Samu já atendeu 114 vítimas de acidentes com bikes elétricas no ES este ano
Traumas mais comuns são fraturas nas extremidades do corpo, lesões na coluna vertebral e trauma cranioencefálico
 
	O Espírito Santo já contabiliza 114 acidentes envolvendo bicicletas elétricas este ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A maioria das ocorrências atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até agosto ocorreu na Grande Vitória, com Vila Velha tendo o maior número de acidentes.
Alguns pacientes ficaram tetraplégicos devido a sequelas de acidentes, conta o gestor clínico do Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), Adenilton Rampinelli. “Tivemos pacientes adolescentes que ficarão com essa sequela definitiva. Isso é assustador. Além disso, o custo de internação para traumas cranioencefálicos é absurdo”.
Acidentes com bicicletas elétricas costumam gerar traumas nas extremidades, especialmente nos punhos, antebraços, ombros, joelhos e tornozelos, explica o ortopedista Bernardo Terra.
“Também observamos lesões em ligamentos e luxações, principalmente de ombro. Em casos mais sérios, há traumatismos cranianos e fraturas de fêmur ou pelve”, disse.
Os principais fatores para esse tipo de acidente são alta velocidade, perda de controle da direção e, principalmente, ausência de capacete, aponta Jefferson Coelho, ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).
“Muitos condutores trafegam em calçadas ou na contramão, sem que pedestres ou motoristas consigam vê-los a tempo, o que resulta em atropelamentos e colisões. O peso da bateria e do motor também aumenta a energia do impacto e a gravidade dos traumas”, afirma.
Adultos jovens que utilizam a bicicleta elétrica para ir ao trabalho ou adolescentes em deslocamento escolar compõem o perfil recorrente de pacientes atendidos no Hospital São Lucas devido a esse tipo de acidente.
“São condutores adultos-jovens entre 18 a 29 anos e adolescentes entre 15 a 18 anos. Esse é o grande perfil que recebemos no São Lucas. E a grande maioria não usava capacete no momento do acidente”, disse Adenilton Rampinelli.
O ortopedista e cirurgião Nilo Neto conta que já tratou o próprio primo por causa de acidente com bicicleta elétrica, e que o parente correu risco de sequelas no pé.
“Ele estava trafegando na chuva, na orla de Jardim Camburi, em Vitória. Perdeu o equilíbrio e a bicicleta caiu por cima do pé. Ele precisou ficar afastado do trabalho, e correu risco de ter instabilidade para andar permanentemente. Felizmente agora ele está bem e sem sequelas”, contou.
VEJA CASOS
Estudante entubado
Um estudante de 15 anos sofreu recentemente um acidente em Jardim Camburi, Vitória, quando seguia para a escola de bicicleta elétrica. Ele colidiu com um veículo ao fazer uma curva.
Com lesões na coluna, o adolescente foi socorrido e levado para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), antigo São Lucas e, posteriormente, transferido para um hospital particular, onde está entubado.
Adolescente se recupera de coma
Bernard Costa, de 14 anos, se chocou contra um muro quando descia por uma ladeira em Colatina, Noroeste do Estado, há mais de 20 dias. O jovem estava sem capacete e precisou ser colocado em coma.
Para A Tribuna, Pedro Costa, pai do adolescente, disse na última semana que Bernard teria previsão de alta para esta semana, e já se comunicava por sinais. “Ele está movendo braços e pernas, e já nos acompanha com o olhar. Porém, ainda se alimenta via sonda e respira por traqueostomia (orifício no pescoço). Estamos muito satisfeitos com a evolução dele”, ressaltou.
 
	Idosa atropelada
Uma idosa de 82 anos foi atingida por uma bicicleta elétrica que trafegava na contramão, segundo testemunhas. O acidente aconteceu na Enseada do Suá, em Vitória. Com o impacto, a idosa caiu no chão e sofreu uma fratura no quadril.
A idosa, que tem problema renal crônico, precisou levar mais de 30 pontos na perna e passar por cirurgia. “Ela faz esse percurso toda semana, e agora vai enfrentar uma recuperação delicada”, relatou o genro dela.
SAIBA MAIS
Acidentes em 2025
• 114 ocorrências envolvendo acidentes com bicicletas elétricas foram registradas em todo o Estado até 13 de agosto deste ano.
• 97 desses acidentes foram registrados na Grande Vitória.
• 54 aconteceram em Vila Velha, 22 em Vitória, 12 na Serra, 5 em Guarapari e 4 em Cariacica.
Traumas mais comuns
• Fraturas nas extremidades (punhos, antebraços, ombros, joelhos e tornozelos.)
• Fraturas expostas.
• Lesões na coluna vertebral.
• Trauma cranioencefálico.
Sequelas
• Rigidez Muscular.
• Perda parcial ou completa de movimentos.
• Comprometimento neurológico.
• Paraplegia e até tetraplegia.
Mudanças na fiscalização
Em 1º de janeiro de 2026, donos de ciclomotores precisarão emplacar e registrar os veículos elétricos ou a combustão interna. As novas regras valem para:
• Motos elétricas de duas ou três rodas de até 4kW, velocidade máxima de 50 km/h e distância entre eixos maior que 1,30 metro.
• Motos de combustão interna com cilindrada máxima de até 50 cm e velocidade máxima de 50 km/h.
E as bikes elétricas?
Ficam de fora das exigências, desde que atinjam velocidade máxima de 32 km/h.
É obrigatório uso de equipamentos de segurança (campainha, sinalização noturna, indicador de velocidade e retrovisor no lado esquerdo).
Devem trafegar sempre na margem direita da pista de rolamento, caso não haja ciclovia ou acostamento.
6 km/h é a velocidade máxima permitida.
Fonte: Detran-ES, Contran e capitão Anthony Moraes Costa.
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