Professores explicam como é o cálculo da nota do Enem
Exame utiliza uma metodologia diferente para calcular a pontuação, chamada de Teoria de Resposta ao Item (TRI)
Escute essa reportagem
Após realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes de todo o Brasil ficam apreensivos, tentando adivinhar a nota de acordo com o número de acertos, mas a matemática por trás da equação não é tão simples assim.
O coordenador da 3ª série do ensino médio do Colégio Salesiano Jardim Camburi, Leonardo Gama, explica que o exame utiliza uma metodologia diferente para calcular a nota do participante, chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI).
“Esse sistema proporciona uma situação mais justa em relação ao acerto das questões. Na prática, leva em consideração o nível da dificuldade delas. Em uma prova de 180 questões, algumas são consideradas fáceis, outras médias e outras difíceis”.
Leonardo esclarece que por meio dessa dificuldade é que a média final será definida.
“De acordo com esse sistema, mesmo que dois vestibulandos tenham feito o mesmo número de acertos, dificilmente as notas serão as mesmas. Isso se deve ao peso das questões, que varia entre as consideradas fáceis, médias e difíceis”.
Aurélia Pedroni, professora do Colégio Sagrado Coração de Maria, em Vitória, ressalta que a relação entre o número de acertos entre questões fáceis e difíceis também interfere na nota final.
“Se, por exemplo, em uma prova de 45 questões, o participante tenha conseguido 30 acertos e, desses, a maioria for do nível difícil, ou seja, em um cenário onde ele tenha acertado as difíceis e errado as fáceis, a nota cairá”.
Ela explica que, de acordo com o sistema, a metodologia consegue identificar o participante que “chuta” a resposta. “O natural seria o aluno acertar mais questões fáceis em relação às difíceis”.
Marcos Cardoso, professor de Química e diretor do Darwin Vitória e Vila Velha, faz uma analogia para explicar o fato.
“É como se tivéssemos dois muros, por exemplo, um de cinco metros de outro de um metro. Quem consegue pular o de cinco metros logicamente consegue pular o de um metro. É mais ou menos isso. Se o participante consegue pular o muro de cinco metros e não o de um metro, alguma coisa está errada, e o sistema identifica isso”.
SAIBA MAIS
> Teoria de Resposta ao Item (TRI) no Enem
- É uma metodologia de correção utilizada no Enem.
- De acordo com ela, as questões da prova possuem níveis de dificuldade diferentes, logo possuem pesos diferentes que impactam na nota final do participante.
- Na prova do Enem, de 180 questões, uma parte maior delas é reservada para as de nível fácil em comparação às de níveis médio e difícil.
- A relação entre acertos e erros de questões fáceis e difíceis também influencia na nota final, ao passo que o natural seria o participante ter mais acertos entre as questões consideradas fáceis do que entre as difíceis.
- O sistema seria mais justo e identificaria possíveis acertos por conta de possíveis “chutes”.
> Cálculo utilizado em outras provas
- A Teoria de Resposta ao Item (TRI) já é utilizada há muito tempo em provas globais, como por exemplo em uma das provas que a ONU faz para testar a proeficiência dos alunos.
- Ela é usada ainda em uma prova nos Estados Unidos, na Scholastic Assessment Test (STA).
- Aqui no Brasil, além do Enem, também é utilizada no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
- Embora as perguntas sejam classificadas de acordo com o nível de dificuldade, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não revela quanto vale cada questão do Enem, porque elas têm pesos diferentes conforme o desempenho de cada aluno.
> Cronograma do Enem
- O gabarito foi divulgado ontem pelo Inep.
- Já a solicitação da reaplicação do Enem deverá ser feita na Página do Participante até sexta-feira.
- O resultado nas provas será disponibilizado em 16 de janeiro de 2024, na Página do Participante.
Comentários