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Cidades

População está mais ansiosa e 500 mil recorrem a remédios

Brasil é o país com maior proporção de pessoas ansiosas no mundo: 9,3% da população, segundo estimativa da OMS


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Imagem ilustrativa da imagem População está mais ansiosa e 500 mil recorrem a remédios
Remédios: 500 mil no ES recorrem a medicação por conta da ansiedade |  Foto: Freepik

Em um retrato dos impactos de problemas emocionais que vêm se desenhando nos últimos anos, o Brasil é o país com maior proporção de pessoas ansiosas no mundo: 9,3% da população, segundo  estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em paralelo, uma pesquisa divulgada na sexta-feira (04) apontou que 16,6% da população usa algum tipo de medicação para problemas emocionais. No Espírito Santo, isso representa cerca de 500 mil pessoas, considerando a população adulta.    

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A nova pesquisa se propõe a mapear a saúde mental da população brasileira e atualizar a cada semestre os ganhos e perdas relativos ao tema no País. 

O monitoramento será feito a partir do Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), criado pelo Instituto Cactus, entidade filantrópica ligada à promoção do bem-estar psíquico, junto à AtlasIntel, empresa especializada em pesquisas e dados.

A pesquisa aponta um dado  distante do número de pessoas que tomam alguma medicação: só 5,1% dos brasileiros fazem tratamento com psicoterapia.  A maioria é composta por   jovens, estudantes, brancos, mulheres, com renda mais alta e maior escolaridade. 

Além da psicoterapia e dos medicamentos, a pesquisa revela que 11,9% dos brasileiros realizam tratamentos alternativos, como meditação, ioga e fitoterapia – mais que o dobro daqueles que aderem à psicoterapia.

A  coordenadora de projetos no Instituto Cactus, Mariana Rae, explicou que, a partir dos dados divulgados, de uso de medicações e  de acesso a serviços, pode-se pensar na necessidade de se investir em políticas públicas voltadas para a  saúde mental. 

“Precisamos fortalecer o debate, centralizar a saúde mental e  o acesso a formas de prevenção”.

Medicação

Quanto ao uso de medicações, o  médico psiquiatra Jovino Araujo afirmou que os medicamentos psiquiátricos possuem regulamentação para serem prescritos, pois são controlados. 

Porém, ele alertou  para que ninguém use  por conta própria medicamentos controlados.

 “O ideal é que a prescrição seja sempre feita pelo especialista, que sabe precisar a indicação, a dosagem e os ajustes necessários”.

A médica psiquiatra Letícia Mameri-Trés demonstrou a preocupação com medicações conhecidas como tarja preta, que causam dependência,  não tratam, mas atuam  como paliativos para dormir ou para crises. 

“A chance das doenças psiquiátricas se tornarem  crônicas sem o tratamento correto é grande”.

“Sei que não estou sozinha nessa”

Imagem ilustrativa da imagem População está mais ansiosa e 500 mil recorrem a remédios
Brenda Brum Pimentel começou terapia para superar trauma |  Foto: Heytor Gonçalves/AT

A microempreendedora Brenda Brum Pimentel, de 24 anos, começou a terapia para superar um trauma de infância há dois anos e conta que isso salvou a vida dela. 

 Ela afirma que demorou a procurar ajuda profissional porque tinha vergonha de buscar terapia. 

“Achava que só quem precisava de ajuda com psicólogo e psiquiatra era maluco. Mas isso acabou me prejudicando muito em todas as áreas da minha vida. Hoje, faço uso de medicamentos, tenho laudo de transtorno de ansiedade e não acho que estou sozinha nessa. Vivemos no século da ansiedade e todo mundo precisa de ajuda psicológica, não deve ser vergonha. Hoje melhorei muito e me destravei em várias áreas da minha vida. Tenho mais produtividade!”.

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Pesquisa

O Instituto Cactus, entidade filantrópica e de direitos humanos e promoção de saúde mental, e  a empresa  especializada em inteligência de dados AtlasIntel desenvolveram o Panorama da Saúde Mental, que tem o objetivo de monitorar a saúde mental dos brasileiros. 

O resultado desse monitoramento é traduzido pelo índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), divulgado ontem e feito  a partir de entrevistas on-line com 2.248 brasileiros acima de 16 anos, de 746 cidades de todas as regiões do País.

Resultados 

1 - Está fazendo psicoterapia?

Sim 5,1%

Não 94,9%

Tempo

Entre os que fazem, 56,9% estão fazendo a psicoterapia há mais de um ano.

Perfil

Mais jovens, estudantes, brancos, mulheres e pessoas com renda mais alta e maior escolaridade  são os grupos que mais fazem terapia.

2 - Consultou algum psicólogo ou psiquiatra nos últimos 12 meses?

Sim19,1% 

Não  80,9%

Frequência

A maior parte dos que buscaram atendimento foi de uma a duas vezes ao consultório em um ano (64,4%)

3 - Está tomando alguma medicação de uso contínuo para problemas emocionais, comportamentais ou relacionados ao uso de substâncias?

Sim16,6%

Não 83,4%

Uso contínuo

77,7% das pessoas que usam medicamento tomam há mais de um ano

4 - Acesso a serviços de saúde mental:

62,5% não usam

20,9% usam serviços privados

16,6% usam serviços públicos

5 - Fazem uso de terapias alternativas para cuidar da saúde?

Sim11,9%

Não88,1%

Fonte: Panorama de Saúde Mental.

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