio é ter mais qualidade, parcerias e espaço para distribuir livros, das calçadas aos portais das redes sociais”, frisa. Uma aposta de venda do editor andarilho é a Flip de Paraty (RJ), em novembro: “Vai ter muita novidade lá”.
Mar não tá pra peixe
Pescador de Itaipava (Itapemirim), Ulysses Raposo queixou-se na Comissão de Defesa da Pesca, da Assembleia Legislativa, de multas aplicadas pelo Ibama, que exige das embarcações um rastreador, equipamento de segurança que nem todos conseguem adquirir, na faixa de R$ 5 mil. O deputado Bruno Lamas cobrou: “O Banestes precisa incluir e financiar a categoria”.
Na Estação da Luz...
No outro lado da Estação da Luz, em São Paulo, dias atrás turista capixaba se deparou com um cenário sombrio: muitos moradores de rua amontoados em calçadas, alguns vagando como zumbis, na manhã de inverno. Leitura rápida de um taxista: “Antes, estavam amontoados na chamada cracolândia, depois foram espalhados, agora estão por todas as partes”.
...Retrato social
Nas ruas de São Paulo e de outras capitais, a sensação é que aumentou o número dos sem-teto por causa da pandemia. Também há aqueles que, por desavenças domésticas, preferem viver na rua. Onde nem sempre tudo é inteiramente ruim. Igrejas, voluntários e organizações comunitárias costumam garantir alimentos e agasalhos. Não resolve, mas ameniza.
Um cantinho, vento sul, um violão
Algum fã resolveu aconchegar a estátua do mestre capixaba do violão Maurício de Oliveira diante do vento Sul que nesta época costuma varrer a praia de Camburi, Vitória. E criou todo um clima harmônico capturado por Marcela Tessarolo.
Triplex vermelho
Antigo hotel situado na entrada da rua Sete de Setembro, em Vitória, virou “triplex vermelho”, após o imóvel ser adquirido por petistas. Embute no nome clara ironia ao triplex do Guarujá, relacionado a Lula, condenado e absolvido no nebuloso processo. Ah, foi lá que o escritor Márcio Miranda acabou de lançar seu romance “Conde Trápula”, sátira do vampiro famoso.
Sem o beijo gordo
“Brasil perde um gigante da cultura e do bom humor, muito triste!”. Desse modo o compositor capixaba Paulo Branco resumiu o sentimento geral com morte do inesquecível Jô Soares.
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TEMPO PHOTOSHOP. Nada como o tempo para mudar conceito e imagem: ex-presidente Michel Temer, que deixou o cargo em baixa, tem palestra agendada em Linhares, amanhã.
INSEGURANÇA NO CENTRO. Vandalizaram a sede da Academia Espírito-Santense de Letras, próxima ao Paládio Anchieta. Levaram equipamentos e até bustos de figuras históricas.
TREMENDÃO. Erasmo Carlos é atração da Tenda Lab, aberta ao público no Parque da Prainha, Vila Velha, entre os dias 22 e 24 de setembro.
LANÇAMENTO. Cronista Henrique Rodrigues lança “O livro na estrada”, na Casa Rubem Braga, em Cachoeiro, na próxima quinta-feira. Na sexta, 19h, repete no Sayd, em Vitória.
SEM ECO. Alô, alô, PGE e MP-ES: a concessionária Eco vai sair assim, na maciota, da pista de duplicação da BR-101?
FILOSOFIA NA PANDEMIA. “Agosto, mês de vento bravo, cachorro louco e queimadas. E nada parece incomodar esse vírus”. Entreouvido em feira livre, onde candidatos vão comer pastel.
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Fonte Grande,por Luiz Trevisan