Advogada do ES atropelada vai usar osso da Finlândia e sonhar em voltar a correr
Karina Vaillant, de 27 anos, vai passar por cirurgia no próximo dia 26 para implantação de peça de vidro. Sonho da jovem é voltar a correr
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Oito meses após ser atropelada por um motorista bêbado enquanto treinava para participar de uma competição de atletismo e de ficar 40 dias no hospital e correr risco de morte, a advogada Karina Vaillant, 27 anos, vai colocar um osso de vidro no fêmur da perna direita produzido na Finlândia.
Feliz e ansiosa, ela diz que não vê a hora de voltar a correr. “Quase morri, mas penso em voltar a correr todos os dias”. Moradora de Cachoeiro de Itapemirim, Karina se diz esperançosa, apesar das novas limitações, porque, segundo ela, ainda sofre com as consequências do acidente, que aconteceu no dia 18 de dezembro de 2022.
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“Totalmente diferente da vida que eu levava antes. Eu era independente, ágil. Agora preciso da muleta e da ajuda de pessoas”.
Apesar disso, a advogada voltou a treinar em uma academia acompanhada de uma fisioterapeuta e, de acordo com ela, no próximo dia 26 passará por uma nova cirurgia em um hospital em Vitória para a retirada da haste no fêmur da perna direita e a implantação de um fixador de cimento ósseo com antibiótico.
O osso de vidro fabricado na Finlândia só será colocado nela daqui a dois meses. “Malho para poder me movimentar, me adaptar, né? Aos poucos tudo voltará ao normal. Os médicos falam em até seis meses para eu passar por todos os procedimentos e me recuperar. Estou com fé”.
Para custear os dois procedimentos, que custam mais de R$ 180 mil, a advogada contou com doações e agora sonha em voltar à ativa. “Tenho fé que isso vai se findar e eu vou conseguir retomar minha vida”.
A lista de lesões que Karina sofreu após o atropelamento é extensa e a levou a ficar cinco dias na UTI e mais de um mês no hospital. Ela teve traumatismo craniano, traumas na face, na clavícula e no 5º metatarso, perfuração do pulmão pela costela e fratura exposta no fêmur.
Agora, toma antibiótico duas vezes ao dia para tentar se livrar da bactéria que impede a calcificação do osso no fêmur, mas o efeito tem sido apenas paliativo. “Não mata e a deixa cada vez mais resistente”, explica.
ENTREVISTA | Karina Vaillant, advogada: “A vida tem dessas coisas”
A Tribuna – Quando acordou do coma, pensou que nunca mais iria andar?
Karina Vaillant – Sim, pensei. Mas minha família, amigos e a equipe médica me deram muitas esperanças. A vida tem dessas coisas, né?
Você disse que contraiu uma bactéria super-resistente. Isso pode atrapalhar sua recuperação?
Hoje eu tenho osteomielite, uma bactéria que peguei no osso. Com essa bactéria, a gente se transforma às vezes meio que como uma bomba. Você nunca sabe o que essa bactéria pode vir a causar de um dia para o outro. O ‘osso de vidro’ atua na regeneração óssea e no combate à bactéria, que é tudo que preciso.
O tratamento com o osso de vidro não é oferecido pelo SUS e você conseguiu o dinheiro para o tratamento após uma “vaquinha”. Como você vê essa rede de solidariedade?
Se hoje eu tenho a condição de dar um novo passo na minha vida, de buscar novas alternativas e de ter esperança de voltar a andar e correr, eu tenho que agradecer a todos por terem a caridade de doar. Então, todos sintam-se abraçados e a minha gratidão.
Motorista que atropelou jovem foi flagrado no bafômetro
Após atropelar a advogada Karina Vaillant, o condutor do carro, Gilmar Almeida dos Anjos, de 46 anos, foi encontrado em outro local, dormindo dentro do veículo. Ele não tinha Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e estava há mais de 30 dias com o licenciamento vencido, de acordo com a Polícia Militar (PM).
Após isso, o homem foi encaminhado pelos militares à Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim, onde foi submetido ao teste de alcoolemia, que teve resultado de 0,78 mg/l – constatando que ele havia ingerido bebida alcoólica.
A Polícia Civil informou que ele foi autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e encaminhado ao presídio do município, onde cumpre pena atualmente.
Segundo registro da PM, o atropelamento aconteceu às 4h45. No momento do acidente, Karina estava com um grupo de atletas em um treinamento de corrida rústica e o grupo seguiria até o município de Marataízes.
Testemunhas relataram aos policiais militares que o motorista trafegava pela contramão e, após o atropelamento, não parou e fugiu sem prestar socorro à vítima.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorreu a advogada, levando-a para o Hospital Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, onde ficou internada em estado grave por 40 dias. Nas redes sociais, amigos e familiares da jovem pediram por doações de sangue em nome da advogada.
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