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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Liderança e a teoria do queijo

Tenho para mim que é porque jamais cobramos um tostão e sempre levantamos para achar o queijo para os homens basicamente preguiçosos

Claudia Matarazzo | 04/05/2023, 13:38 h | Atualizado em 04/05/2023, 13:38

Imagem ilustrativa da imagem Liderança e a teoria do queijo
Claudia Matarazzo, colunista do jornal A Tribuna |  Foto: A Tribuna

Deixei passar o mês de março sem falar em mulher e “empoderamento” mas, o último relatório “Women in the Workplace da McKinsey & Company” me chamou atenção devido a um aparente contrassenso. 

Por um lado, o estudo destaca preconceitos ainda predominantes no sistema corporativo que diminuem a capacidade das mulheres de ascender a cargos de alto escalão. Por outro, dá a boa notícia: mulheres bateram o recorde liderando empresas da Global 500 (as maiores 500 do mundo). Subimos de seis míseras empresas para 26. Subimos bem, mas, note o absurdo da proporção – apenas 26 mulheres mas em 500!

Leia mais sobre Claudia Matarazzo aqui

Não entendo isso. Somos tão boas em achar o queijo! Explico: Depois de um longo dia, onde deixou o filho na escola, correu para o trabalho, almoçou em pé pois estava na fila da lavanderia, voltou ao trabalho, apressou as tarefas para sair um pouco mais cedo, passou no supermercado, finalmente em casa subiu e guardou as compras e finalmente sentou-se no quarto para dar um tempo, antes de encarar a cozinha.

Neste minuto ouve o marido bater a porta de casa e gritar da cozinha: “Amor! Onde está o queijo?”

Ela, sem ânimo para levantar, responde também aos gritos: “Na segunda prateleira à direita, ao lado do leite que está na porta da geladeira”. Dez minutos depois, quase cochilando, leva um susto quando ouve o marido encostado no batente da porta: “Não achei”.

Ela respira fundo, engole um PQP, reúne um restinho de forças e levanta levando o infeliz rumo à cozinha. Abre a porta da geladeira e lá está o queijo, branco e luminoso, dando tchauzinho. Fuzilando o marido com os olhos ainda ouve: “Nao vi”.

Voltando ao Relatório Kinsey: a boa notícia é que, APESAR desses insights negativos, os mesmos confirmam nossas muitas habilidades e imenso potencial inexplorado - que as empresas se empenham em classificar e desvendar. Somos ótimas! veja só um trechinho:

Elas valorizam o equilíbrio profissional e pessoal – equilibram habilidades de liderança profissional e pessoal. É mais fácil abordar uma líder mulher com um pedido pessoal ou uma pergunta delicada. 

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Vamos falar de autoconfiança e autoestima

São mais empáticas - mas não entendem empatia como fraqueza e sabem que você pode ser ao mesmo tempo compassiva e forte.

São fortes comunicadoras – não falamos demais; valorizamos a comunicação. Eis a diferença crucial para mais clareza na execução de funções e responsabilidades.

Elas lidam bem com situações de crise - treinadas para lidar com problemas em casa, fazem isso com compaixão e paciência.

Elas são flexíveis - são grandes líderes porque são ágeis. Podem enxergar novas perspectivas. Reagrupam e mudam o rumo para melhor sem muita deliberação.

Fazem o trabalho parecer fácil - subiram degrau por degrau a escada do poder e aprenderam a gostar do que fazem uma vez que nem sempre lhes foi oferecido fazer o que gostam: em casa ou  na vida profissional. 

Se somos tão incríveis, como é que tão poucos reconhecem isso? Tenho para mim que é porque jamais cobramos um tostão e sempre levantamos para achar o queijo para os homens basicamente preguiçosos. Se os deixássemos se virar de verdade, perceberiam num segundo a importância e o esforço despendidos em cada etapa até o seu queijo chegar à prateleira de geladeira. Pense e confie. E lembre que nunca é tarde para começar.

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