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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Mindfulness

Coluna foi publicada nesta terça-feira (06)

Dr. João Evangelista | 06/08/2024, 10:36 h | Atualizado em 06/08/2024, 10:36

Imagem ilustrativa da imagem Mindfulness
Meditar conduz a mente do praticante em direção ao seu coração, gerando integração destes dois centros do ser humano |  Foto: © Divulgação/Canva

O ser humano é temperado com vários sentimentos. Alegria, confiança, amor, compaixão, empatia e esperança são considerados emoções nobres. Raiva, hostilidade, tristeza, medo, frustração, ciúme, ansiedade, egoísmo, inveja, entre outros, são bastante evitados, por serem sentimentos feios.

Tomado pela raiva, o sangue ferve, o corpo fica tenso e o indivíduo tem vontade de destruir o que está ao seu redor, enquanto esbraveja. Sempre ouvimos que o melhor é tirar a cólera de dentro da pessoa. Essa catarse parece ser útil. Seria como se o indivíduo eliminasse o vapor de uma panela de pressão.

Isso não é verdade. Existe um mito comum de que liberar a raiva é uma maneira produtiva de lidar com ela. Expressar raiva é bom no momento, mas em longo prazo, deixa a pessoa mais irritada e agressiva.

Raiva causa desconforto, por isso queremos nos livrar dela. Todavia, nem sempre somos eficientes em controlar esse estado de espírito.

Dizer que “explodir faz bem” é um mito. Liberar agressivamente a raiva, para aliviá-la, torna-se muitas vezes contraproducente, já que pode intensificar e prolongar o sentimento.

Desafogar a raiva com gritos e violência não é um passo em direção ao processamento saudável de emoções, e pode até mesmo piorar o humor naquele momento.

A raiva é uma emoção que desencadeia excitação fisiológica, elevando os batimentos cardíacos, aumentando a pressão arterial e acelerando a frequência respiratória. Diante da ira, não se deve colocar “lenha na fogueira”.

A raiva não deve ser superada pela raiva. Se uma pessoa demonstra raiva e recebe raiva em troca, o resultado poderá ser catastrófico.

Ludwig van Beethoven caminhava todas as manhãs pelo subúrbio de Viena. Surdo, filho de pai alcoólatra e colecionando decepções amorosas, o irascível compositor alemão encontrava consolo através da prática de se concentrar completamente no presente, procedimento hoje conhecido como mindfulness.

Meditação é um ato de sabedoria mental universal, encontrado no centro de todas as grandes tradições religiosas. Meditar conduz a mente do praticante em direção ao seu coração, gerando integração destes dois centros do ser humano. Mindfulness é um processo de aprendizagem, que consiste em desaprender as respostas condicionadas, imaginárias à realidade.

Relaxar sempre demonstrou ser um excelente antídoto para o estresse, que é a causa de muitos aborrecimentos e doenças.

Mindfulness não é uma disciplina que age apenas sobre a plenitude do corpo. Ela também opera na mente. O silêncio da meditação permite transformar o indivíduo em quem ele deve ser, pacífico e coerente, agindo dentro da harmonia. Ao se mover da superfície para a profundidade do ser, a pessoa é protegida pelo “útero” da paz. Ao fazê-lo, não só penetra em um melhor relacionamento consigo, mas também com os outros, numa realidade na qual todos estão inseridos. 

Meditar faz pensar. Pensar faz refletir. Refletir faz enxergar a vida sob várias perspectivas.

Imagem ilustrativa da imagem Mindfulness
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

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