Insegurança leva lazer e gastronomia para o alto dos prédios
Coluna foi publicada no domingo (04)
Em vias de lançamento, dois prédios residenciais projetados para o bairro Jardim da Penha, em Vitória, reforçam a tendência do espaço de lazer “rooftop” (telhado) registrada em grandes metrópoles. Para escapar da insegurança crescente das ruas, também em áreas comerciais os bares, restaurantes e locais de festa sobem no telhado, literalmente.
Mas, conforme observam analistas do mercado, o ganho na privacidade, climatização e segurança é contrabalançado pela natural restrição do espaço e alguma sensação de confinamento. Afinal, põe por terra o conceito histórico de que comércio e lazer devem ficar ao acesso das pessoas nas ruas.
“Lazer no alto, residencial ou comercial, é uma tendência urbana muito forte que veio para ficar um bom período”, avalia o experiente corretor imobiliário Marcos Salviato.
Modelo paulista
Muitas construtoras que operam no mercado capixaba se espelham nas iniciativas da metrópole paulista. E em São Paulo, que enfrenta o desafio da enorme população de moradores de rua, muitos bares e locais de festa agora sobem os andares criando “ilhas no alto”. Sociólogos de plantão odeiam. Avaliam como “criação de bolhas urbanas da elite”.
Revitalização e moradia
Já a revitalização do centro de Vitória, entre novos conceitos e projetos, tem priorizado a ocupação dos imóveis antigos por empresas públicas. O corretor Marcos Salviato reforça a necessidade do estímulo ao uso desses imóveis como moradia. “Em geral, são imóveis amplos, de bom padrão, e há muitos fechados. Não vejo sentido o sujeito que trabalha em Vitória ir morar na Serra encarando um trânsito cada vez mais complicado”, opina.
Caminho das pedras
O deputado estadual Vandinho Leite externa sua “decepção” diante da anunciada decisão de transferir para São Paulo a Vitória Stone Fair, em 2025. Na capital paulista, o evento será batizado de Marmomac Brazil, com intuito de atrair mais estrangeiros. Vandinho lembra que a feira em Vitória movimenta cerca de R$ 1 bilhão em negócios.
Leitura sugerida
Manuela Santos Neves estampa admiração pelo livro de Glecy Coutinho “Nada Duas Vezes Nem Acontecerá”, lançado às vésperas da autora capixaba completar 90 anos, no próximo dia 13. “É um livro cheio de história e ternura, e nele Glecy relembra pessoas queridas, paisagens, os sabores no interior do Espírito Santo. Foi em 1947 que anunciaram que o trem da Vitória-Minas deixaria de passar pela estação de João Neiva. Com quase 13 anos, Glecy embarcou no último trem”.
...Relato da autora
“Uma parte da minha vida, à medida que o trem avançava, ficava para trás, enquanto o imponente Monte Negro, fiel guardião de João Neiva e também da minha infância, ia lentamente sumindo na paisagem”. ‘A menina chorava’, conclui Manuela, emocionada.
Tanto sol nascendo
Berço do banho de mar à fantasia puxado por blocos históricos, como Sanatório Geral e Xaréu, Manguinhos (Serra) terá no próximo sábado (10) uma edição repleta de atrações, além da beleza natural do sol nascendo aqui flagrado por Maria Alice Machado. No palco e tendas, Marcelo Ribeiro, Velha Guarda do Samba de Manguinhos, Denise Pontes e Viviane Miranda animam o primeiro dia. Nos demais dias de Carnaval, blocos, batucada, axé e reggae.
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