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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Elegância na diversidade

Coluna foi publicada nesta quinta-feira (17)

Claudia Matarazzo, do Jornal A Tribuna | 17/08/2023, 13:03 h | Atualizado em 17/08/2023, 13:03

Imagem ilustrativa da imagem Elegância na diversidade
"Nunca use adjetivos como trava, traveco, transex. São pejorativos, cruéis e cafonas" |  Foto: Arquivo/AT

Hoje o assunto é para esclarecer (várias) dúvidas de leitores relacionadas a pessoas LGBTQIAPN+. Antes de reclamar da sigla, deixe a preguiça de lado: é natural que uma sigla que se refere à diversidade tenha muitas letras – e entender o que significam sem reclamar é o mínimo que se espera de uma pessoa esclarecida. 

Deu preguiça? Pule o assunto e continue no limbo no que se refere elegância. Explico: entender o básico dos tratamentos e pronomes é o primeiro passo para se relacionar melhor com um vasto universo de pessoas. E errar nesse caso é como trocar o nome de alguém durante uma transa. 

Então vamos lá: uma forte candidata à campeã de perguntas sobre isso é: “Tenho dois amigos gays que moram juntos. Eles são um casal. Como devo enviar o convite?” 

Alternativa 1 - Se são um casal e moram juntos, o convite deve ser um só e com os nomes dos dois. A ordem pode ser a alfabética ou colocando antes aquele que os noivos conhecem há mais tempo ou são mais próximos (acontece, certo)?

Alternativa 2 - Se eles tiverem feito a união estável com alteração de sobrenomes, vale a pena perguntar como ficaram os nomes. 

Alternativa 3 - Se são um casal e não moram juntos, envie os convites separadamente. E sempre com pronomes e formas de tratamento conforme o gênero do casal (neste caso, masculino; se fosse um casal lésbico, no feminino). 

Pronomes de tratamento - Outro leitor fez a seguinte indagação: “Tenho uma colega de trabalho que é travesti mas não se parece muito com uma mulher. Como vou chamar?” Hellooooo!  Ela se identifica com o feminino – mesmo que sua aparência não corresponda ao imaginário social de feminilidade, os pronomes e tratamentos devem ser sempre no feminino. Ela, dela, uma colega. 

Nunca  use adjetivos como trava, traveco, transex. São pejorativos, cruéis e cafonas. Aliás, o mesmo raciocínio dos pronomes e tratamentos é aplicável também para pessoas trans (homens e mulheres). 

Quantas vezes já não ouvimos, se referirem desrespeitosamente ao Thammy como “a Thammy”? E aqueles “colegas” políticos que se referem à deputada federal Erika Hilton com pronomes e adjetivos no masculino? Além de muito feio, é deselegante e criminoso – afinal, a transfobia foi equiparada ao crime de racismo.

Desenhando para deixar mais claro: precisamos apenas usar de afeto, empatia e respeito. Não cabe a nenhum de nós definir como o outro deve ser tratado ou “adjetivado”. Precisamos ouvir (e perceber e respeitar) o que o outro nos diz. 

Se o Thammy se reconhece como um homem, eu vou tratá-lo no masculino. Não é difícil – e dizer que isso te confunde é passar recibo de preguiça, atraso e pouca informação. 

Se cada um de nós realmente se colocar no lugar do outro, não tem como errar e você passa para outro patamar na escala das pessoas realmente apreciadas.

Ah, e sobre a sigla: LGBTQIAPN+ representa as iniciais de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, interssexuais, assexuais, pansexuais, não-binarie  e “mais”. 

Prometo explicar cada uma delas em outra coluna, tá? 

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