Empresário Getulio Azevedo: “Comecei na garagem e hoje tenho 11 lojas”
Ele conta sua trajetória no ramo das óticas desde quando começou, aos 16 anos, como “faz-tudo”
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“Ao olhar o que vivi ao longo dos 75 anos, posso dizer que vi o comércio mudar para acompanhar as transformações sociais.
Comecei em uma garagem e hoje tenho 11 lojas das Óticas Paris, além de um e-commerce. De ‘faz-tudo’ em uma ótica, aos 16 anos, me tornei referência nacional no setor.
Quando criança, lá no interior de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, eu não imaginava o que construiria para a vida. Meu pai tinha uma olaria e, desde cedo, eu trabalhava com ele.
Ele, contudo, nunca teve vocação para a agricultura. Em um certo momento, vendemos o que tínhamos na roça e fomos para a cidade, onde ele abriu um armazém. Foi, então, que consegui o primeiro emprego em uma ótica.
Na época, aos 16 anos, a ótica era um ambiente completamente novo para mim. Eu fazia de tudo um pouco, como limpar o chão, atender e fazer entregas.
Sempre tive a habilidade, por outro lado, de enxergar os negócios em 360 graus. Eu não sabia a trajetória, mas descobri que o meu sonho era ter a minha própria ótica.
Início da trajetória
Minha trajetória começou cedo, trabalhando na ótica. Aos 18 anos, me mudei para o Rio de Janeiro, onde servi ao Exército. Lá, eu enxerguei a oportunidade de continuar no ramo em que eu havia me apaixonado e comecei a vender óculos para os amigos. Foi um sucesso, fiz uma clientela fiel. Eu já tinha a vocação e, então, busquei cursos para me profissionalizar.
Abrir uma ótica, naquela época, exigia um técnico em óptica, alto investimento em equipamentos e cumprimento de uma série de exigências legais. Eu aliei o trabalho em uma grande empresa ao pensamento de longo prazo. Certa vez, ao conhecer Vitória, não tive dúvidas: eu iniciaria o meu empreendimento aqui!
Abri a ótica em 1979, em uma garagem no centro de Vitória. Naquela época, o Centro era o coração da capital e todos sonhavam em ter um negócio lá.
Eu criei uma vitrine e fiz uma loja pequena, mas muito bem feita. Em três anos, me tornei líder de mercado. Com seis anos de negócio, eu já tinha sete lojas no Estado.
Transformações
Nos 45 anos de história, acompanhei todas as grandes transformações do comércio, sempre fiel à essência das Óticas Paris, mas com a adaptabilidade para os novos tempos. Eu vivi, por exemplo, a transição do comércio para a orla de Vitória, com o crescimento da Praia do Canto, de Jardim da Penha e de Jardim Camburi.
Ser empreendedor exige assumir riscos e ter uma visão expandida sobre as mudanças sociais. Quando comecei, não havia nem shopping em Vitória.
Hoje, grande parte da nossa receita é do e-commerce. Essa, talvez, tenha sido a maior transformação no comércio, principalmente de 2010 até os dias atuais, com destaque para a pandemia.
Ao fazer essa retrospectiva aos anos 70, 80 e 90, posso ver como Vitória cresceu, construiu uma nova dinâmica geográfica de comércio e ganhou mais visibilidade regional.
Outras cidades, como Serra, Vila Velha, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares também acompanharam esse crescimento urbano.
Abrir uma ótica exigia um maquinário que, hoje, é impensável para as novas gerações. A tecnologia facilitou o nosso dia a dia e potencializou os negócios.
Sempre estivemos adequados a cada temporalidade do comércio, e, hoje, temos um dos laboratórios mais modernos para o tratamento de alta qualidade das lentes.
Empreendedorismo
Ser empreendedor sempre exigiu obstinação, visão expandida de negócios e esforço, mas, hoje, eu diria para os jovens que a adaptabilidade é a chave para o êxito profissional.
Sonhem e sejam obstinados: nem tudo é a curto prazo, mas quando tentamos, erramos e acertamos, construímos experiência e conhecimento para empreender”.
- Depoimento ao repórter Jonathas Gomes.
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