Em ritmo pare-siga, rodovias do ES duplicam é o tempo da viagem
Coluna foi publicada no domingo (03)
Agora virou exercício de resiliência com doses de coragem percorrer a BR-101 e 262, rodovias federais que cortam o Estado. Das duplicações previstas, a única que avançou foi o tempo da viagem. A seguir, breve relato de um passageiro que transitou pela BR-262, dias atrás, entre Vitória e Venda Nova do Imigrante com conexão à rodovia estadual Pedro Cola até Castelo. “É um comboio de carretas e veículos em pista única, na maioria do trecho, radares em profusão, obras de pare-siga e até quebra-molas. Além disso, radares retirados seguem sinalizados no painel a bordo, o que deixa motoristas inseguros e lentos. Resultado: num trajeto de 150 quilômetros, o tempo estimado de 2h20 pode duplicar. Não raro, há acidentes fatais bloqueando a via por horas”. A notícia boa: enfim, o governo sinaliza a terceira faixa na 262.
... Pista ruim
Com menos trânsito, a lentidão na rodovia estadual Pedro Cola (Venda Nova-Castelo) fica por conta da pista única e ruim em vários trechos dos seus 40 quilômetros, maioria em declive. Inaugurada no governo Gerson Camata (década de 1980), passou por obras de recuperação, nas últimas décadas, mas segue distante da duplicação reivindicada pelas comunidades.
Gargalo no Norte
No outro extremo, os 219 quilômetros da BR-101, entre Vitória e São Mateus, têm tempo de viagem estimada em 3 horas e 14 minutos, mas é sempre bem maior. Com melhorias somente em pequenos trechos, além do gargalo na reserva de Sooretama, o comboio segue marcha-lenta. Entre Linhares e São Mateus, as carretas e veículos, em fila indiana, emitem carbono, testam a paciência e sorte dos passageiros diante dos altos riscos.
Morte de animais
A cada segundo 15 animais selvagens morrem atropelados nas estradas brasileiras. Segundo dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, da Universidade Federal de Lavras (MG), em um ano, um triste o balanço: 475 milhões de bichos mortos por atropelamentos. Essa estatística é engrossada por caça ilegal e tráfico. Dados estatísticos apontam: por ano, 38 milhões de animais são retirados da natureza para serem vendidos.
...Tragédia silenciosa
Para o professor e ambientalista capixaba Luiz Fernando Schettino, esses números traduzem aspectos que passam despercebidos pela maioria da população. “É uma tragédia silenciosa que pode antecipar a extinção de muitas espécies da nossa fauna e agravar o desequilíbrio ambiental”, diz. Ele defende fiscalização nos locais de travessia dos animais, mais passagens subterrâneas e engajamento à causa pelas igrejas, empresários e sociedade civil organizada.
Alucinações virtuais
O Google suspendeu a geração de imagens em sua inteligência artificial, o Gemini, após distorções mostradas por usuários nas redes sociais. Para o advogado José Luis Bolzan, especialista em Direito Digital, o episódio evidencia “aspectos da corrida mercadológica e a falta de cuidado das big techs na utilização das novas tecnologias”.
Ufes sem verba para investimentos
Faltando 20 dias para deixar o cargo de reitor da Ufes, o professor Paulo Vargas aguarda a nomeação de sucessor, pelo presidente Lula, e se prepara para divulgar o Plano de Gestão, no próximo dia 19. Ele pontua que as universidades federais precisam de R$ 2,5 bilhões para corrigir defasagens. “Estamos com verba para bancar o custeio, mas faltam recursos para investimentos”, frisa.
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NAS TELAS. Instituto Últimos Refúgios lança o documentário “Corredores”, sobre reservas ambientais do Estado, no próximo dia 9. Será no Cinemark, e terá debate com o diretor Klaus Berg.
AQUELE ABRAÇO. Abertas até o próximo dia 18 inscrições para textos e desenhos em homenagem a Gilberto Gil. O concurso, em maio, é da Festa Literária de Santa Teresa, Rio.
BOTÃO DO PÂNICO. Na rede municipal da Serra, 145 escolas vão receber o botão do pânico.
SETE PRAGAS. Em meio às ondas de covid e dengue, leitor assustado com casos da febre oropouche, transmitida por mosquito, enumera: “As sete pragas do Egito viraram fichinha”.
PORTA DE IGREJA. Alô, Secretaria de Direitos Humanos: ir à igreja, em Vitória, virou exercício de atravessar o cordão de pedintes formado nas imediações.
FILOSOFIA PÓS-PANDEMIA. “É mais fácil camelo passar no buraco da agulha do que taxar grandes fortunas”. Entreouvido, com tom bíblico, em barbearia, após fala do ministro Haddad.