“Somos reféns de usuários de drogas”, dizem comerciantes
Eles relatam agressões e assaltos cometidos por viciados em diversos bairros da Grande Vitória e pedem ajuda
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“Não foi uma, duas, três vezes que fui surpreendido com furtos e arrombamentos no meu comércio e até no prédio onde moro. Somente neste ano, por seis vezes eu fiquei no prejuízo. A situação está caótica. Estamos reféns dos usuários de drogas nas ruas”.
O relato é do comerciante Bráulio Bernardino Alves Filho, que tem loja de móveis e eletrodomésticos e mora em Itapuã, Vila Velha. Em um dos episódios, mercadorias que estavam em um caminhão e seriam descarregadas no dia seguinte em seu estabelecimento foram levadas à noite, deixando um prejuízo de R$ 10 mil.
O desabafo não é só dele. Cada vez mais agressivos e ocupando ruas de bairros da Grande Vitória, usuários de drogas estão atacando moradores e comerciantes para roubar ou agredir.
O presidente da Associação de Moradores da Praia de Itapuã, Valdenilson Lima, mais conhecido como Neném Lima, relata que está cada vez mais comum esbarrar com moradores de rua dormindo na porta dos estabelecimentos.
“Os comerciantes estão com dificuldade de pedir para que eles acordem e liberem o local. Estamos vivendo uma situação crítica.”
Na última terça-feira, na Praia da Costa, Vila Velha, um trabalhador foi atacado com golpe de estilete na cabeça.
Na Praia do Canto, o presidente da associação de moradores do bairro, Fred Muniz, afirma que o número de pessoas em situação de rua tem aumentado.
“Muitos deles são usuários e uma pequena minoria pode ser agressiva. Relatamos essas situações constantemente à prefeitura, que tem adotado algumas medidas, como acolher no abrigo quem tem interesse”, disse Fred.
Ele contou que a associação vai lançar, juntamente com a Pastoral do Povo de Rua da Paróquia Santa Rita e o Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares do Estado (Sindbares), uma campanha educativa com o apelo “Não dê esmolas”.
“A pastoral atua em parceria com a Fazenda Esperança, encaminhando aqueles que desejam passar por um processo de desintoxicação e reinserção na sociedade”.
Eugênio Martini, comerciante do centro de Vitória, também foi categórico ao afirmar: “Estamos reféns dessas pessoas”.
Ele diz que pessoas vêm do interior para o Centro. “Recebi, dia desses, um morador de Nova Venécia, que pediu marmita. Eles vão se juntar aos que já estão aqui e serão motivados a cometer pequenos furtos, como os de fios, para manter o vício”, lamentou.
CASOS DE VIOLÊNCIA
Ataque a universitárias
Recentemente, duas universitárias foram agredidas por um usuário, que estava armado com uma faca. O ataque foi na rua Umbuzeiro, perto de um ponto onde ele e outros viciados usam drogas, segundo contou o presidente da Associação de Moradores da Praia de Itapuã, Valdenilson Lima.
O ataque foi por volta das 20 horas, na rua Umbuzeiro. “Policiais foram chamados por populares e o acusado foi preso, evitando que uma tragédia pudesse acontecer”, contou o presidente da associação.
Golpe de estilete
Era segunda-feira, por volta das 11 horas, quando um gerente de hotel, de 40 anos, foi atingido com um golpe de estilete na cabeça após pedir para que um morador de rua não rasgasse a sacola de lixo do estabelecimento. O acusado foi preso.
Segundo a vítima, que levou 10 pontos, o suspeito foi flagrado pelas câmeras de segurança do hotel rasgando as sacolas.
Até equipamento de gás
Para manter o vício, usuários estão pegando até equipamentos de sistema de gás, como aconteceu em um prédio em Itapuã, Vila Velha, segundo o comerciante Bráulio Bernardino Alves Filho.
O presidente da associação de moradores do bairro, Valdenilson Lima, disse que uma reunião foi realizada na Secretaria de Estado da Segurança Pública, com a presença das polícias Militar, Civil e Guarda Municipal. “Novos encontros serão agendados para traçar ações para a situação”.
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