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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Meus cabelos cor de neve

Coluna publicada no jornal A Tribuna

Dr. João Evangelista | 31/10/2024, 14:41 h | Atualizado em 31/10/2024, 14:41

Imagem ilustrativa da imagem Meus cabelos cor de neve
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

Aos 72 anos de idade, armazenando uma década de velhice, observo a metamorfose do tempo. Por outro lado, vejo minha mente saltitando de criatividade. Mostrando que a vida é um sonho emprestado, Deus recolheu minha juventude, mas indenizou-me com a sabedoria.

“Envelhecer é se retirar, aos poucos, do mundo das aparências”. Cheio de passado conhecido e futuro ignorado, observo meu corpo entrando em declínio. “Triste contingência da vida humana, mal o espírito amadurece, o corpo começa envelhecer”.

O futuro do viver do idoso depende da vida que ele cultivou. Entretanto, seu organismo depende de fatores nem sempre sujeitos ao controle próprio.

Feliz aquele que é contemplado pela senescência, esse envelhecimento natural, observando alterações fisiológicas que não configuram doenças. 

Embranquecimento dos cabelos, rugas, perda de flexibilidade, redução da estatura e massa muscular caracterizam desgastes naturais.

Por outro lado, a senilidade, esse envelhecer que amedronta, está associada a doenças crônicas, podendo levar à incapacidade funcional e perda da qualidade de vida.

 O mundo está repleto de senis, arrastando hipertensões, diabetes, doenças cardíacas, pulmonares, renais e neurológicas.

Sensu lato, velhice é o número de anos que cada pessoa vive. O que importa é a percepção dessa interpretação. Envelhecer não é tão ruim. Morrer cedo é que não presta. Longeva é a vela que produziu mais luz.

Teme-se intervenções que poderiam ser feitas para corrigir, por exemplo, um problema cardiovascular, hipertensão ou diabetes. No entanto, abre-se a porta para intervenções que podem ser devastadoras, como tratamento com hormônios e a busca pela juventude eterna.

Uma das maiores conquistas da humanidade foi o aumento dos anos de vida, além de melhoria na saúde da população idosa, mesmo que essas conquistas não estejam nem mesmo próximas do ideal.

Chegar à velhice, que antigamente era privilégio de poucas pessoas, hoje é comum, mesmo em países subdesenvolvidos.

O termo envelhecimento abrange toda a vida, desde o nascimento até a morte, sendo usado para descrever um período definido de tempo.

Envelhecer não é somente um momento na vida de um indivíduo, mas um processo complexo e pouco conhecido, com implicações tanto para quem o vivencia como para a sociedade que o assiste.

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Envolvida por perdas e aquisições individuais e coletivas, a velhice não é uma ruptura em relação à vida precedente, mas a continuação da juventude e da maturidade, que podem ter sido vividas de diversas maneiras.

Jovens se alimentam de aspirações e aventuras. Idosos se nutrem de prudência, sensatez e astúcia.

Envelhecimento não é a simples passagem do tempo, mas as manifestações biológicas que ocorrem no organismo durante o transcorrer deste espaço temporal. O envelhecimento cronológico é apenas uma convenção humana.

Somente Deus não envelhece e morre. Talvez seja porque ele se nutre com nossas orações. Com a morte, Jesus venceu a morte.

João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista

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