Vacina contra dengue liberada pelo SUS a partir do mês que vem
Imunizante aprovado para pessoas de 4 a 60 anos, incluindo quem não teve a doença, terá esquema de duas doses, em intervalo de 3 meses
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Dourados, a pouco mais de 200 km de Campo Grande (MS), foi a primeira cidade do Brasil a iniciar a vacinação em massa contra a dengue na quarta-feira (03). No Espírito Santo, a imunização começa no mês que vem, assim como em outros estados.
O imunizante foi licenciado para uso em pessoas entre 4 e 60 anos, incluindo quem não teve a doença, em esquema de duas doses, com intervalos de três meses.
No Espírito Santo, somente no ano passado, foram mais de 190 mil casos confirmados da doença e 97 óbitos. Os dados estão sendo atualizados e devem ser divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde nesta sexta-feira (05).
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
A vacina, conhecida como Qdenga, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses.
Agora, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará junto à Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir a melhor estratégia de utilização do quantitativo disponível, com público-alvo prioritário e regiões com maior incidência da doença para aplicação das doses.
A definição dessas estratégias será no dia 15 deste mês. Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro.
No mês que vem, por exemplo, serão 460 mil doses, que serão distribuídas no País.
“Estamos agora em fase de compra das vacinas e as primeiras doses chegarão em fevereiro para início imediato de imunização. O público-alvo será decidido na Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização no próximo dia 15”, disse Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
No Espírito Santo, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, disse que aguarda as diretrizes do Ministério da Saúde sobre o público-alvo e o critério populacional que será usado para imunizar as pessoas.
Mas, segundo ele, assim que o imunizante chegar ao Estado, a distribuição é imediata aos postos de saúde para, então, começar a vacinação.
"Estou na torcida para ser vacinada"
Em julho do ano passado, a dona de casa Eni Rodrigues Coelho, de 59 anos, teve dengue e ficou internada em decorrência da doença por mais de uma semana.
Não foi a primeira vez que ela deve a doença.“Há 10 anos eu tive dengue, mas foi na forma leve. Na última vez, o caso se agravou, pois foi hemorrágica”, contou.
Inicialmente, ela ficou internada em Vila Velha e depois foi transferida para Cachoeiro de Itapemirim.
“Fiquei no Hospital da Mulher em Cobilândia esperando vaga de UTI, mas graças a Deus quando eu cheguei em Cachoeiro de Itapemirim já tinha melhorado um pouco. Confesso que senti medo, mas segui confiante em Deus e sei que escapei por um milagre. Estou na torcida para ser vacinada”.
Saiba mais
Casos de dengue no Espírito Santo
- 97 mortes pela doença
- 125.941 casos notificados
- 190.404 confirmados
Obs: Dados referentes a janeiro até dezembro do ano passado. Os números ainda estão sendo atualizados pela Secretaria de Estado da Saúde e a previsão é que sejam divulgados nesta sexta-feira (05).
Vacina contra dengue
Fabricada pelo laboratório Takeda, a vacina contra dengue quadrivalente atenuada Qdenga foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e protege contra os quatro sorotipos da doença.
O imunizante foi licenciado para uso em pessoas entre 4 e 60 anos, incluindo quem não teve a doença, em esquema de duas doses, com intervalos de três meses.
Os estudos clínicos demonstraram eficácia de 63% contra a doença sintomática de qualquer gravidade e 85% contra a internação, em um período de 54 meses (quatro anos e meio) após a administração da 2ª dose.
Antes do Brasil, a vacina já havia sido licenciada na União Europeia.
Sistema Único de Saúde (SUS)
Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
A vacina não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses.
Por isso, a vacinação será focada em públicos e regiões prioritárias.
No próximo dia 15, será feita a definição dos públicos-alvos levando em consideração o número de vacinas disponíveis para os estados.
Cronograma de entrega no País proposto pela fabricante
A previsão é que sejam entregues 5,082 milhões de doses neste ano, entre fevereiro e novembro. São eles:
Fevereiro: 460 mil
Março: 470 mil
Maio: 1,650 milhão
Agosto: 1,650 milhão
Setembro: 431 mil
Novembro: 421 mil
O esquema vacinal é composto por duas doses. As doses serão distribuídas aos estados, mas ainda não foi definida a quantidade que será enviada a cada um deles. Essa definição também será neste mês.
Depoimentos
Grande Vitória
“No momento que enfrentamos uma disseminação maior de doenças virais, como dengue, Zika e chikungunya, associadas ao fenômeno do El Niño que podem afetar o ciclo de reprodução do mosquito, ter a possibilidade de que essas doenças possam ser imunopreveníveis é o que mais queremos.
A primeira vacina aprovada contra dengue foi incorporada pelo SUS. É uma grande vitória. Estamos agora em fase de compra das vacinas e as primeiras doses chegarão em fevereiro para início imediato de imunização”.
Desafio de saúde pública
“A importância da vacina contra a dengue no Brasil é evidente, dada a prevalência endêmica da doença. Transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, a dengue não apenas representa um desafio de saúde pública, mas também justifica a implementação estratégica da vacinação.
Isso se deve à incidência de formas graves da doença, à preocupação com a mortalidade associada, ao impacto considerável na saúde pública e à necessidade de medidas para reduzir a propagação do vírus no cenário brasileiro”.
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