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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Sofrimento é o pensamento da dor

Coluna foi publicada nesta terça-feira (21)

Dr. João Evangelista | 21/05/2024, 12:20 h | Atualizado em 21/05/2024, 13:01

Imagem ilustrativa da imagem Sofrimento é o pensamento da dor
Sofrimento é o pensamento da dor |  Foto: © Divulgação/Canva

Como de costume, o consumidor entra no supermercado para fazer compras. Em dado momento, ele começa a gritar, arqueia o tronco para frente e desmaia. Nesse instante, surgem dois problemas: a dor que não vai embora e o sentimento de que ela existe porque tem algo de errado com o corpo.

Dentro do paciente, inicia-se um quadro de pancreatite aguda. Enzimas digestivas provocam um processo inflamatório nessa importante glândula, agora obstruída. Vencido pela dor, ele é conduzido ao hospital, sendo internado na Unidade de Terapia Intensiva.

Enquanto diagnostica-se a moléstia, o quadro doloroso é debelado por analgésicos. Em casos de patologias crônicas, entretanto, a dor acaba sendo a doença da doença. A dor, na verdade, é o desejo de não se sentir dor. O sofrimento é a interpretação da dor. O ser humano, assim como os outros animais, sente dor e sofre.

Tanto a dor física quanto o sofrimento, que é a dor da dor, causam apreensão, angústia e desespero. Ao responder com dor, o corpo clama por auxílio. Ao produzir sofrimento, a mente busca compreensão.

Quando disse: “Pai, por que me desamparaste?”, Jesus buscava se livrar da dor. Mas foi preciso doer como nunca para não doer nunca mais.

Embora a abordagem inicial do médico seja para dirimir dor, o tratamento da causa torna-se imperioso, buscando o restabelecimento da saúde do paciente.

A dor é considerada um sintoma biológico crucial. Caso seja possível, o médico deve eliminar o quadro doloroso do paciente antes mesmo de realizar os procedimentos diagnósticos.

O sofrimento decorre da falta de significado do fenômeno álgico. A dor exige compreensão racional. O sofrimento pede entendimento afetivo.

A dor grita, o sofrimento lamenta-se. A dor transita, o sofrimento esmaga. A dor mutila, o sofrimento desintegra. Dor é percepção, sofrimento é memória. A dor necessita falar, o sofrimento tende ao silêncio.

De certa forma, para o paciente, o sofrimento é a leitura racional e o significado emocional de sua própria dor.

O controle da dor demanda competência, analgesia e outros cuidados especializados, enquanto a terapêutica do sofrimento solicita atenção, compreensão, empatia e solidariedade.

A vulnerabilidade, provocada pela dolorosa patologia, exige resposta rápida na conduta médica com o cuidado humano. Em senso estrito, tratar é, na relação terapêutica, o debruçar do médico sobre as angústias do paciente, enxergando mais do que olhando, escutando mais do que ouvindo, não somente suas queixas e seus gemidos, mas também suas hesitações e seus silêncios.

Ao procurar compreender não apenas o mecanismo nociceptivo, mas o significado daquela dor para o paciente, o resultado terapêutico não resultará apenas da prescrição medicamentosa, mas de toda uma postura compreensiva e solidária.

Assim que recuperou a saúde, o paciente entendeu que a dor foi um remédio para acordar seu corpo, enquanto o sofrimento foi um elixir para acordar seu espírito.

Imagem ilustrativa da imagem Sofrimento é o pensamento da dor
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

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